Pangeia

Pangeia (do grego Pan = todo, Gea = Terra), que significa “todas as terras”, ou “terras unidas”, foi o nome dado ao supercontinente existente durante a Era Paleozóica (±540-250 ma), quando todos os continentes existentes atualmente, estavam unidos em um único bloco continental, cercado por um único oceano, o Pantalassa. Este supercontinente foi se moldando até o final do Período Permiano (Era Paleozóica), quando teve início a sua separação, a partir do Período Triássico.

Figura 1. O supercontinente de Pangeia. Ilustração: tinkivinki / Shutterstock.com

A teoria sobre a existência do supercontinente Pangeia teve origem ainda no século XVII, onde cientistas europeus haviam sugerido o encaixe dos mapas das costas atlânticas das Américas, Europa e África, porém, sem dados científicos comprobatórios. Somente no século XX, o cientista Alfred Wegener propôs a teoria da Deriva Continental, que baseada na observação do mapa mundi, as linhas de costa atuais da América do Sul e África se encaixariam, e que todos os continentes poderiam ser encaixados, como num quebra-cabeças, formando um megacontinente. Para explicar essa ideia, propôs que no passado os continentes estiveram unidos, e hoje, separados, como na forma atual. A este supercontinente, foi proposto o nome de Pangeia, e sua fragmentação teria iniciado dividindo-se em dois continentes, a Laurásia a norte (atuais América do Norte, Europa, Ásia e Ártico), e Gondwana a sul (atuais América do Sul, África, Índia, Austrália e Índia), com a criação de um novo oceano entre eles, o Thetys, há mais ou menos 230 milhões de anos, durante o período Triássico, quando a Terra era ainda habitada pelos dinossauros. As principais evidências que Wegener utilizou para comprovar essa teoria foram:

  • presença da flora fóssil de Glossopteris (espécie de gimnosperma primitiva) em regiões da África e do Brasil, onde os locais de ocorrência se correlacionavam, ao se juntarem estes continentes;
  • presença fóssil do réptil Mesossaurus, de ±300 milhões de anos, encontrados apenas na África do Sul e na América do Sul, também com locais de ocorrência correlacionáveis;
  • evidências da glaciação que ocorreu há ±300 milhões de anos atrás, na região sul-sudeste do Brasil, sul da África, Índia, oeste da Austrália e Antártica, como as estrias glaciais, indicando a direção das antigas geleiras, e sedimentos destes locais de ocorrência correlacionáveis.

Apesar das evidências, Wegener não conseguiu explicar questões fundamentais do mecanismo capaz de movimentar as imensas placas continentais, e a Deriva Continental foi considerada fisicamente impossível, e suas ideias caíram em descrédito para grande parte do mundo científico da época.

Figura 2: Distribuição geográfica e correlação dos fósseis que Wegener utilizou como argumentos para a Teoria da Deriva Continental. Ilustração: United States Geological Survey (USGS) / via Wikimedia Commons

Somente por volta dos anos 1960, quando surgiu a Teoria da Tectônica de Placas, a partir da exploração do fundo do Oceano Atlântico, e a descoberta da Cordilheira Meso-Atlântica, explicando como funcionava o movimento entre as placas tectônicas, que a teoria da Deriva Continental pôde ser consequentemente confirmada. Atualmente, junto com a teoria da Tectônica de Placas, a Deriva Continental é amplamente aceita.

Bibliografia:

1. TEIXEIRA, W.; FAIRCHILD, T.; TOLEDO, M.C.M. & TAIOLI, F. (2007). Decifrando a Terra. 2ª edição, São Paulo, SP; Companhia Editora Nacional, 623p.

2. PRESS, F.; SIEVER, R.; GROTZINGER, J. e JORDAN, T.H. (2013). Para entender a Terra. Tradução R. Menegat (coord.), 6ª edição, Porto Alegre, RS; Bookman, 656p.

3. WICANDER, R.; MONROE, J.S. (2009). Fundamentos de Geologia. 1ª edição, São Paulo, SP; Cengage Learning, 507p.

http://www.cprm.gov.br/publique/Redes-Institucionais/Rede-de-Bibliotecas---Rede-Ametista/Canal-Escola/Geologia-4007.html

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