O funk surge no sul dos Estados Unidos, nos anos 60, criado por músicos negros como Horace Silver, James Brown, George Clinton, entre outros.
Escrito em compasso quaternário, a característica marcante do funk é o primeiro tempo acentuado, em relação aos outros três tempos.
Como toda criação artística fica difícil apontar apenas um único inventor para o funk. No entanto, James Brown é um dos nomes mais importantes para o surgimento do funk.
Este gênero musical surgiu da combinação de vários ritmos negros populares como o blues, gospel, jazz e soul, que faziam sucesso nos Estados Unidos.
James BrownA palavra “funk” ou “funky” era usada pelos músicos de jazz como uma forma de pedir aos colegas de banda que pusessem mais “força” ao ritmo. Alguns estudiosos apontam que poderia ser a fusão entre o vocábulo quibundo "lu-fuki" e o inglês “stinky”.
Desta maneira, os términos funk e funky foram evoluindo para descrever uma música com batida constante e melodia que permitisse dançar.
Criadores do funk utilizaram ambas as palavras para títulos de suas composições, como é o caso de "Opus de Funk", de Horace Silver e “Funky Drummer”, de James Brown.
Vejamos como se deu a evolução do funk:
Músicos como o pianista americano Horace Silver (1928-2014) juntam o virtuosismo do jazz às melodias mais dançantes do soul.
O tema “Song for my father” resume o estilo que Silver chamava de “funky style”. Uma batida repetida em toda a canção e cada instrumento improvisando a partir de uma melodia.
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A década de 60 marcou a aparição do funk como estilo independente através de James Brown (1933-2006).
Brown cresceu no estado da Geórgia, nos Estados Unidos, e sua vida foi marcada pela segregação racial. Ali absorveu toda a música que os negros faziam, tanto o gospel, como blues e as inovações de Horace Silver que aceleravam a batida soul.
Aprendeu a tocar gaita, guitarra e a cantar, e inventa seu próprio caminho musical ao enfatizar o primeiro tempo do compasso. Sucessos como “Papa got a new brand bag” ou “I feel good” são as primeiras compostas neste novo estilo musical.
Assim, estava criado o funk que influenciaria toda uma geração de músicos americanos e estrangeiros.
O ritmo, nesta época, também está intimamente ligado à luta pelos Direitos Civis nos Estados Unidos. As letras contavam o cotidiano de discriminação e da falta de perspectiva dos afrodescendentes.
Igualmente, à medida que o funk atingia mais pessoas, os negros americanos tinham um motivo para se orgulhar ao ver que sua cultura se espalhava nos lares brancos.
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Na década de 70, experimenta-se o funk com a música eletrônica e com o rock.
Com a popularização do disco de vinil e a aparição de equipamentos mais potentes, os músicos não precisam estar presentes fisicamente para produzir música.
Desta maneira, surge a profissão de DJ, que será o responsável por misturar distintas melodias e ritmos dentro de uma mesma canção. Este gênero musical vai para as discotecas e conquista artistas pop, como Michael Jackson (1958-2009), cuja canção “Don’t Stop 'Til You Get Enough”, revela a influência da batida funk.
Por outro lado, músicos como George Clinton (1941), misturam o funk com as guitarras e os longos temas que caracterizam o rock progressivo e o psicodélico. Temas como “Hit It and Quit It” retratam esta experiência.
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O surgimento dos sintetizadores e a consolidação da música eletrônica dão espaço para a combinação entre o funk e o hip hop. Há duas vertentes distintas: uma oriunda dos bairros de população negra de Miami, com um ritmo mais acelerado, e outra originária de Nova York.
As batidas são mais repetitivas, pois agora basta programar o teclado ou o sampler para que as executem indefinidamente. Na vertente praticada pelo movimento Miami Bass, as letras e as coreografias são mais erotizadas e possuem influência cubana como a rumba.
Nessa década se verifica a aproximação do funk com a poesia do rap, algo que fará muito sucesso no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro.
Bandas de rock como a americana Red Hot Chilli Peppers usam as batidas do funk com a estrutura do rock, criando o rock-funk. A canção "Give it away" é um bom exemplo desta fusão.
Durante a década de 90, o funk se mescla com o hip hop e o rap, consolidando sua vocação para estar juntos aos estilos da periferia das grandes cidades.
Grupos como o americano "Linving Colour" e o britânico "Jamiroquai" utilizaram a batida funk para criar um novo estilo de rock mais dançante.
Igualmente, grupos de música eletrônica incorporaram o funk e acentuaram o ritmo através do uso de sintetizadores. Outras vertentes surgidas nesta época foram o electro-funk, o boogie e o go-go.
O funk chega ao Brasil nos anos 70 e conquista músicos como Tim Maia (1943 -1998) e Tony Tornado (1970). Estes serão os responsáveis por misturar o ritmo funk americano à batida da música brasileira.
Igualmente, o radialista Big Boy (1943-1977) começou a promover os "Bailes da Pesada" no Canecão, no Rio de Janeiro, que neste momento funcionava como churrascaria. Ali tocava-se rock, soul, groove, funk, reunindo a juventude carioca.
Quando os bailes no Canecão chegaram ao fim, Big Boy decidiu torná-los itinerantes e passou a tocar tanto na Zona Sul como na Zona Norte da cidade.
Segundo o DJ Marlboro (1963), a partir daí, aparecem dois tipos de bailes: os de rock e os de música eletrônica, mais ligados ao som "Miami bass", que eram conhecidos também como "baile funk". O nome ficou, embora já não tivesse muita relação com o som original.
O funk carioca aparece na década de 80. Sua origem é a mistura das batidas eletrônicas do hip hop, da poesia do rap e da habilidade dos DJ's em mesclar batidas repetitivas com a melodia.
A temática das letras está ligada diretamente ao cotidiano da favela ou do subúrbio carioca. Neste sentido, um bom representante desta vertente é o tema "Lá em Acari", de MC Batata, ainda vinculado à estética de Miami.
Nos anos 90, com o aumento da violência urbana e a invasão das favelas por forças policiais, as letras passaram a contar esta realidade, como percebemos no "Rap das Armas". Por outro lado, o funk também foi usado para pedir direitos civis, como está claro em "Eu só quero é ser feliz", ambas de MC Cidinho e MC Doca.
A partir do século XXI, as letras de funk tornaram-se cada vez mais apelativas e erotizadas. Abandonam a estrutura de estrofe e refrão para se resumir a frases de efeito como vemos em "Atoladinha", de Bola de Fogo e Tati Quebra-Barraco; ou "Só as cachorras", do Bonde do Tigrão.
Atualmente, o funk carioca se divide em vários sub gêneros como o funk melody, funk ostentação, funk proibidão e new funk.
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Juliana Bezerra Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.Show life that you have a thousand reasons to smile
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