A cultura inca é o resultado da fusão dos costumes de várias civilizações andinas.
Vários povos se fixaram num território entre a cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico e se mantiveram isolados devido às condições geográficas.
Contudo haviam domesticado o algodão, utilizavam a cerâmica, bem como a lã da alpaca e da vicunha. Igualmente, seu alimento sagrado era o milho e estima-se que havia cerca de 200 espécies distintas.
Quanto aos metais, empregavam o ouro, a prata e o cobre em seus adornos e objetos sagrados.
A mais antiga civilização existente nos Andes centrais é a Caral (3000 e 1800 a. C.) contemporânea de povos como os egípcios, indianos ou chineses.
Ali também se desenvolveram os Mochicas, Chavín, Nazca, Inca, Lambayeque-Chimu, Paracas, entre tantos outros.
A religião inca era politeísta e aos deuses eram dedicados sacrifícios, festas e templos. Como todas as sociedades agrícolas, seus mitos, a maneira de contar o tempo e de se relacionar com o mundo estavam baseados na natureza.
Por isso, assim como os animais e as plantas, o ser humano cumpria o ciclo vital: nascer, crescer, reproduzir e morrer.
Para o povo inca existiam três mundos que eram independentes, mas se comunicavam:
Hanan Pacha (mundo de cima): onde está a informação para a agricultura através das estrelas, nuvens, sol e ventos. As aves e as águas da chuva faziam a comunicação entre os demais mundos.
Kai Pacha (mundo do meio): ali viviam os seres humanos e os animais e era o espaço onde acontecia a vida através da união dos líquidos. Exemplo: a água da chuva vinha do mundo de cima e fertilizava a terra, que proporcionaria o alimento. Os grandes felinos, como o puma, são os símbolos deste mundo.
Uku Pacha (mundo subterrâneo): onde brota a vida vegetal e onde a vida animal volta a nascer. A terra é o lugar onde germinam as sementes, mas é a última morada dos seres humanos e animais. A serpente é o bicho que representa Uku Pacha.
Os mundos também se comunicavam através de fluidos como a chicha (bebida fermentada feita de milho), água e sangue.
A concepção de mundo da civilização inca se baseava na dualidade: noite/dia, homem/mulher, úmido/seco. Embora opostos, estes elementos se complementavam e esta dualidade é o que faz movimentar o mundo.
Os incas realizavam sacríficos humanos e de animais a fim de conseguir boas colheitas e manter o equilíbrio entre os mundos.
As grandes cerimônias religiosas se iniciavam com um combate cujo objetivo era retirar a cobertura da cabeça do adversário. As vítimas eram despidas e levadas em procissão.
Durante a cerimônia, o sangue dos guerreiros capturados era oferecido aos grandes deuses em copos especialmente preparados para este fim.
Para os incas, não havia distinção clara entre o mundo dos mortos e o mundo dos vivos.
Por isso, como em outras culturas da Antiguidade, era costume enterrar os mortos com objetos que seriam úteis nesta viagem.
O corpo era colocado em posição fetal e envolvido com um tecido em espiral indicando que ele estava retornando para a terra e tornando-se uma semente que germinaria.
Da mesma forma, as múmias ancestrais incas eram desenterradas e participavam das reuniões mais importantes da comunidade sentadas junto aos mais velhos.
Os incas conseguiram dominar tantos povos graças à sua habilidade militar e política.
Um dos princípios era o da reciprocidade: os incas exigiam tributos e trabalho compulsório nas obras públicas, mas davam terras para o cultivo de acordo com o tamanho da família.
O sistema ético baseava-se na honradez, no trabalho e na lealdade ao ancestral, resumidos em três princípios:
O casamento era muito importante, pois significava o início de uma nova vida. Somente o Inca, o Imperador, podia ter mais de uma mulher.
A esposa do Inca assumia as funções de governadora enquanto o marido estivesse na guerra.
A arte inca estava presente nos objetos empregados para render culto aos deuses e também para enfeitar os sacerdotes e dirigentes no momento das cerimônias religiosas.
O material empregado, as estampas e as cores também revelavam a posição do indivíduo que a vestisse dentro da sociedade inca.
Uma das artes mais elaboradas dos incas são os tecidos usados de maneira cerimonial. Tanto as estampas como as cores eram escolhidas de acordo com a função para o qual estava destinado o tecido.
Um exemplo é o “manto do dragão”, da cultura paracas, que envolvia o corpo antes de ser enterrado.
Em sua superfície encontramos o dragão inca: cabeça de felino, corpo de serpente e duas patas como as aves. Está bordado em amarelo (o mundo de cima), o verde (o mudo do meio) e o negro (o mundo de abaixo) e o vermelho (o sangue, o líquido vital).
A cerâmica foi um material largamente empregado pelos povos incas seja para fazer utensílios domésticos, seja para serem usados em cerimônias religiosas. As vasilhas sagradas - huacos, em quéchua - eram importantes, pois estavam ligadas à água, um elemento essencial para a vida.
Poderiam ser antropomórficas (forma de humanos) ou zoomórficas (animais), símbolos representando o ciclo da vida como a espiral, a água (parada ou em movimento).
Cerâmicas da cultura mochica. Fonte: WikipédiaOs adornos – braceletes, munhequeiras, tapa orelhas, peitorais, colares – eram usados nas cerimônias públicas e feitos de metais preciosos como o ouro, a prata e o cobre.
Esses objetos eram gravados com símbolos místicos como os animais que representavam os três mundos, isto é, aves, felinos e a serpente.
Provavelmente nunca saberemos como soava a música inca. Apenas podemos adivinhar como era o som de distintos instrumentos feitos de materiais como a cerâmica e madeira, como este apito:
Museo Larco | Sonidos Ancestrales ML002590Sabia que temos outros textos sobre os incas? Leia também:
El arte mochica del antiguo Perú. Oro, mitos y rituales. Exposição Caixa Forum. 2015.
Museu Larco. Lima, Peru. Consulta 17.09.2020.
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