Casimiro de Abreu

Casimiro de Abreu foi um dos maiores poetas da segunda geração romântica do Brasil. Esse período esteve marcado pelos temas relacionados com o amor, decepções e medo.

Viveu e escreveu pouco, no entanto, mostrou em suas poesias um lirismo ingênuo de adolescente, representado por ele mesmo em seu único livro “As Primaveras”.

Biografia

Casimiro José Marques de Abreu, nasceu na Barra de São João, no Estado do Rio de Janeiro, no dia 4 de janeiro de 1839. Com apenas 13 anos, enviado pelo pai, vai para a cidade do Rio de Janeiro, trabalhar no comércio.

Em novembro de 1853 viaja para Portugal, com o intuito de completar a prática comercial e nesse período inicia sua carreira literária. No dia 18 de janeiro de 1856 sua peça Camões e o Jaú é encenada em Lisboa.

Casimiro de Abreu volta ao Brasil em julho de 1857 e continua trabalhando no comércio. Conhece vários intelectuais e faz amizade com Machado de Assis, ambos com 18 anos de idade. Em 1859 publica seu único livro de poemas “As Primaveras”.

No início de 1860, Casimiro de Abreu fica noivo de Joaquina Alvarenga Silva Peixoto. Com vida boêmia, contrai tuberculose.

Vai para Nova Friburgo tentar a cura da doença, mas no dia 18 de outubro de 1860, não resiste e morre, aos 21 anos de idade.

Principais Obras

Casimiro morreu muito jovem e, portanto, publicou somente uma obra de poesias intitulada As Primaveras (1859). De seus poemas destacam-se:

  • Meus oito anos
  • Saudades
  • Minh'alma é triste
  • Amor e Medo
  • Desejo
  • Dores
  • Berço e Túmulo
  • Infância
  • A Valsa
  • Perdão
  • Poesia e Amor
  • Segredos
  • Última Folha

Poemas

Confira abaixo alguns trechos dos melhores poemas de Casimiro de Abreu:

Meus Oito Anos

Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonho, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias Do despontar da existência! — Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é — lago sereno, O céu — um manto azulado, O mundo — um sonho dourado, A vida — um hino d'amor!

Que aurora, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d'estrelas, A terra de aromas cheia As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância! Oh! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minhã irmã!

Livre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, Da camisa aberta o peito, — Pés descalços, braços nus — Correndo pelas campinas A roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo. Adormecia sorrindo E despertava a cantar!

Minh'alma é triste

Minh'alma é triste como a rola aflita Que o bosque acorda desde o alvor da aurora, E em doce arrulo que o soluço imita O morto esposo gemedora chora.

E, como a rôla que perdeu o esposo, Minh'alma chora as ilusões perdidas, E no seu livro de fanado gozo Relê as folhas que já foram lidas.

E como notas de chorosa endeixa Seu pobre canto com a dor desmaia, E seus gemidos são iguais à queixa Que a vaga solta quando beija a praia.

Como a criança que banhada em prantos Procura o brinco que levou-lhe o rio, Minha'alma quer ressuscitar nos cantos Um só dos lírios que murchou o estio.

Dizem que há, gozos nas mundanas galas, Mas eu não sei em que o prazer consiste. — Ou só no campo, ou no rumor das salas, Não sei porque — mas a minh'alma é triste!

Canção do exílio

Se eu tenho de morrer na flor dos anos Meu Deus! não seja já; Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, Cantar o sabiá!

Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro Respirando este ar; Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo Os gozos do meu lar!

O país estrangeiro mais belezas Do que a pátria não tem; E este mundo não vale um só dos beijos Tão doces duma mãe!

Dá-me os sítios gentis onde eu brincava Lá na quadra infantil; Dá que eu veja uma vez o céu da pátria, O céu do meu Brasil!

Leia mais sobre o movimento romântico no Brasil:

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  • A Linguagem do Romantismo
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Daniela DianaLicenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.
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