RIO DE JANEIRO, Brasil, 26 de outubro de 2020 /PRNewswire/ -- Com o retorno das atividades em diversos setores após o período de isolamento social, o que mais preocupa é ainda o amplo debate sobre as conseqüências da pandemia de COVID-19 para a educação. E quando falamos de educação devemos considerar todo ecossistema educacional que inclui, não somente as instituições de ensino (escolas e universidades), funcionários, alunos (corpos docentes e discentes das escolas e universidades), além de instituições de ensino regulares, técnicas e outros cursos extracurriculares, mas também outros profissionais intimamente ligados ao setor, como fornecedores de alimentos e serviços, transportadores escolares, serviço de limpeza e mantenedores que também atendem o setor.
O isolamento criou, pela necessidade, adaptações de novos hábitos e comportamentos em tudo e em todo o mundo, inclusive nas instituições de ensino, que estão revendo uma série de processos, estruturas e metodologias. Lidar com a imprevisibilidade exigiu um aprendizado instantâneo e emergencial, e um trabalho muito mais alinhado fazendo com que, mesmo distantes, a união de esforços em prol de um bem maior fosse adotada. Houve uma mobilização global para aportar recursos e conhecimentos especializados em tecnologia, conectividade, inovação e criatividade a favor da educação, mas ainda, apesar disso, pesquisas apontam uma série de questões que podem agravar o aprendizado e o aumento das desigualdades no médio e longo prazo, pois nada do que foi adotado não foi planejado, não houve transição para esse novo modelo, então certamente haverá perdas.
Uma questão primordial a se pontuar envolve as limitações pedagógicas e tecnológicas que dificultam e impedem o desenvolvimento de atividades de educação à distância em nosso país, outra é a desigualdade gritante entre o ensino do sistema público e privado — e a própria distância social entre as famílias dos estudantes. Enquanto alunos de escolas particulares aprendem por meio de diversos recursos e estratégias combinadas, como vídeo ao vivo ou gravado, envio de tarefas, mentoria e sessões em grupos menores para tirar dúvidas, muitos estudantes das escolas públicas sequer têm acesso à internet. É importante verificar que a falta de uma política de acesso à internet mais igualitária no Brasil começa a dar claros sinais de alerta.
A crise do coronavírus terá efeitos perenes sobre a forma de aprender e ensinar, vale lembrar que nem todos os municípios brasileiros possuem estrutura de tecnologia para ofertar ensino remoto e nem todos os professores têm a formação adequada para dar aulas virtuais. Outra realidade que complica a adesão de alunos às aulas on-line são os softwares utilizados para esse fim, que, em sua grande maioria, são desenvolvidos para funcionar em computadores — ambiente acessado atualmente por apenas 57% da população brasileira, segundo o IBGE. Muitas crianças da geração Z nunca ligaram um computador e 97% dos brasileiros acessam a internet pelo celular. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apenas 42% das classes "D" e "E" estão conectadas, sendo que mais de 70% dos usuários encontram-se nas áreas urbanas, processo que é agravado pela precariedade ou inexistência de internet em uma parcela significativa dos lares onde residem muitos estudantes.
Para Wilson Borges Pereira IV, empresário carioca, "a crise do coronavírus deixa impactos irreversíveis e ainda não dimensionáveis na educação, que já é conflitante em nosso país há muitos anos. neste momento e daqui para adiante medidas que atenuem a situação dos estudantes em todas as instâncias são necessárias, pois dessa forma, isso poderia vir a aumentar a desigualdade no nosso país. As crises trazem aprendizados aos que estão abertos e preparados. Espero, sinceramente, que depois dessa pandemia a educação volte melhor e mais forte".
No ensino superior a educação presencial, é insubstituível quando o professor pode trabalhar com um número pequeno de alunos, mas quando se trata de grandes turmas, a educação mediada por tecnologia pode ser mais eficaz do que o método tradicional. O problema da desigualdade no ensino superior já existia, mas a flexibilidade e o acesso a recursos pedagógicos de qualidade podem contribuir para reduzir as desvantagens de quem mora longe, precisa trabalhar ou aquele que não conseguiu entrar numa 'universidade de prestígio', lembrando que tecnologias permitem o compartilhamento de cursos, professores e materiais pedagógicos, com custo reduzido, mantendo a qualidade.
Os professores estão descobrindo que podem usar recursos pedagógicos que tornam suas aulas mais interessantes e a interação com os estudantes pode ser mais facilitada. Os estudantes têm mais flexibilidade para organizar seu tempo e não precisam se deslocar para as universidades simplesmente para assistir às aulas. E os currículos tradicionais, organizados como linhas de montagem, podem ser substituídos por seqüências flexíveis de estudo adaptadas a cada estudante.
Antes da pandemia, o ensino superior brasileiro já estava com dificuldades crescentes. As universidades públicas tinham problemas sérios de financiamento, que deverão tornar-se mais graves, e muitas das instituições privadas estavam se tornando insolventes. E 30% a 40% dos estudantes, nas faculdades públicas e privadas, abandonavam os cursos antes de terminar; metade dos formados trabalhava em atividades que não requeriam formação superior. A pesquisa científica e a pós-graduação haviam crescido muito, mas os cursos de alto nível e as publicações científicas de alta qualidade estavam concentrados em poucas instituições públicas, com as demais tendo os custos, mas não os resultados de manter todo o professorado em tempo integral. O sistema de avaliação, caro e obsoleto, não informava à sociedade quais eram os bons cursos, nem o destino de seus formados, nem se estão adquirindo as competências requeridas pela economia digital do século 21.
Fonte: Wilson Borges Pereira IV, com dados do IPEA e IBGE
FONTE Wilson Borges Pereira IV
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