História do Sertanejo: a música do nosso sertão

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    Juliana Bezerra Professora de História

    Música sertaneja é um gênero musical que tem sua origem no sertão do Brasil.

    Por sua parte, a música caipira seria aquela desenvolvida na zona rural de São Paulo, mais especificamente ao longo do rio Tietê.

    História da Música Sertaneja

    A música sertaneja tem sua origem nas modas de viola, quando as pessoas se reuniam em roda para contar histórias – os chamados “causos” – comer e beber.

    A viola é um instrumento de cordas que chegou à América Portuguesa com os primeiros colonizadores.

    Os jesuítas o utilizaram para catequizar os indígenas, que tinham especial predileção pela música. A viola também era empregada em festas religiosas populares, como procissões, Folia de Rei, festas do padroeiro, rezas do rosário, etc.

    Daí surgiu o modo anasalado de cantar, onde a letra tem mais importância que a melodia e o canto mais parece um lamento.

    As modas de viola eram um costume do Brasil rural, quando as tropas que conduziam o gado paravam nas fazendas. Sempre havia alguém que dedilhava o instrumento, assim como existia aquele que contava “causos” em torno de uma fogueira.

    Com o passar o tempo, o modelo de música sertaneja encontrada no oeste paulista, norte do Paraná, Minas Gerais, Goiás foi se cristalizando. A dupla caipira cantava uma melodia simples, sem ornamentos, onde existia a voz principal e a segunda voz entoando uma terça abaixo, acompanhada da viola e, posteriormente, do violão.

    Música Caipira, Sertaneja ou Sertanejo Universitário?

    Para muitos estudiosos a música caipira pertence a algo maior, que é a música sertaneja.

    Como afirma o pesquisador musical Zuza Homem de Mello:

    A música caipira é uma parte da música sertaneja, [que está] localizada no estado de São Paulo. A música sertaneja é a música do sertão brasileiro, de todo sertão brasileiro.

    Deste modo, cada região vai desenvolver seu próprio estilo. No Centro-Oeste verificamos que a música sertaneja sofre influência de danças como o siriri ou o catira (ou cateretê).

    Já no Nordeste, elementos da cultura árabe, o baião e o xaxado darão a cor para a melodia e os ritmos sertanejos.

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    Música Caipira

    A dupla Zé Mulato e Cassiano é uma das mais antigas em atividade no Brasil

    A música caipira retrata o Brasil rural através do canto e do acompanhamento da viola. Mais tarde, seriam incorporados o violão e a sanfona.

    Foi Cornélio Pires, compositor e empresário de Tietê (SP), que apostou pelo sucesso comercial deste gênero musical. Por sua iniciativa, em 1929, foi realizada a primeira gravação do tema “Jorginho do Sertão”, de sua autoria, registrada pela dupla Mariano & Caçula.

    Com o advento do rádio, o som caipira se expandiu pelo Brasil e chegou até à cidade grande, especialmente no Rio de Janeiro. Igualmente, à medida que o país se industrializava e o êxodo rural ocorria, a música caipira se espalhou por todo território brasileiro.

    É preciso lembrar que o termo "caipira" era visto como algo negativo nos anos 20 e 30. Com os ideias de industrialização, o caipira representava o ambiente rural que a República queria superar.

    Desta forma, o modo de falar e os costumes do caipira foram criticados na imprensa e na literatura através de personagens como o Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, por exemplo.

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    Música Sertaneja

    Chitãozinho e Chororó misturaram a linguagem da música pop com a música caipira

    Para escapar do preconceito, a música caipira foi denominada música sertaneja e agregou novos instrumentos e temas ao seu repertório.

    Nos anos 70, duplas como Milionário & José Rico incorporaram o jeito de cantar e instrumentação oriunda da música ranchera mexicana.

    Por sua parte, nos anos 80, foram acrescentados os sintetizadores, as viradas de bateria, e melodias pop. Podemos citar Leandro & Leonardo, Zezé di Camargo & Luciano, Roberta Miranda, João Paulo & Daniel, entre muitos outros, como representantes desta vertente.

    A música sertaneja, desta época, foi usada em trilhas sonoras de novelas e começou a aparecer no horário nobre da televisão.

    Sertanejo Universitário

    Michel Teló conseguiu levar o sertanejo universitário para todo o mundo

    O sertanejo universitário seria a música sertaneja adaptada ao século XXI e herdeiro direto das mudanças produzidas neste gênero nos anos 80.

    Por sua vez, o sertanejo universitário dispensa as duplas e pode ser cantada apenas por uma pessoa. Incluiu as batidas e a estética do country americano, bem como temáticas românticas e urbanas. Destacam-se também o surgimento de duplas e bandas femininas.

    Outra característica importante é que o sertanejo universitário é feito com o propósito exclusivo de fazer as pessoas dançarem. Por sua parte, música caipira guarda as duas vertentes: dançar e escutar a letra.

    Desta maneira, para diferenciar o sertanejo do sertanejo universitário, utiliza-se o termo "música sertaneja de raiz" para designar o gênero praticado até o final do século XX.

    VEJA TAMBÉM: Gêneros Musicais Brasileiros

    Sertanejo Raiz

    Com o surgimento do sertanejo universitário houve necessidade de diferenciá-lo daquela música praticada no começo do século XX. Por isso, de maneira geral, denomina-se as canções compostas naquela época de "sertanejo de raiz".

    Segue abaixo uma lista com as dez músicas sertanejas de raiz mais conhecidas no Brasil.

  • Pagode em Brasília, Teddy Vieira e Lourival dos Santos
  • Estrada da Vida, José Rico
  • Jorginho do Sertão, Cornélio Pires
  • Menino da Porteira, Teddy Vieira
  • Chico Mineiro, Tonico e Francisco Ribeiro
  • Tristeza do Jeca, Angelino de Oliveira
  • Luar do Sertão, Luiz Gonzaga
  • Chitãozinho e Xororó, Serrinha
  • Romaria, Renato Teixeira
  • Telefone Mudo, Trio Parada Dura
  • Ouça agora uma das duplas sertanejas mais bem-sucedidas do país, Tonico e Tinoco, contando um pouco da sua trajetória e cantando "Tristeza do Jeca", de Angelino de Oliveira:

    Tristeza do Jeca, por Tonico e Tinoco

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    Juliana Bezerra Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

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