Matinta Pereira (ou Matinta Perera) é uma personagem do folclore brasileiro que possui diversas versões.
De maneira geral, ela é descrita como uma bruxa velha que se transforma durante as noites em um pássaro de mau agouro.
Em algumas versões, Matinta não se transforma à noite, sendo uma velha acompanhada de seu pássaro fiel e agoureiro.
Em outras, ainda, é uma velha que durante à noite se transforma em coruja, representando a alma de algum antepassado.
Matinta Pereira é uma bruxa velha que assombra as casas das redondezas durante à noite, momento em que ela se torna um pássaro, o “Rasga Mortalha”. Assim, o pássaro pousa nos telhados ou nos muros das casas emitindo um assobio alto e estridente para que os moradores deem conta de sua presença.
Matinta costuma aparecer durante a noite ou a madrugada perturbando o sono das pessoas. Nesse momento, um dos moradores da casa dizem em voz alta que oferecerá para ela o tabaco desejado.
Depois de proferida a frase, o pássaro voa dali e vai até outras casas fazer o mesmo. Note que em alguns lugares, as pessoas oferecem outras coisas como comida, bebidas, presentes, etc.
No dia seguinte, com o aspecto de bruxa velha, Matinta vai às casas e recebe o que lhe foi prometido na noite anterior. Se não lhe for entregue, ela amaldiçoa todos os moradores da casa, com doenças ou mesmo com mortes.
A maldição de Matinta pode ser passada para outras pessoas. Assim, quando a velha bruxa já está pronta a morrer, ela indaga outras mulheres perguntando somente “se querem”. Se, portanto, a resposta for positiva, a pessoa carregará essa maldição, passando a ser a Matinta.
Oriunda da cultura popular do norte do Brasil, essa lenda é muito conhecida na região amazônica e provavelmente surgiu de alguma lenda indígena.
Alguns consideram que a lenda da Matinta é uma variante da lenda do Saci-pererê, sendo descrita como uma velha de uma perna só, que vaga à noite agourando os lugares e assustando as pessoas.
Seu canto estridente seria associado ao do pássaro Tapera naevia, chamado popularmente de Saci ou Matinta Pereira.
Note que essa metamorfose pela qual passa as lendas do país são frutos da oralidade e das características locais.
Sobre isso, Câmara Cascudo (1898-1986), antropólogo brasileiro e um dos maiores estudiosos do folclore do Brasil, acrescenta:
... no sul é Saci tapereré, no centro Caipora e no Norte Maty-taperê. O civilizado, que muitas vezes não entende a pronúncia do sertanejo, que é o mais perseguido por ele nas suas viagens, tem-lhe alterado o nome; já o fez Saci-pererê, Saperê, Sererê, Siriri, Matim-taperê, e até já lhe deu o nome português de Matinta Pereira, que mais tarde terá o sobrenome de da Silva ou da Mata.
Saiba mais sobre outras lendas:
CASCUDO, L. da Câmara. Geografia dos Mitos Brasileiros. São Paulo: Global Editoras, 2001.
Daniela Diana Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.Show life that you have a thousand reasons to smile
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