Nos últimos anos foi possível observar um crescimento no número de focos de incêndio no Pantanal, o menor bioma em extensão territorial no Brasil, localizado no Centro-Oeste do país e dividido entre os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Vale lembrar que a planície pantaneira ainda se estende aos países Bolívia e Paraguai.
O ano de 2020 alcançou recordes de queimadas e é considerado o pior ano para o bioma, que registrou 22.116 focos de incêndio, número maior que a soma dos três últimos anos e superior ao que já foi contabilizado desde o início do monitoramento, em 1998, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Setembro foi o mês que o Pantanal apresentou o maior número de queimadas e até novembro cerca de 40 mil km2 havia sido devastado, o que corresponde a cerca de 30% do bioma.
Como consequência, observa-se um grande impacto ambiental principalmente para a biodiversidade da maior planície alagável do planeta, que até 2018 foi considerado o bioma mais preservado do Brasil.
Segundo a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o Pantanal é Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.
As queimadas no Pantanal estão relacionadas com a ação humana e potencializadas por questões naturais, como a seca. Confira detalhes a seguir.
O desmatamento e o agronegócio são as principais causas para o intenso número de queimadas na região.
O Pantanal é um bioma que tem sofrido com o desmatamento, principalmente para o desenvolvimento da agropecuária, como a criação e renovação de pastos e áreas para cultivo de grãos, muitas vezes de forma ilegal.
A principal técnica para remover a cobertura vegetal de uma região é utilizando fogo e grande parte dos focos de incêndio no pantanal foram em propriedades privadas. A ocupação humana e o aumento de atividades na região são também causas da expansão de incêndios florestais.
As condições meteorológicas e as mudanças climáticas estão entre as principais causas para o favorecimento e expansão do fogo no Pantanal.
O bioma tem dois períodos anuais bem divididos: um verão quente e chuvoso e um inverno frio e seco. Como houve pouca precipitação na estação úmida e chuvas mal distribuídas, em 2020 o principal rio da região, o rio Paraguai, chegou ao nível mais baixo em 50 anos.
A seca histórica foi um potencializador da propagação do fogo e aumento dos danos causados. Sendo assim, o intenso período seco, caracterizado por temperaturas elevadas, restos vegetais secos, baixa umidade do ar, chuva escassa e ventos intensos são fatores naturais que podem ter iniciado incêndios e contribuído para que o fogo se espalhasse rapidamente.
Acredita-se que as mudanças climáticas em biomas vizinhos, como Amazônia e Cerrado, também tenham influenciado na dinâmica do clima na região. Por exemplo, observa-se o crescente desmatamento da Amazônia e a diminuição do período de chuvas ao longo dos anos.
Saiba mais sobre o bioma Pantanal.
Os efeitos produzidos pelas queimadas no Pantanal foram vistos imediatamente, mas também afetarão o bioma a longo prazo causando impactos e problemas ambientais.
O mais afetado nas queimadas no pantanal sem dúvida é a biodiversidade, pois é uma região rica em espécies e que podem estar ameaçados pelas mudanças no habitat e escassez de alimento.
De imediato, viu-se o sofrimento dos animais que sofreram queimaduras e intoxicação por não conseguirem fugir do fogo, além do que muitos foram mortos e a vegetação se converteu em cinza e fumaça.
Ademais, o empobrecimento do solo pela perda de nutrientes, o desequilíbrio nos ecossistemas e o aumento da emissão de gases do efeito estufa na atmosfera, como dióxido de carbono, estão entre as principais consequências.
Entretanto, não apenas se observa consequências ambientais, os seres humanos também são afetados. A saúde é prejudicada, principalmente pela poluição do ar, a qualidade da água afeta a pesca na região e a mudança na paisagem compromete o turismo ambiental e a economia local.
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