Misoginia

May 2020 0 6K Report
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    window.sg_perf && performance.mark('img:visible'); Laura Aidar Arte-educadora e pesquisadora

    Misoginia é uma palavra que tem por definição o ódio às mulheres.

    A origem desse termo é grega e vem dos vocábulos miseó, que significa "ódio", e gyné, que tem como tradução "mulher".

    Esse conceito abarca os sentimentos de desprezo, preconceito, repulsa e aversão às mulheres e ao que remete ao feminino.

    Assim, a misoginia se instala em diversas sociedades e culturas através de comportamentos agressivos, depreciações, violência sexual, objetificação do corpo feminino e morte de mulheres (o feminicídio).

    Relações entre misoginia, machismo e sexismo

    Os termos "misoginia", "machismo" e "sexismo" estão relacionados no sentido em que se sustentam a partir da depreciação do gênero feminino.

    A misoginia é vista como uma aversão doentia às mulheres. Tal comportamento tem bases psicológicas profundas, sendo até mesmo o reflexo de uma má elaboração da própria sexualidade daquele que a pratica.

    No caso do machismo, ele se apresenta de forma mais naturalizada, com a ideia de superioridade dos homens. Essa concepção reverbera na sociedade de várias maneiras, até mesmo as mais sutis, como piadas, por exemplo.

    Já o sexismo é quando uma pessoa acredita que existem "funções" que são destinadas apenas a um ou outro gênero sexual. Assim, elas acreditam que os homens e mulheres devem exercer determinados papéis.

    A pessoa sexista defende que os homens devem ser mais potentes, viris e tomar as decisões, e que cabe às mulheres serem obedientes, educadas, mães zelosas e cuidar dos afazeres domésticos.

    História da misoginia no mundo

    O menosprezo ao gênero feminino é algo que atravessa a história da humanidade ao longo do tempo. Sua causa é em grande parte por conta de um sistema denominado como patriarcal, ou seja, uma estrutura de sociedade fundada no poder masculino.

    Podemos perceber a misoginia em diversos povos da antiguidade, como na Grécia Antiga, cultura que teve grande importância na estruturação das sociedades ocidentais.

    O célebre filósofo grego Aristóteles, por exemplo, afirmava que as mulheres são "homens imperfeitos" e que elas devem se sujeitar a eles, pois são "inferiores".

    Podemos ainda detectar traços misóginos em várias vertentes religiosas. Na bíblia, livro sagrado do cristianismo, é possível encontrar passagens onde o prazer sexual feminino é condenado e as mulheres são vistas como veículos demoníacos.

    A crença cristã defende também que as mulheres foram originadas a partir da costela de um homem e vieram ao mundo para servi-lo.

    Já no alcorão, livro sagrado da religião islâmica, os fundamentos adotam a ideia que os homens são superiores em inteligência e fé.

    O alcorão acredita ainda que as mulheres são, na realidade, uma porta para o pecado, devendo obediência aos seus maridos, caso contrário, os homens teriam permissão para lhes espancar.

    Reconhecidos filósofos ocidentais explicitaram também pensamentos de desprezo e ódio às mulheres.

    É o caso de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), teórico suíço ligado ao Iluminismo e ideias de liberdade, mas que defendia que as mulheres devem ser constrangidas desde meninas e educadas para a frustração a fim de submeter-se à vontade dos homens.

    Sociedades matriarcais

    Entretanto, nem sempre a humanidade foi dominada pelo comportamento misógino.

    Na pré-história, há cerca de 35 mil a.C., havia populações na Europa e na Ásia em que as mulheres eram tão valorizadas quanto os homens e as relações entre os gêneros eram igualitárias.

    Além disso, a figura feminina era considerada sagrada, pois é a mulher quem gera a vida em seu corpo. Essas culturas foram chamadas de matriarcais.

    Reflexões sobre a misoginia

    Todo esse acúmulo histórico de desvalorização ao gênero feminino foi passado à nossa sociedade atual.

    Por meio dos esforços, lutas e movimentos feministas, as mulheres conquistaram cada vez mais respeito e passaram a ser mais valorizadas. Entretanto, a misoginia ainda é presente em praticamente todas as partes do mundo, gerando um clima hostil às mulheres e meninas.

    Essa hostilidade afeta todos os gêneros, traduzindo-se em comportamentos agressivos direcionados ao feminino e uma enorme pressão sobre os homens, que sentem-se obrigados a demostrar virilidade e potência, sufocando suas fragilidades.

    Portanto, essa forma de perceber as relações e entender o mundo ao redor só traz malefícios a todos, sobretudo às mulheres, mas também ao próprio homem misógino.

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    Laura Aidar Arte-educadora, pesquisadora e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2007 e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design, localizada em São Paulo, em 2010.

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