Questões de Filosofia do Enem

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    Pedro MenezesProfessor de Filosofia

    A Filosofia é uma parte importante da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias do Enem. O bom resultado dos participantes depende do domínio de alguns temas centrais da disciplina.

    Aqui, você vai encontrar questões organizadas por área de conhecimento:

    • Ética
    • Política
    • Teoria do Conhecimento
    • Metafísica

    Confira as questões que caíram no Enem e os comentários que vão ter ajudar a se preparar para a prova.

    Bom Estudo!

    Ética

    1. (Enem/2017) Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá.

    KANT, l. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo. Abril Cultural, 1980

    De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no texto

    a) Assegura que a ação seja aceita por todos a partir livre discussão participativa. b) Garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra. c) Opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal. d) Materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os meios. e) Permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas.

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    Alternativa correta: c) Opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal.

    Essa questão exige dos participantes um estudo sobre a moral de Kant, sobretudo, do seu Imperativo Categórico, que é uma espécie de fórmula kantiana para a resolução das questões morais.

    Com o Imperativo Categórico kantiano temos a resposta para a questão. Ao realizar a “falsa promessa de pagamento”, quem pede o dinheiro emprestado mente e "usa" quem vai lhe emprestar o dinheiro. A pessoa que empresta o dinheiro é tida como um simples meio para a resolução dos problemas financeiros da outra.

    Podemos concluir também que a "falsa promessa" nunca poderá ser entendida como norma universal ou lei da natureza. Se as promessas forem sempre falsas perdem o seu sentido e podem, em último caso, impedir que as pessoas confiem umas nas outras.

    As outras alternativas estão erradas porque:

    a) Para Kant, as ações devem ser avaliadas apartadas de seu contexto e julgadas pela razão. A ação moral não é um acordo ou contrato coletivo.

    b) A ação deve ser julgada em sua relação apenas com o dever. Não está em causa, para Kant, os possíveis efeitos da ação.

    d) Essa concepção aproxima-se da perspectiva de Maquiavel sobre a moral do Príncipe em que as ações são maneiras válidas (meios) para se alcançar um objetivo (fim).

    e) A produção de felicidade se relaciona com o pensamento de utilitarista de Stuart Mill. Para ele, as ações devem ser julgadas pelo máximo de felicidade (objetivo da natureza humana) que elas podem gerar.

    VEJA TAMBÉM: Immanuel Kant

    2. (Enem/2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens que se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.

    MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

    A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser

    a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros. b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política. c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes. d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais. e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

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    Alternativa correta: c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.

    Maquiavel nos mostra em seu livro O Príncipe que a moral e a política não estão sempre relacionadas e que o indivíduo é guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes. E, para o bem de todos, é preferível que um governo seja temido a amado.

    Maquiavel chama a atenção para a o poder exercido pelos governantes. Em sua perspectiva, quanto mais forte e impiedoso for o poder, mais capaz de garantir a paz e a harmonia será.

    As outras alternativas estão erradas porque:

    a) O conceito de virtude (virtù), em Maquiavel, está ligado à possibilidade de escolha (livre-arbítrio) do príncipe. Ou seja, a virtude está relacionada ao governante e não ao homem comum.

    b) O conceito de fortuna também se relaciona somente com o príncipe. É sua capacidade de prever e controlar a “roda da fortuna”, o que significa controlar a imprevisibilidade dos efeitos gerados a partir das ações.

    d) Essa resposta assemelha-se ao pensamento acerca do estado de natureza proposto pelos filósofos contratualistas.

    e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares. Essa concepção remete ao pensamento de Rousseau. O filósofo afirma que o ser humano é naturalmente bom, o “bom selvagem”.

    VEJA TAMBÉM: O Príncipe de Maquiavel

    3. (Enem/2016) Sentimos que toda satisfação de nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as preocupações.

    SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

    O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra indissociavelmente ligada à

    a) a consagração de relacionamentos afetivos. b) administração da independência interior. c) fugacidade do conhecimento empírico. d) liberdade de expressão religiosa. e) busca de prazeres efêmeros.

    Ver Resposta

    Alternativa correta: b) administração da independência interior.

