Funções do se

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    window.sg_perf && performance.mark('img:visible'); Carla Muniz Professora licenciada em Letras

    Devido às suas diferentes funções, o uso do “se” costuma ser alvo de muitas dúvidas entre os estudantes da língua portuguesa.

    Para ajudar você a dominar esse tema, preparamos uma lista com exemplos ilustrativos das duas classificações gramaticais principais da palavra "se": pronome e conjunção.

    Funções do pronome “se”

    A classificação do "se" enquanto pronome subdivide-se em: pronome apassivador ou partícula apassivadora, índice de indeterminação do sujeito ou pronome indefinido, parte integrante do verbo, pronome reflexivo, pronome reflexivo recíproco e partícula de realce ou expletiva.

    1. Pronome apassivador ou partícula apassivadora

    Ao exercer a função de pronome apassivador/partícula apassivadora, o “se” é indicativo de voz passiva sintética e estabelece relação com verbos transitivos diretos ou verbos transitivos diretos e indiretos.

    Exemplos:

    • Venderam-se várias casas.
    • Compra-se ouro.
    • Alugam-se quartos para estudantes.
    • Entregam-se encomendas.
    • Poupou-se dinheiro com a compra de roupas usadas.

    Para confirmar se a função do “se” é de partícula apassivadora, basta converter a frase na voz passiva sintética para a voz passiva analítica:

    • Várias casas foram vendidas.
    • Ouro é comprado.
    • Quartos para estudantes são alugados.
    • Encomendas são entregues.
    • Dinheiro foi poupado com a compra de roupas usadas.

    Entenda mais sobre a Partícula apassivadora.

    2. Índice de indeterminação do sujeito ou pronome indefinido

    Quando exerce a função de pronome indefinido, o “se” é utilizado com verbos flexionados na terceira pessoa do singular.

    Esses verbos podem ser intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação.

    O pronome indefinido é utilizado quando não se quer ou não se pode identificar o sujeito da frase.

    Exemplos:

    • Fala-se muito do coronavírus.
    • Morre-se de fome e sede naquela região.
    • Acreditava-se que tudo terminaria bem.
    • Vive-se com dificuldade neste país.
    • Confia-se no que foi prometido.

    Saiba mais sobre o Índice de indeterminação do sujeito.

    3. Parte integrante do verbo

    Essa classificação dá-se quando o “se” faz parte de verbos pronominais.

    Exemplos:

    • Bianca se machucou ao cair do escorrega.
    • As crianças se perderam no parque.
    • Eles se encantaram com a beleza da cidade.
    • A professora se aborreceu com a turma.
    • Ela se envolveu na discussão desnecessariamente.

    Para saber mais sobre esse tipo de verbos, acesse o texto: Verbos pronominais.

    4. Pronome reflexivo

    Quando desempenha essa função, o “se” faz parte de verbos pronominais reflexivos, ou seja, de verbos que indicam que o sujeito da frase praticou e recebeu a ação.

    Exemplos:

    • Giulia se cortou com a tesoura.
    • Paula se furou em um alfinete.
    • Natália está se penteando para sair.
    • O filhote de gato estava se lambendo.
    • Vanessa já se arrumou para a premiação.

    Saiba tudo sobre os Pronomes reflexivos.

    5. Pronome reflexivo recíproco

    Quando exerce a função de pronome reflexivo recíproco, o “se” é usado em frases na voz passiva recíproca e indica que uma ação verbal ocorreu de forma mútua, ou seja, um fez um ao outro e vice-versa.

    Exemplos:

    • Eles se abraçaram e tudo terminou bem.
    • Depois da festa, os amigos se despediram e foram embora.
    • Aline e Leonardo se olharam apaixonados.
    • As crianças desta turma se entendem muito bem.
    • Naquela família, todos se amam muito.

    Saiba mais sobre a Voz passiva.

    6. Partícula de realce ou expletiva

    O uso do “se” enquanto partícula de realce é opcional. O fato de ele não ser usado não causa nenhum tipo de prejuízo ao sentido da frase.

    Além do “se”, o “que” também pode exercer função de partícula expletiva.

    Ambos têm o papel destacar; realçar determinada informação de uma frase.

    Exemplos:

    • Riu-se da piada do irmão.
    • Foi-se embora para nunca mais voltar.
    • O senhor estava cansado e se sentou.
    • Do que que ele está falando?
    • Os dias se passavam e nada de notícias dele.

    Entenda a diferença entre o Que e o quê.

    Funções da conjunção “se”

    A classificação do "se" enquanto conjunção subdivide-se em causal, condicional e integrante.

    1. Conjunção subordinativa causal

    Conforme a classificação já demonstra, essa conjunção é indicativa de causa.

    Ela é bastante usada, mas muitas vezes confundida com a conjunção subordinativa condicional; a que indica condição.

    Para se certificar de que o “se” de uma determinada frase é uma conjunção subordinativa causal, basta substituí-lo por “já que” ou “uma vez que”.

    Exemplos:

    • Se não tinha dinheiro, não deveria ter viajado.
    • Deveria ter feito o trabalho se estava disponível.
    • Se ela diz que é neutra, não deveria tomar partido de ninguém.
    • Não deveria ter se intrometido se ninguém pediu a sua opinião.
    • Se eles não entraram em contato, você poderia telefonar para o escritório.

    Observe que, mesmo quando fazemos a substituição do “se” por “já que” ou “uma vez que”, as frases continuam fazendo sentido:

    • Já que não tinha dinheiro, não deveria ter viajado.
    • Deveria ter feito o trabalho uma vez que estava disponível.
    • Uma vez que ela diz que é neutra, não deveria tomar partido de ninguém.
    • Não deveria ter se intrometido já que ninguém pediu a sua opinião.
    • Uma vez que eles não entraram em contato, você poderia telefonar para o escritório.

    2. Conjunção subordinativa condicional

    Conforme se subentende pelo nome, ela indica a existência de uma condição para que algo ocorra.

    Exemplos:

    • Se eu pudesse, teria ficado mais tempo.
    • Ele disse que vai comprar uma casa se ganhar na loteria.
    • Se eles conseguirem passar no teste, começarão a trabalhar semana que vem.
    • Ela disse que não virá se chover.
    • Se você me esperar, posso te dar carona.

    Observe que nas frases acima, a oração com “se” indica a condição necessária para que a ação da outra oração se concretize.

    3. Conjunção subordinativa integrante

    Sob essa classificação, o “se” introduz uma oração que desempenha papel de substantivo. Esse papel é uma função do "que" e do "se".

    As frases introduzidas por conjunções subordinativas integrantes funcionam como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal ou aposto de outra oração.

    Exemplos:

    • É necessário que eles terminem o relatório. (sujeito)
    • Ele conferiu se ela tinha chegado. (objeto direto)
    • Ele se convenceu de que eu estava certa. (objeto indireto)
    • Certifique-se de que ele faz o trabalho. (complemento nominal
    • Minha dúvida é se ele aceitará a proposta. (predicado)
    • Essa é a minha vontade: que você seja feliz. (aposto)

    Para complementar seus estudos, veja também: Conjunções subordinativas e Orações subordinativas adverbias.

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