O romantismo é um movimento artístico e cultural caracterizado pelo sentimentalismo, subjetivismo e fuga da realidade.
Esse movimento surgiu no século XVIII na Europa, durante a revolução industrial, e logo se espalhou por diversos países como: França, Alemanha, Inglaterra, Brasil e Portugal. Ele durou até meados do século XIX, quando começa o realismo.
Contrário aos valores clássicos de equilíbrio e harmonia, ele se manifestou em diversos campos: literatura, pintura, escultura, arquitetura e música.
A adoração dos Magos (1828), pintura romântica de Domingos SequeiraA arte, que antes era de caráter nobre e erudita, passa a valorizar o folclórico e o nacional. Ela ultrapassa as barreiras da Corte e começa a ganhar a atenção do povo.
Na literatura, o romantismo teve como marco inicial a publicação da obra Os sofrimentos do jovem Werther (1774), do escritor alemão Goethe.
No Brasil, a literatura romântica tem início com a publicação da obra Suspiros poéticos e saudades (1836), de Gonçalves de Magalhães. Já em Portugal, ele começa em 1825 com a publicação da obra poética Camões, escrita por Almeida Garrett.
O romantismo surge no século XVIII na Europa junto ao iluminismo, movimento intelectual baseado na ciência e na racionalidade em oposição à religião e à fé.
Com a revolução industrial inglesa, muitos trabalhadores do campo vão trabalhar nas indústrias. Isso colaborou com o crescimento das cidades e o surgimento de uma classe operária.
Na França, o período é de agitação política e social com a revolução francesa (1789-1799), movimento com foco na liberdade e igualdade de direitos.
A liberdade guiando o povo (1830), pintura romântica do artista francês Eugène DelacroixEm 1806, Napoleão Bonaparte, líder militar da revolução, impõe o Bloqueio continental, que pretendia travar a expansão econômica da Inglaterra, impedindo a entrada de embarcações inglesas em diversos países europeus.
Como Portugal era um aliado comercial da Inglaterra, não participa do bloqueio continental. Temendo a invasão de Napoleão, a corte Portuguesa vai para o Brasil em novembro de 1807, aportando no país em janeiro de 1808.
Com a revolução liberal na cidade do Porto, em 1820, que exigia o retorno da família real do Brasil, Dom João VI retorna a Portugal. Assim, a elite brasileira começa a arquitetar a independência do país, que se realiza em 7 de setembro de 1822.
No Brasil, o Romantismo começa anos depois da Independência do país, que aconteceu em 7 de setembro de 1822.
Livre do controle estabelecido pela metrópole portuguesa, o país começa a buscar uma identidade mais brasileira que o afastasse dos moldes europeus.
É notório na literatura romântica do país a presença de elementos mais brasileiros, com características do povo, da cultura e de uma linguagem regionalista.
O marco inicial do movimento romântico no Brasil é a publicação do livro de poesias Suspiros poéticos e saudades, em 1836, de Gonçalves de Magalhães.
Nesse mesmo ano, foi publicada em Paris a Revista Niterói, que reuniu um grupo de estudantes interessados em divulgar a cultura brasileira, do qual fazia parte Gonçalves de Magalhães. Por esse motivo, essa publicação é tida também como precursora do romantismo no Brasil.
Leia mais sobre o Romantismo no Brasil.
O romantismo no Brasil contou com uma produção literária muito vasta que englobou a poesia lírica e épica, o romance e o teatro. Alguns escritores que tiveram grande destaque no romantismo foram:
O romantismo no Brasil foi dividido em 3 fases, também chamadas de gerações:
A primeira fase do romantismo é chamada de Geração nacionalista-indianista. Inspirados pela ideia de uma nação livre e autônoma, os escritores desse período se empenharam em consolidar alguns aspectos da identidade nacional.
Tendo como foco uma literatura nacionalista, eles exploraram temas relacionados com a valorização da natureza, o povo brasileiro, a cultura popular, o folclore brasileiro e o passado histórico.
Uma das marcas mais relevantes da literatura dessa fase é o indianismo, onde o índio, eleito herói nacional, torna-se símbolo da pureza e da inocência, sendo apontado de maneira idealizada.
Iracema (1884), obra de José Maria de Medeiros (1849-1925)Iracema (trecho da obra de José de Alencar)
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Autores e obras da primeira fase do romantismo no BrasilDiferente da primeira fase, focada na busca de uma identidade nacional, a segunda geração romântica, chamada de ultrarromântica ou de mal do século, foi marcada pelo egocentrismo e o negativismo.
Influenciada pela poesia pessimista do inglês George Gordon Byron (1788-1824), um dos principais escritores do romantismo europeu, essa geração também ficou conhecida como Byroniana.
Numa atitude de protesto contra o mundo e a realidade social e política do país, os escritores desse período mostram desinteresse pela vida. Assim, eles exploram temas como a frustração, a desilusão, o tédio, o negativismo, a fuga da realidade e a morte.
Minha desgraça (trecho do poema publicado na obra Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo)
Minha desgraça, não, não é ser poeta, Nem na terra de amor não ter um eco, E meu anjo de Deus, o meu planeta Tratar-me como trata-se um boneco....
Não é andar de cotovelos rotos, Ter duro como pedra o travesseiro.... Eu sei.... O mundo é um lodaçal perdido Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro....
Entenda mais sobre o Ultrarromantismo.
Autores e obras da segunda fase do romantismo no BrasilOs escritores que tiveram grande destaque na segunda fase romântica foram:
Conheça as Principais obras e autores do Romantismo.
A terceira fase do romantismo é chamada de Geração condoreira, pois está relacionada com a ave condor, uma ave solitária que voa alto e é símbolo dos Andes.
Os escritores dessa fase são inspirados pela poesia do poeta francês Victor Hugo, que também ficou conhecida como Geração hugoana.
Nesse período, surge a poesia social, relacionada, sobretudo, com o tema do abolicionismo. Castro Alves, o “poeta dos escravos”, foi a principal figura do momento, cuja poesia esteve voltada para os problemas humanos, sem apresentar uma visão idealizada do mundo. Temas como a escravidão e a opressão são os mais abordados pelo poeta.
O Navio Negreiro, tragédia no mar (trecho do poema de Castro Alves)
Era um sonho dantesco... O tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do açoite… Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...
Autores e obras da terceira fase do romantismo no BrasilOs escritores de maior destaque na terceira fase romântica foram:
Saiba mais sobre o movimento romântico no Brasil:
O marco inicial do romantismo na Europa foi a publicação da obra Os sofrimentos do jovem Werther, em 1774, do poeta alemão Goethe.
Na Inglaterra, o sentimentalismo romântico é expresso na obra poética de Lord Byron. Além dele, merece destaque Walter Scott e seu romance histórico Ivanhoé, publicado em 1820.
Na França, destacam-se as obras: Os miseráveis, de Victor Hugo, e A Dama das Camélias, do escritor Alexandre Dumas Filho.
Em Portugal, as principais obras românticas são: Camões (1825), de Almeida Garrett, e Amor de perdição (1862), de Camilo Castelo Branco.
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