    Schopenhauer é conhecido como o filósofo do pessimismo. Afirmava que a vida é sofrimento e os indivíduos se frustram por idealizar que os poucos momentos de felicidade existentes na vida são uma regra e não um breve momento de exceção.

    Com isso, afirma que a resignação é libertadora. É a administração da independência interior, é a autodeterminação da vontade e do livre-arbítrio.

    As outras alternativas estão erradas porque:

    a) Apesar de Schopenhauer ter dedicado algumas linhas para um assunto que para ele é sub-estudado pela filosofia - o amor - não encontra nas relações afetivas algo que possa ser consagrado ou sacralizado.

    Para ele, o amor é um dispositivo da natureza para a reprodução da espécie. O filósofo compreendia que os seres humanos, por seu caráter racional, poderiam, simplesmente, optar por não se reproduzir. O amor seria um impulso natural que se sobrepõe à razão e faz com que os seres humanos procurem no outro aquilo que os falta, proporcionando o equilíbrio da espécie.

    c) Não está em questão o conhecimento a partir da experiência. O pensamento schopenhaueriano tende ao idealismo, compreende que o conhecimento está relacionado com a vontade e não com a experiência sensível.

    d) A felicidade não está relacionada à questão da liberdade de expressão religiosa. Aliás, o filósofo dá início a uma crítica a moral cristã que foi desenvolvida mais duramente por Nietzsche.

    e) O pensamento de Schopenhauer afirma o caráter efêmero da felicidade, mas essa ideia não faz parte da tradição filosófica.

    Na verdade, Schopenhauer inicia uma corrente de pensamento que aproxima a filosofia ocidental do pensamento oriental, buscando uma concepção distinta de felicidade, sofrimento e prazer.

    VEJA TAMBÉM: Arthur Schopenhauer

    Política

    4. (Enem/2018) Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e invenção.

    HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

    TEXTO II

    Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano.

    ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993 (adaptado).

    Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que sustentam um entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se dá em razão de uma

    a) predisposição ao conhecimento. b) submissão ao transcendente. c) tradição epistemológica. d) condição original. e) vocação política.

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    Alternativa correta: d) condição original.

    Na questão acima, vemos uma das rivalidades mais clássicas da história da filosofia: Hobbes x Rousseau. Apesar de possuírem visões opostas, Hobbes e Rousseau concordam em utilizar uma mesma ideia central, o estado de natureza humano.

    O estado de natureza é uma abstração, uma ideia imaginada sobre condição original dos seres humanos. Um momento pré-social da humanidade onde os indivíduos possuem apenas a liberdade dada pela natureza (liberdade natural) assim como os outros animais.

    Os autores divergem quanto ao que seria essa condição original da humanidade.

    • Para Hobbes, a humanidade em estado de natureza seria a humanidade em uma guerra de todos contra todos. Na natureza somos os nossos maiores inimigos. Para o autor, "o homem é o lobo do homem".
    • Para Rousseau, os seres humanos são naturalmente bons. Em estado de natureza, o ser humano estaria em estado de felicidade aproveitando ao máximo sua liberdade natural. Para o autor, o ser humano seria o "bom selvagem".

    As outras alternativas estão erradas porque:

    a) Para os filósofos, não há uma predisposição ao conhecimento comum aos seres humanos, estes se ligam apenas pelo sentido atribuído pela natureza.

    b) O estado de natureza explicado por Hobbes e Rousseau consiste, justamente, em um estado de liberdade natural que é estar submetido apenas às leis da natureza.

    c) Os dois filósofos não identificam nos seres humanos raízes ou uma tradição epistemológica comum.

    e) Para eles, os seres humanos não possuem uma vocação política. Tanto o "bom selvagem", de Rousseau, quanto o "homem lobo do homem", de Hobbes, apontam para a não aptidão natural à política.

    VEJA TAMBÉM: Contrato Social

    5. (Enem/2017) Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o conhecimento grande influência sobre essa vida? Se assim é esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as duas outras, de modo que essa finalidade será o bem humano.

    ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991 (adaptado)

    Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que

    a) O bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses. b) O sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade. c) A política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade. d) A educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente. e) A democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.

