Música sertaneja é um gênero musical que tem sua origem no sertão do Brasil.
Por sua parte, a música caipira seria aquela desenvolvida na zona rural de São Paulo, mais especificamente ao longo do rio Tietê.
A música sertaneja tem sua origem nas modas de viola, quando as pessoas se reuniam em roda para contar histórias – os chamados “causos” – comer e beber.
A viola é um instrumento de cordas que chegou à América Portuguesa com os primeiros colonizadores.
Os jesuítas o utilizaram para catequizar os indígenas, que tinham especial predileção pela música. A viola também era empregada em festas religiosas populares, como procissões, Folia de Rei, festas do padroeiro, rezas do rosário, etc.
Daí surgiu o modo anasalado de cantar, onde a letra tem mais importância que a melodia e o canto mais parece um lamento.
As modas de viola eram um costume do Brasil rural, quando as tropas que conduziam o gado paravam nas fazendas. Sempre havia alguém que dedilhava o instrumento, assim como existia aquele que contava “causos” em torno de uma fogueira.
Com o passar o tempo, o modelo de música sertaneja encontrada no oeste paulista, norte do Paraná, Minas Gerais, Goiás foi se cristalizando. A dupla caipira cantava uma melodia simples, sem ornamentos, onde existia a voz principal e a segunda voz entoando uma terça abaixo, acompanhada da viola e, posteriormente, do violão.
Para muitos estudiosos a música caipira pertence a algo maior, que é a música sertaneja.
Como afirma o pesquisador musical Zuza Homem de Mello:
A música caipira é uma parte da música sertaneja, [que está] localizada no estado de São Paulo. A música sertaneja é a música do sertão brasileiro, de todo sertão brasileiro.
Deste modo, cada região vai desenvolver seu próprio estilo. No Centro-Oeste verificamos que a música sertaneja sofre influência de danças como o siriri ou o catira (ou cateretê).
Já no Nordeste, elementos da cultura árabe, o baião e o xaxado darão a cor para a melodia e os ritmos sertanejos.
VEJA TAMBÉM: História do ForróA música caipira retrata o Brasil rural através do canto e do acompanhamento da viola. Mais tarde, seriam incorporados o violão e a sanfona.
Foi Cornélio Pires, compositor e empresário de Tietê (SP), que apostou pelo sucesso comercial deste gênero musical. Por sua iniciativa, em 1929, foi realizada a primeira gravação do tema “Jorginho do Sertão”, de sua autoria, registrada pela dupla Mariano & Caçula.
Com o advento do rádio, o som caipira se expandiu pelo Brasil e chegou até à cidade grande, especialmente no Rio de Janeiro. Igualmente, à medida que o país se industrializava e o êxodo rural ocorria, a música caipira se espalhou por todo território brasileiro.
É preciso lembrar que o termo "caipira" era visto como algo negativo nos anos 20 e 30. Com os ideias de industrialização, o caipira representava o ambiente rural que a República queria superar.
Desta forma, o modo de falar e os costumes do caipira foram criticados na imprensa e na literatura através de personagens como o Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, por exemplo.
VEJA TAMBÉM: Preconceito LinguísticoPara escapar do preconceito, a música caipira foi denominada música sertaneja e agregou novos instrumentos e temas ao seu repertório.
Nos anos 70, duplas como Milionário & José Rico incorporaram o jeito de cantar e instrumentação oriunda da música ranchera mexicana.
Por sua parte, nos anos 80, foram acrescentados os sintetizadores, as viradas de bateria, e melodias pop. Podemos citar Leandro & Leonardo, Zezé di Camargo & Luciano, Roberta Miranda, João Paulo & Daniel, entre muitos outros, como representantes desta vertente.
A música sertaneja, desta época, foi usada em trilhas sonoras de novelas e começou a aparecer no horário nobre da televisão.
O sertanejo universitário seria a música sertaneja adaptada ao século XXI e herdeiro direto das mudanças produzidas neste gênero nos anos 80.
Por sua vez, o sertanejo universitário dispensa as duplas e pode ser cantada apenas por uma pessoa. Incluiu as batidas e a estética do country americano, bem como temáticas românticas e urbanas. Destacam-se também o surgimento de duplas e bandas femininas.
Outra característica importante é que o sertanejo universitário é feito com o propósito exclusivo de fazer as pessoas dançarem. Por sua parte, música caipira guarda as duas vertentes: dançar e escutar a letra.
Desta maneira, para diferenciar o sertanejo do sertanejo universitário, utiliza-se o termo "música sertaneja de raiz" para designar o gênero praticado até o final do século XX.
VEJA TAMBÉM: Gêneros Musicais BrasileirosCom o surgimento do sertanejo universitário houve necessidade de diferenciá-lo daquela música praticada no começo do século XX. Por isso, de maneira geral, denomina-se as canções compostas naquela época de "sertanejo de raiz".
Segue abaixo uma lista com as dez músicas sertanejas de raiz mais conhecidas no Brasil.
Ouça agora uma das duplas sertanejas mais bem-sucedidas do país, Tonico e Tinoco, contando um pouco da sua trajetória e cantando "Tristeza do Jeca", de Angelino de Oliveira:
Tristeza do Jeca, por Tonico e TinocoTem mais textos sobre este tema para você:
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