É muito frequente na produção de redações que algumas pessoas se utilizem de chavões, moletas, clichês, lugares comuns, ou o nome que você preferir, para dar ao texto um ar mais culto ou uma falsa segurança naquilo que se diz.
O ideal é que esse tipo de recurso seja abolido da redação. O objetivo principal do texto que é produzido para um concurso é avaliar a capacidade de associação de idéias, exposição de pensamentos e capacidade de comunicação. Quando por algum motivo nos utilizamos de palavras que não são comumente utilizadas por nós (seja na escrita ou na fala) pode acontecer de as utilizarmos de maneira inadequada, aplicando-as em um contexto ou em uma estrutura sintática imprópria, de modo que iremos deixar a mensagem do texto obscura.
Exemplo: Senhores funcionários
Temos o prazer de informar a todos os trabalhadores desta empresa que, em virtude das sucessivas defasagens salarias causadas por oscilações inflacionárias e por mudanças constantes nos rumos da economia nacional, a presidência oferece um substancial aumento salarial de 8% nos quadros de todo o funcionalismo que entrará em vigor a partir do próximo mês.
Por outro lado, se nos utilizamos de palavras correntes, que são frequentemente usadas por todos e que já tomaram até outras conotações devido ao seu demasiado uso, o texto produzido provavelmente tomará um ar de coloquialidade que não se adequará aos objetivos traçados pela proposta ou por você.
Existem as palavras “da moda”, que são usadas por muitas pessoas, sempre com o objetivo de tornar o texto mais bonito, palavras compridas que ocuparão um espaço considerável na folha de redação e executarão com competência a função de “encher linguiça” como costumamos falar popularmente. Outro tipo de palavra também perigoso é o que foi utilizado acima (encher lingüiça), ou seja, a gíria. Essas palavras são geradas na linguagem falada e têm uma disseminação muito rápida. Por costume, as acoplamos ao nosso vocabulário cotidiano e muitas vezes até esquecemos ou não sabemos seu real significado. O melhor mesmo é usá-las só na oralidade e dispensarmos seu uso quando estivermos produzindo textos.
Existe, ainda, um terceiro grupo de palavras, bem mais perigosas que as demais, pois além de não serem distantes do nosso vocabulário, também não são utilizadas por muitas pessoas. Elas pertencem ao seu idioleto, ou seja, elas são uma prática individual, usadas frequentemente em textos, bilhetes, anotações, diálogos e principalmente quando você fala em público. São chamadas por muitos de “moletas” pois são utilizadas como apoio para o discurso que você produz. Os exemplos mais comuns delas são: “aí”, que, onde, “e tudo...”, né, etc.
Por exemplo: - Eu aconselhei ele, e tudo. Mas ele não me ouviu. Disse pra mim que ia estudar e tudo, e por isso não poderia fazer o que eu pedi e tudo.
- Eu cheguei no local aí quando a moça me viu me chamou, aí eu olhei pra ela, aí eu respondi, mas ela não me entendeu bem, aí eu pedi desculpas e repeti, aí foi quando ela me explicou tudo.
- Preciso encontrar uma alternativa onde eu não precise me preocupar tanto. Estou cansada dessa vida onde eu não páro, porque onde eu estou as pessoas me chamam. Eu me encontro em uma situação onde eu não tenho mais saída, porque as perseguições são onde eu mais me estresso.
O lugar-comum é de fato muito presente na comunicação, como o nome sugere, mas só se adequa para a fala. Nela ele tem uma função fática, ou seja, não produz exatamente uma mensagem. Exemplo: - João estava sentado em uma lanchonete fazendo suas contas do mês, quando percebeu que seu dinheiro não ia ser suficiente para pagar o plano de saúde. Estava lembrando de sua esposa grávida quando passou um amigo e disse: - Fala, João! Tudo bem? - Ele respondeu: - Tudo ótimo! E com você? - Maravilha cara!
No exemplo acima vemos uma situação corriqueira. O que nos chama a atenção é o fato de a expressão “tudo ótimo” não querer dizer que realmente está “tudo ótimo”. O mesmo acontece quando você diz “bom dia” automaticamente, quando na verdade você nem pensou se o dia da pessoas iria mesmo ou não ser bom. Isso acontece com várias outras palavras, cumprimentos, etc.
Precisamos nos preocupar muito mais com os lugares-comuns usados na linguagem escrita, pois esses podem prejudicar a qualidade do seu texto e o conteúdo informacional do mesmo.
Vejamos alguns exemplos de lugares-comuns na escrita:
“fechar com chave de ouro” “o diabo foge da cruz” “dar a volta por cima” “em alto e bom tom” “deixou a desejar”
Show life that you have a thousand reasons to smile
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