Olga Benário Prestes (1908-1942) foi uma revolucionária alemã de grande importância no século XX.
Militava junto ao Partido Comunista da Alemanha e depois na União Soviética, onde aprimorou seus conhecimentos teóricos e práticos, tornando-se uma figura de destaque no movimento.
Por conta disso, recebeu a missão de acompanhar o também militante Luís Carlos Prestes em viagem ao Brasil, a fim de garantir-lhe a segurança. Os dois se casam e continuam a luta revolucionária em território nacional.
São presos e Olga é enviada grávida ao seu país natal, a Alemanha, onde era intensa a perseguição aos comunistas e judeus (ela era de origem judia). Lá é torturada e morta em um campo de concentração nazista.
Embora não tenha vivido muito, Olga Benário Prestes teve uma vida intensa e conturbada. A militante política foi uma mulher determinada desde muito nova, não medindo esforços na luta contra o nazi-fascismo.
Assim, atuou na Alemanha, União Soviética e Brasil, deixando um legado de resistência e luta por seus ideais humanitários.
Retrato de Olga Benário PrestesOlga Gutmann Benário nasceu em 1908 no dia 12 de fevereiro na cidade de Munique, na Alemanha.
Vinda de uma família judia abastada, seu pai, o advogado Leo Benário, era participante do Partido Social-Democrata Alemão, e tinha certa preocupação com a população pobre. Sua mãe era a socialite Eugenie Benário.
Aos 15 anos Olga inicia-se no ativismo político, ingressando no Grupo Schwabing, um coletivo comunista para menores de idade.
Logo a jovem começa a relacionar-se com o professor Otto Braun e, aos 16 anos, muda-se com ele para Berlim. Na nova cidade, e longe da resistência da família, Olga milita intensamente contra o Partido Nazista e o avanço da extrema-direita, tendo uma atuação de destaque no movimento comunista.
Em 1926 é presa por tramar contra o governo e permanece cerca de dois meses encarcerada. Otto Braun também vai para a prisão e, enquanto Olga é libertada, ele segue preso.
Assim, em 1928, Olga executa o plano de invadir a prisão de Moabit, onde Otto estava, e consegue libertá-lo. Os dois tornam-se procurados pela polícia sob acusação de alta traição à pátria e fogem para a União Soviética.
Em Moscou, Olga continua a militância, aprofunda conhecimentos da teoria marxista e recebe treinamento militar. Recebe então a incumbência da Internacional Comunista de escoltar Luís Carlos Prestes no seu retorno ao Brasil. Ele era um militante brasileiro que estava foragido por conta da Coluna Prestes.
Para não gerar desconfiança, Olga e Luís Carlos Prestes realizam a viagem de volta ao solo brasileiro como se fossem recém-casados. Para isso utilizam documentos falsos. Os dois apaixonam-se durante a viagem e se tornam, de fato, um casal.
Depois que chegam ao país, Prestes participa de um levante revolucionário que tinha a intenção de derrubar o governo de Getúlio Vargas.
Esse Levante Comunista ocorreu no final de 1935 e foi organizado pela ANL (Aliança Nacional Libertadora), uma frente de esquerda antifascista que tinha o apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e da Internacional Comunista.
A revolta teve curta duração, sendo rapidamente sufocada, e o casal é preso em março de 1936. Olga, que estava grávida de 2 meses, é mantida encarcerada, sofrendo maus tratos e interrogações intermináveis a fim de que delatasse seus companheiros de militância.
A revolucionária não cedeu às pressões e foi deportada a mando de Getúlio Vargas para seu país natal, a Alemanha, que nessa época já perseguia judeus e, sobretudo, comunistas.
Assim, ela é embarcada à força em 23 de setembro no navio La Coruña, quando já estava com 7 meses de gestação. A instrução era de que o navio não fizesse nenhuma parada e fosse diretamente para o destino final.
Chegando lá, Olga é recebida pela Gestapo, a polícia nazista alemã, e enviada para a prisão de Barnimstrasse, em Berlim.
No mesmo ano, em 27 de novembro, dá a luz a Anita Leocádia Prestes. A criança permanece com Olga até os 14 meses, durante o período de amamentação.
Posteriormente, após grande pressão internacional, Anita Leocádia é entregue à avó paterna e sua tia, que se tornam responsáveis por sua criação.
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Assim, Olga é enviada a vários campos de concentração, realizando trabalhos forçados e sofrendo torturas, assim como os outros prisioneiros.
No dia 23 de abril de 1942 termina a trajetória de Olga Benário, assassinada aos 34 anos junto a outras 199 mulheres em uma câmara de gás no campo de extermínio de Bernburg.
Em 2004 foi lançado o filme Olga, contando a trajetória da revolucionária. A direção é de Jayme Monjardim e quem interpreta Olga é Camila Morgado, já o papel de Luís Carlos Prestes contou com a atuação de Caco Ciocler.
Anteriormente, em 1985, foi lançada também sua biografia, que recebeu o nome de Olga - a Vida de Olga Benário Prestes, escrita por Fernando Morais.
Em 2017, a historiadora Anita Leocádia Prestes, filha de Olga e Luís Carlos Prestes, publicou o livro Olga Benário Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo.
A obra é uma complementação da história de sua mãe, exibindo documentos inéditos encontrados nos arquivos da polícia secreta alemã.
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