Arte Africana: a riqueza cultural desse grande continente

October 2019 0 7K Report
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    Laura Aidar Professora de Artes

    Compreende-se por arte africana a totalidade de expressões artísticas presentes no continente africano, sobretudo na região subsaariana.

    A África é grandiosa, tanto em termos geográficos, como em diversidade cultural, pois são muitos países que a compõe. Dessa forma, suas populações possuem particularidades e costumes diferentes, o que, obviamente, se reflete na arte produzida por elas.

    De qualquer maneira, existem algumas características que se mantém nas manifestações artísticas desses povos.

    Arte africana na história

    Podemos dizer que os africanos conseguiram produzir uma arte bastante livre, mas ainda assim preservando o rigor que suas tradições exigiam em busca de um entendimento da espiritualidade e ancestralidade.

    A história da arte africana originou-se no período pré-histórico, quando a humanidade ainda não havia inventado a escrita.

    Suas esculturas mais antigas encontradas, datam de 500 a.C., e foram produzidas pela cultura Nok, na região onde hoje se localiza a Nigéria.

    Escultura em terracota da cultura Nok, na atual Nigéria

    Na África subsaariana, o povo Igbo Ukwu realizou belos trabalhos em metais, principalmente bronze, além de utilizar a terracota, marfim e pedras preciosas.

    Mas o material mais utilizado pelos povos africanos certamente foi a madeira, com a qual produziram máscaras e esculturas.

    Infelizmente, grande parte dessas peças se perdeu, devido às intempéries climáticas e também por conta da intolerância religiosa por parte dos muçulmanos e cristãos, que entraram em contato com essas civilizações e destruíram parte de seus acervos culturais.

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    Máscaras africanas

    As máscaras são recorrentes na maior parte dos povos da África.

    Nas várias culturas que lá existem, elas fazem parte do universo artístico e expressivo, além de serem fortes elementos de conexão entre os seres humanos e o mundo espiritual.

    Máscaras do povo Dogon (Mali)

    Elas foram e são produzidas, na maior parte das vezes, como instrumento de rituais, de maneira que se tornam também disfarces, representações de deuses, de forças da natureza, antepassados e de seres de outro mundo, além de animais.

    Outra ponto importante é o fato de essas peças serem criações de uma pessoa especial na comunidade. Lá, os artistas têm a responsabilidade de produzir máscaras que representem toda a coletividade, e não apenas os anseios e inspirações individuais, como no Ocidente.

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    A influência da África na arte moderna

    No final do século XIX e início do século XX, novas bases para a arte ocidental estavam sendo criadas, foram as chamadas vanguardas europeias.

    Alguns artistas se depararam nesse período com a arte produzida pelos povos africanos e ficaram impactados, incorporando assim elementos afros em suas produções.

    O artista que usou a arte africana mais intensamente foi o espanhol Pablo Picasso. Esse pintor incluiu referências diretas dessa arte em suas obras, sobretudo de máscaras tribais.

    À esquerda, autorretrato de Picasso, produzido durante sua "fase africana", que vai de 1907 a 1909. À direita, máscara tribal africana

    Picasso foi um dos responsáveis pela criação do movimento cubista, que fragmentava as figuras, trazendo uma nova maneira de enxergar o mundo e representá-lo.

    Mas antes da fase cubista, o pintor esteve mergulhado em inspirações da arte da África e produziu muitas obras com alusões africanas, o que o auxiliou a chegar às bases do cubismo.

    Certamente, o que impressionou os europeus foi a liberdade, imaginação e capacidade dos povos africanos de relacionar o universo profano com o sagrado, o que foi ao encontro dos interesses dos modernistas.

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    Arte africana em museus europeus

    Em 2018, foi elaborado um documento que propõe que os museus franceses deverão devolver o acervo artístico e cultural dos povos africanos para seu continente de origem.

    Escultura produzida no século XVI pelo povo de Benin (sul da Nigéria), que exibe um homem europeu empunhando uma arma

    Isso porque, a maior parte das peças de arte africanas encontra-se em museus na Europa, pois foram levadas da África pelos povos colonizadores.

    Estipula-se um período de cinco anos para que esse patrimônio volte aos seus países de forma temporária ou permanente.

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    Arte africana contemporânea

    Quando falamos em "arte africana" normalmente pensamos na história da arte africana e nos artefatos produzidos pelas comunidades tribais há muitos anos.

    Entretanto, assim como no resto do mundo, a África continua produzindo arte e possui também artistas contemporâneos com produções que trazem enorme contribuição para o mundo atual.

    Autorretratos da artista Zanele Muholi, da África do Sul, feitos por volta de 2012

    Alguns nomes de destaque, suas nacionalidades e linguagens artísticas, são:

    • Zanele Muholi (África do Sul) - fotografia
    • Bili Bidjocka (Camarões) - instalações e vídeo
    • George Osodi (Nigéria) - fotografia
    • Kader Attia (Argélia) - fotografia e outros meios
    • Kudzanai Chiurai (Zimbábue) - fotografia, audiovisual e pintura
    • Kemang Wa Lehulere (África do Sul) - várias linguagens
    • Guy Tillim (África do Sul) - fotografia, documentário
    • Tracey Rose (África do Sul) - performance, fotografia
    • Aïda Muluneh (Etiópia) - fotografia

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    Referências Bibliográficas

    Arte Africana. Edições Sesc São Paulo e Imprensa Oficial. 2017.

    África em artes. Acervo Museu Afro Brasil. 2015

    Laura Aidar Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2007. Formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design de São Paulo (2010).

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