Operação Condor

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    A Operação Condor ou Plano Condor foi um sistema de troca de informações e prisioneiros entre as ditaduras de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.

    Esta aliança foi estabelecida formalmente em 25 de novembro de 1975, mas já funcionava desde a década de 60.

    O plano Condor contou com apoio logístico dos Estados Unidos e seu objetivo era controlar os opositores das ditaduras no Cone Sul.

    O que foi a Operação Condor?

    A Operação Condor consistiu na cooperação dos serviços de inteligência de seis países da América Latina que estavam sob regime ditatorial. Esta assistência era clandestina e não precisava da autorização da Justiça.

    As ditaduras latino-americanas tinham como alvo principal acabar com o comunismo. Assim, qualquer oposição era taxada de esquerda. A repressão costumava ser implacável e incluía sequestros, torturas e assassinatos.

    Embora tenha sido estabelecida em 1975, no Chile, durante a ditadura de Augusto Pinochet, já havia colaboração entre os diversos serviços de inteligência do continente.

    Em todas as embaixadas e consulados dos países envolvidos foi instalada uma via paralela de comunicação. Desta forma, os agentes ligados à Operação Condor não precisavam passar pelos canais oficiais da diplomacia.

    Os ditadores militares e, assinalado no mapa, os países que fizeram parte da Operação Condor

    Os Estados Unidos e a Operação Condor

    Os Estados Unidos se envolveram na implantação das ditaduras militares na América Latina. Em alguns casos, como no Chile, planejaram e executaram a derrubada de Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973.

    Isto acontecia porque o mundo vivia o período da Guerra Fria onde os países eram classificados de acordo com sua orientação ideológica. Por isso, havia uma disputa entre a URSS (comunista) e os Estados Unidos (capitalista).

    Já na Operação Condor, os Estados Unidos contribuíram com logística e conhecimentos. Os militares se comunicavam com uma espécie de telex batizado de "condortel". Seu funcionamento foi ensinado aos militares latino-americanos pelo Exército dos Estados Unidos, na Escola das Américas, situada no Panamá. Assim, toda comunicação da Operação Condor passava por ali.

    Importante lembrar que esta instituição instruiu vários militares latino-americanos a torturar prisioneiros.

    A ajuda dos EUA à Operação Condor durou até o governo Jimmy Carter (1977-1981).

    VEJA TAMBÉM: Guerra Fria

    O Brasil e a Operação Condor

    O Brasil participou ativamente da criação da Operação Condor e auxiliava os regimes militares vizinhos na captura de cidadãos. Por outra parte, militares brasileiros se encarregavam de reconhecer elementos opositores que atravessavam as fronteiras.

    Como os governos militares já estavam instalados no Brasil desde 1964, isso fazia com que o país fosse o mais experiente do grupo. Para se ter uma ideia, o Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão responsável pela vigilância aos opositores, era o maior do continente latino-americano.

    A primeira cooperação entre o Brasil e a Argentina se deu em dezembro de 1970. Neste mês, o coronel Jefferson Cardim Osório foi preso em Buenos Aires e trazido ao Brasil. Osório foi o primeiro a formar uma guerrilha, em Três Passos (RS), contra o governo militar em 1965.

    Da mesma forma, o Brasil colaborava com a ditadura argentina. Um dos casos foi a Contraofensiva Montonera, realizada em 1978, para capturar guerrilheiros argentinos no Brasil.

    Igualmente, ficou célebre o "Sequestro dos Uruguaios" quando Lilián Celiberti e Universindo Díaz, e seus dois filhos, cidadãos do Uruguai, foram presos em Porto Alegre, em 1978.

    Tratou-se de uma ação conjunta elaborada por militares uruguaios com ajuda do Exército brasileiro. Graças a uma denúncia ao jornalista da revista Veja, o casal foi levado à prisão, mas não foram mortos.

    Um dos participantes da Operação Condor, no Brasil, foi o Major Curió. Ele foi um dos comandantes na Guerrilha do Araguaia. Atualmente, é investigado na Argentina, pois está apontado em 108 casos de desaparecimento de prisioneiros.

    Após suas ações militares, o Major Curió liderou o complexo de Serra Pelada com total consentimento do governo Figueiredo (1979-1985).

    VEJA TAMBÉM: Ditadura Militar no Brasil (1964-1985)

    Operação Condor revelada

    Familiares com fotos de militantes e parentes durante o julgamento da Operação Condor. Foto: João Pina

    A Operação Condor só foi revelada graças a uma denúncia anônima realizada no Paraguai. Neste país, descobriu-se o chamado “Arquivo do Terror” que documentava a ação coordenada dos seis países.

    Por sua vez, durante a administração do presidente americano Bill Clinton (1993-2001), os Estados Unidos retiraram da categoria “confidencial” vários documentos relativos às ditaduras militares do Chile e da Argentina.

    Dessa forma, quando Nestor Kirchner chegou à presidência na Argentina em 2003, anulou todos os indultos aos militares. Assim, começou a investigação e o julgamento da Operação Condor naquele país.

    VEJA TAMBÉM: O que é ditadura?

    Fim da Operação Condor

    A Operação Condor foi terminando a medida que caíam as ditaduras nos países latino-americanos. Contudo, com a volta da democracia, nenhum dos desaparecimentos foi investigado, por conta das leis de anistia de cada país.

    Nos século XXI, esta postura, no entanto, está mudando. A Operação Condor começou a ser julgada na Argentina em 2011 e as primeiras sentenças saíram em 2016.

    O Chile vem investigando e levando a juízo uma série de denúncias e a Bolívia prometeu, em 2016, que iria abrir os arquivos para serem pesquisados.

    No Brasil, graças à ação da Comissão Nacional de Verdade e Justiça, várias publicações e filmes foram lançados com o fim de esclarecer este terrível capítulo da nossa história.

    VEJA TAMBÉM: Ato Institucional nº 5 - AI-5

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