A retórica, do grego rhêtorikê, significa a arte da persuasão através das palavras. A comunicação falada é a base da interação social e mais que isso, atua como o elemento fundamental da política.
Assim, a retórica utiliza a linguagem, de forma eficiente, construindo uma argumentação que visa o convencimento para influenciar a deliberação e a tomada de decisões.
As estratégias de convencimento e persuasão são habilidades retóricas que constroem uma narratividade, influenciando a forma de compreensão ou interpretação da realidade.
A retórica era compreendida entre os gregos como a estrutura básica do direito e da política, a "arte da persuasão" era uma questão fundamental na tomada de decisões dentro da democracia grega.
Dois princípios básicos orientam a democracia, desde seu surgimento na Grécia antiga até hoje em dia: a isonomia (direitos iguais aos cidadãos) e a isegoria (direito a voz e voto).
Assim o direito a voz, exigia, em contrapartida, que os cidadãos gregos possuíssem uma grande capacidade de linguagem para expor de forma clara e convincente suas perspectivas.
Desde então, a política se desenvolve a partir do embate de ideias. Com isso, a retórica visa convencer o adversário ou o público, a partir da exposição clara das ideias e da capacidade de argumentação, sendo um ponto fundamental da atividade política.
A retórica surge de forma organizada e sistematizada a partir da atuação dos sofistas, como forma de convencimento e persuasão. Os sofistas passaram a ter um importante papel no sistema político grego.
Por não acreditar na existência de um conhecimento verdadeiro, a perspectiva sofista compreendia a verdade como uma perspectiva validada pela argumentação eficiente.
O sofista Górgias definiu a retórica como:
persuadir por meio de discursos, os juízes nos tribunais, os conselheiros no conselho, os membros da assembleia na assembleia e em qualquer outra reunião pública.
Em outras palavras, a retórica era o fundamento do que poderia ser tomado como verdade, já que a partir do convencimento gera-se um consenso.
Com isso, o ensino da retórica passou a ser compreendido como uma ferramenta para a participação política e como arte fundamental para a formação do cidadão.
Aristóteles foi um discípulo crítico de Platão, mas como ponto em comum estava a compreensão de um conhecimento verdadeiro. Assim como seu mestre, rechaçava a perspectiva sofista, compreendia o conhecimento apartado da mera opinião consensual.
Entretanto, para Aristóteles a retórica, persuasão através da argumentação, deveria ser percebida como uma técnica fundamental para a política, capaz de demonstrar de forma prática as teses a serem defendidas.
Três aspectos fundamentais suportam o discurso retórico em Aristóteles: ethos, pathos e lógos.
Essa tríade que sustenta a argumentação, proposta pelo filósofo, compõe o que se compreende por retórica atualmente.
Com o apogeu do Império Romano, surge a oratória. Inicialmente, a oratória é a própria retórica. Entretanto, com o passar do tempo, há uma distinção entre as duas.
A oratória assume-se como o bem falar, o expor-se de forma eloquente, mais ligada a capacidade de linguística e de vocabulário. Já a retórica permanece como sendo centrada na ideia de convencimento e persuasão argumentativa.
Veja também:
Aristóteles. Coleção Os Pensadores. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural (1984). Chaui, Marilena. Convite à filosofia. Ática, 1995. Abbagnano, Nicola. Dicionário de Filosofia. 2ª tiragem. SP: Martins Fontes (2003).
Pedro Menezes Licenciado em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Mestrando em Ciências da Educação pela Universidade do Porto (FPCEUP).Show life that you have a thousand reasons to smile
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