Apropriação cultural é um conceito da antropologia que significa o uso de elementos de uma cultura minoritária por outra dominante e que podem ser: símbolos, costumes, vestimentas, objetos, comportamentos, hábitos, expressões artísticas, etc.
Assim, a apropriação cultural acontece no momento em que um indivíduo (ou um grupo) adota elementos de uma cultura diferente, se apropriando deles e lhes oferecendo um novo significado. Aqui, vale lembrar que o termo “apropriar” significa “tornar para si”.
Muitas questões culturais estão ancoradas nas relações de poder que foram se desenvolvendo ao longo da história do mundo e prevalecem (ainda que veladas) até hoje. Ou seja, as relações existentes que se perpetuam (e ainda continuam se perpetuando) acontecem entre uma cultura oprimida ou dominada e outra opressora ou dominante.
Diversos exemplos de apropriação cultural determinam formas de identidade e resistência de muitas culturas.
Turbantes: na cultura africana, o turbante é tido como símbolo de luta, de resistência e de afirmação cultural e possui um significado religioso na cultura afro-brasileira. Vale ressaltar que muitos povos asiáticos também utilizam o turbante como elemento cultural, por exemplo, nos países do Oriente. De maneira geral, nesses locais, o turbante está diretamente relacionado com o universo religioso.
Tranças afro: de origem africana, as tranças na cultura desses povos podem estar relacionadas com a classe social, religião, ritos de passagem, fases da vida, etc. Note que elas foram utilizadas por diversos povos, inclusive da antiguidade, no entanto, para a cultura africana é também considerada uma forma de resistência feminina.
Dreads (dreadlock): oriundo de povos da antiguidade, os dreads foram disseminados pelo movimento rastafári, o qual teve origem na Jamaica. Trata-se de um penteado utilizado por muitos grupos culturais e que está relacionado com motivos religiosos.
Num país multicultural como o Brasil, o tema da apropriação cultural é bem recorrente. Um exemplo é o funk carioca, ritmo musical que se popularizou nas favelas e nos subúrbios do Rio de Janeiro.
Originalmente, ele possuía um caráter negativo, porém, com o tempo, passou a ser tocado em diversos locais, ganhando espaço e visibilidade de todos, independente da classe social.
Atualmente, diversos cantores de funk se apropriaram do ritmo oriundo de povos marginalizados e, com isso, essa expressão cultural passou a ter mais aceitação da sociedade.
Um das consequências mais marcantes da apropriação cultural é a descaracterização de algum elemento de determinada cultura. Quando se retira algo do seu contexto cultural e atribui-lhe outro(s) significado(s), esse elemento perde o seu valor original, esvaziando o seu sentido genuíno.
Na indústria da moda esse tipo de apropriação é recorrente. Ela ocorre quando algum elemento de uma cultura minoritária é transformado num produto de consumo lucrativo, o qual passa a ser visto positivamente como algo “exótico”, “diferente”, “estiloso” ou “fashion”.
Por outro lado, quando o mesmo elemento é utilizado pela cultura dominada, ou seja, a qual pertence aquele elemento/símbolo, ele não recebe esse valor positivo.
Um exemplo disso é o uso de acessórios ou vestimentas de origem africana chamadas pela indústria da moda de “étnicas”.
Na maioria das vezes, modelos de diferentes etnias desfilam com vestimentas ou penteados de outras culturas e, assim, excluem-se os próprios indivíduos pertencentes àquela cultura e que produzem aqueles elementos.
No desfile do estilista Marc Jacobs, acusado de apropriação cultural, modelos brancas desfilam com dreadsDentro da lógica do sistema capitalista e da sociedade de consumo isso acontece muitas vezes e, sem dúvida, a globalização tem sido um fator determinante para que exemplos de apropriação cultural aumentem cada vez mais.
Em resumo, podemos citar alguns pontos negativos associados a esse tema, tais como:
Ainda que não exista uma lei específica que assegure as ações diretamente relacionadas com a apropriação cultural, ela está associada a outros conceitos como discriminação e racismo.
Entenda mais sobre o racismo.
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