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    Alternativa correta: c) A política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade.

    A questão trabalha com dois conceitos centrais em Aristóteles:

    • O ser humano é um animal político (zoon politikon). Faz parte da natureza humana associar-se e viver em comunidade (pólis) sendo o que nos diferencia dos outros animais.
    • O ser humano naturalmente busca a felicidade. A felicidade é o Bem maior e somente por ignorância, por não compreender o bem, é que o ser humano pratica o mal.

    Sendo assim, a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade. Por ser a garantia da realização da natureza humana nas relações existentes na pólis e a organização de todos em direção à felicidade.

    As outras alternativas estão erradas porque:

    a) Para o filósofo, a natureza política dos seres humanos tende à definição dos interesses comuns.

    b) Aristóteles afirma que o sumo bem é a felicidade (eudaimonia) e os seres humanos realizam-se através da vida política.

    d) A filosofia aristotélica compreende o ser humano como essencialmente bom, não necessitando "formar a consciência para agir corretamente".

    e) Aristóteles era um defensor da política, mas não necessariamente da democracia. Para o filósofo, existe uma série de fatores que compõem um bom governo e esses fatores variam de acordo com os contextos, alterando também a melhor forma de governo.

    VEJA TAMBÉM: Aristóteles

    6. (Enem/2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos.

    Os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário atuam de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.

    MONTESQUIEU, B. Do Espírito das Leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).

    A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um estudo. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja

    a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas. b) consagração do poder político pela autoridade religiosa. c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas. d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo. e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governo eleito.

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    Alternativa correta: d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.

    Montesquieu foi um filósofo influenciado pelo pensamento iluminista. Com isso, faz críticas ao absolutismo e à centralização do poder. Foi defensor da ideia da tripartição do poder para que houvesse o estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo a partir da regulação entre os poderes, impedindo a tirania própria do poder centralizado na mão de um governante.

    As outras alternativas estão erradas porque:

    a) Para o filósofo, algo que interfira na independência de cada um dos poderes incide no risco do autoritarismo gerado pelo acúmulo excessivo de poder.

    b) Montesquieu valoriza o poder advindo do povo, independente de uma determinação religiosa.

    c) Como dito anteriormente, o filósofo era contra qualquer possibilidade de concentração do poder.

    e) Mesmo os governos eleitos democraticamente não podem acumular em si todos os poderes sob o risco de se tornarem tirânicos.

    VEJA TAMBÉM: Três Poderes

    Teoria do Conhecimento

    7. (Enem/2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. Sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.

    BREHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

    O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na

    a) Contemplação da tradição mítica. b) Sustentação do método dialético. c) Relativização do saber verdadeiro. d) Valorização da argumentação retórica. e) Investigação dos fundamentos da natureza.

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    Alternativa correta: b) Sustentação do método dialético.

    Sócrates foi um defensor da ignorância como o princípio básico para o conhecimento. Daí a importância da sua frase "só sei que nada sei". Para ele, é preferível não saber a julgar saber.

    Sendo assim, Sócrates construiu um método que, através do diálogo (método dialético), as falsas certezas e os pré-conceitos eram abandonados, o interlocutor assumia a sua ignorância. A partir daí, buscava o conhecimento verdadeiro.

    As outras alternativas estão erradas porque:

    a) Sócrates busca abandonar os mitos e as opiniões para a construção do conhecimento verdadeiro.

    c) Sócrates acreditava que existe um conhecimento verdadeiro e esse pode ser despertado através da razão. Teceu diversas críticas aos sofistas, por esses assumirem uma perspetiva de relativização do saber.

    d) Os sofistas afirmavam que a verdade é um mero ponto de vista, estando baseada no argumento mais convincente. Para Sócrates, essa posição era contrária à essência do saber verdadeiro, próprio da alma humana.

    e) O filósofo dá início ao período antropológico da filosofia grega. As questões relativas à vida humana viram o centro das atenções, deixando de lado a busca sobre os fundamentos da natureza, própria do período pré-socrático.

    VEJA TAMBÉM: Sócrates

    8. (Enem/2012) TEXTO I

    Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.

    DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

    TEXTO II

    Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.

    HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

    Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume

    a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo. b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica. c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento. d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos. e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.

    Ver Resposta

    Alternativa correta: e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.

    Descartes e Hume são representantes de correntes de pensamento opostos.

    Enquanto, o racionalismo de Descartes propõe que os sentidos são enganosos e não podem servir como base para o conhecimento. O empirismo, que tem em Hume o seu defensor mais radical, afirma que todo conhecimento tem origem na experiência, nos sentidos.

    Com isso, podemos dizer que eles atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.

    As outras alternativas estão erradas porque:

    a) Descartes e o racionalismo desprezam os sentidos para o conhecimento.

    b) O cogito cartesiano (penso, logo existo) nasce da dúvida metódica, Descartes duvida de tudo até encontrar algo seguro para embasar o conhecimento. Sendo assim, a suspeita é uma parte imprescindível para a reflexão filosófica.

    c) O criticismo é uma perspectiva kantiana que visa criticar as posições do racionalismo e do empirismo.

    d) Apesar de Hume assumir uma posição cética quanto ao conhecimento, para Descartes não existe a ideia de impossibilidade para o conhecimento.

    VEJA TAMBÉM: Empirismo

    9. (Enem/2013) Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.

    KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).

    O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que

    a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento. b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo. c) revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica. d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos. e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.

    Ver Resposta

    Alternativa correta: a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.

    Para Kant, o confronto entre a posição empirista e a posição racionalista supõe que o conhecimento está ancorado na relação sujeito-objeto, tendo o objeto como o centro das atenções.

    O filósofo afirma que o conhecimento deve basear-se nas nossas ideias.

    Sendo assim, buscou, a partir de uma analogia à teoria heliocêntrica de Copérnico, estabelecer as ideias, e não os objetos, como o centro do conhecimento.

    As outras alternativas estão erradas porque:

    b) Somente o pensamento empirista pode estar de acordo com o ceticismo. Para os racionalistas, todo conhecimento é resultado da própria Razão.

    c) O que se revela é a centralidade do sujeito como fonte do conhecimento.

    d) A primazia das ideias é a base do pensamento kantiano, mas não estão nas ideias que se confrontam no texto.

    e) Kant faz uma crítica ao pensamento da tradição filosófica, mas busca uma síntese entre as correntes opostas.

    VEJA TAMBÉM: Idealismo Filosófico

    Metafísica

    10. (Enem/2012) TEXTO I

    Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.

    BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).

    TEXTO II

    Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”

    GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).

    Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que

    a) eram baseadas nas ciências da natureza. b) refutavam as teorias de filósofos da religião. c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas. d) postulavam um princípio originário para o mundo. e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.

    Ver Resposta

    Alternativa correta: d) postulavam um princípio originário para o mundo.

    A pergunta sobre a origem de todas as coisas é uma questão que moveu a filosofia desde seu nascimento na Grécia antiga.

    Na tentativa de abandono do pensamento mítico fundamentado em imagens e fabulações, buscou-se uma explicação lógica e racional para o princípio originário do mundo.

    As outras alternativas estão erradas porque:

    a) O pensamento grego busca a compreensão da natureza para explicar a origem do mundo. Entretanto, o princípio estabelecido por Basílio Magno é fundamentado na ideia de Deus.

    b) O filósofo Basílio Magno era teólogo e um filósofo da religião.

    c) O pensamento filosófico nasce da refutação (recusa, negação) dos mitos.

    e) Apenas Basílio Magno defende que Deus é o princípio de todas as coisas. Para Anaxímenes, o elemento primordial (arché) gerador de tudo o que existe é o Ar.

    VEJA TAMBÉM: Filósofos Pré-Socráticos

    Quer saber mais sobre o Enem? Temos certeza que esses artigos podem te ajudar:

    • Questões do Enem que caíram na prova
    • Simulado Enem: questões que caíram na prova
    • Enem: tudo o que você precisa saber
    • Filosofia no Enem: o que mais cai na prova
    • Ciências Humanas e suas Tecnologias
    • Atualidades que podem cair no Enem
    • Temas de redação para arrasar no Enem
    Pedro MenezesLicenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestrando em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).

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