As frases podem apresentar sujeito indeterminado, sujeito inexistente ou sujeito determinado. Esse último subdivide-se, ainda, em três tipos: sujeito simples, sujeito composto e sujeito oculto.
Quando o verbo principal de uma frase faz referência a um sujeito de núcleo único, temos um sujeito simples.
O núcleo do sujeito é a sua palavra principal e mais importante.
É importante referir que um sujeito simples não é necessariamente representado por apenas uma palavra ou por um termo flexionado no singular.
Exemplos de sujeito simples:
Relativamente ao primeiro exemplo, se nos perguntarmos “Quem comprou a bicicleta”?, teremos como resposta: “Paulo”. Nesse caso, o verbo “comprou” faz referência a um sujeito de núcleo único: Paulo.
Já no segundo exemplo, se nos perguntarmos “Quem está brincando no quintal?”, teremos como resposta “Os meninos”. Veja que, nesse caso, o sujeito é formado por duas palavras. No entanto, o núcleo do sujeito é o elemento “meninos”.
Quando o verbo principal de uma frase faz referência a dois ou mais núcleos do sujeito, temos um sujeito composto.
É importante referir que um sujeito composto não necessariamente é um vocábulo no plural. Observe abaixo.
Exemplos de sujeito composto:
No primeiro exemplo, se nos perguntarmos “Quem fez os doces da festa?”, teremos como resposta “Camila e Lorena”, ou seja, um sujeito com dois núcleos; núcleo 1: Camila; núcleo 2: Lorena.
O mesmo acontece com o segundo exemplo. Quando nos perguntamos “Quem ensaiou para a festa da escola?”, teremos como resposta “A professora e os alunos”. Núcleo 1: professora; núcleo 2: alunos.
No entanto, veja como a frase abaixo é diferente:
Exemplo:
Os netos presentearam a avó.
Se nos perguntarmos “Quem presenteou a avó?”, teremos como resposta “Os netos”. Observe que, as palavras de tal resposta estão no plural, mas isso não é indicativo de sujeito composto.
Como o sujeito tem um núcleo só (netos), temos um caso de sujeito simples.
Também designado de sujeito elíptico, sujeito implícito e sujeito subentendido, o sujeito oculto/desinencial é aquele que não aparece na frase de forma explícita. Podemos dizer que sabemos que ele está ali, mas não conseguimos vê-lo.
No entanto, podemos identificá-lo por conta da desinência do verbo da frase.
A desinência consiste em elementos do final da palavra que permitem identificar a pessoa verbal à qual ela se refere, compreender se a palavra é masculina ou feminina, singular ou plural, etc.
Ao analisarmos a flexão verbal "estamos", por exemplo, observamos o seguinte: -mos: desinência número pessoal indicativa da 1ª pessoa do plural (nós).
Exemplos de sujeito oculto:
Em ambos os exemplos, o que nos indica qual é o sujeito é a desinência da flexão verbal. No primeiro exemplo, o verbo “estamos” nos indica que o sujeito só pode ser “nós”. Já no segundo exemplo, o verbo “deixei” é indicativo de que o sujeito da frase é “eu”.
Nesse caso, tanto o sujeito “nós” quanto o sujeito “eu” estão implícitos.
O sujeito determinado é aquele que pode ser identificado. Compare os exemplos abaixo:
Observe que, no primeiro exemplo, podemos identificar o sujeito (Rita). Por isso, temos um caso de sujeito determinado.
Já na segunda frase, sabemos que alguém disse que vai chover, mas não sabemos quem.
Os sujeitos simples, compostos ou ocultos são sujeitos determinados.
O sujeito indeterminado é aquele que faz referência a alguém, mas não o identifica.
Esse tipo de sujeito geralmente é acompanhado de verbos flexionados na terceira pessoa do plural, ou de verbos flexionados na terceira pessoa do singular, acompanhados da partícula -se.
Exemplos de sujeito indeterminado:
Observe que, no primeiro exemplo, sabemos que alguém esqueceu de trancar a porta, mas não exatamente quem.
Já na segunda frase, identificamos que alguém ou algum lugar precisa de vendedores, mas não compreendemos quem ou que lugar.
Veja também: Sujeito indeterminado e Índice de indeterminação do sujeito.
O sujeito inexistente ocorre no que chamamos de oração sem sujeito, e é acompanhado por um verbo impessoal.
Os verbos impessoais não são acompanhados por sujeitos e podem indicar: fenômenos da natureza (chover, nevar, fazer frio, fazer calor etc.); tempo decorrido (ser, fazer, etc.) e existência ou acontecimento de algo (haver).
Exemplos de sujeito inexistente:
Veja também: Verbos impessoais
1. (CESPE/2019 - adaptada)
Texto CB1A1-I
Em 1996, no artigo Contratos Inteligentes, o criptógrafo Nick Szabo predizia que a internet mudaria para sempre a natureza dos sistemas legais. A Justiça do futuro, dizia, estaria baseada em uma tecnologia chamada contratos inteligentes.
Os contratos legais com que habitualmente trabalham os advogados estão escritos em linguagem frequentemente ambígua e sujeita a interpretações diversas. Um contrato inteligente é um acordo escrito em código de software. Como linguagem de programação, é claro e objetivo. O contrato se executa de maneira automática quando se cumprem as condições acordadas. Ambas as partes podem ter certeza quase total de que o acordo se cumprirá tal como foi combinado. E tudo ocorre em uma rede descentralizada de computadores. Não há nada que as partes possam fazer para evitar o cumprimento do contrato.
Imaginemos que Alice compre um automóvel com um crédito bancário, mas deixe de pagar suas prestações. Uma manhã, introduz sua chave digital no veículo — e a porta não abre. Foi bloqueada por falta de cumprimento do contrato. Minutos depois, chega o funcionário do banco com outra chave digital. Abre a porta, liga o motor e parte com o veículo. O contrato inteligente bloqueou de maneira automática o uso do automóvel por parte de Alice, por causa da falta de cumprimento do contrato. O banco recupera o veículo sem perder tempo com dinheiro nem advogados. Szabo propôs os contratos inteligentes nos anos 90. Mas durante muito tempo, a proposta ficou só na ideia. Até que em 2014 um jovem russo-canadense de 19 anos chamado Vitalik Buterin, usando blockchain, lançou a Ethereum. Trata-se de uma rede que mantém registro compartilhado com a rede bitcoin, mas tem linguagem de programação mais sofisticada, que permite a gravação de contratos inteligentes. Os contratos inteligentes prometem automatizar muitas das ações que historicamente se fizeram por meio de sistemas legais, reduzindo seus custos e aumentando sua velocidade e segurança.
Ainda que o segmento esteja numa fase inicial, aos poucos vão surgindo mais legaltechs para aplicar contratos inteligentes em diferentes setores da economia. Um dos principais desafios está no ambiente regulatório — em particular, no reconhecimento legal desses contratos. “Hoje, contamos com projetos de implementação de contratos inteligentes com validade legal, como OpenLaw, da ConsenSys (Estados Unidos), Accord Project (EUA e Reino Unido), Agrello (Estônia) e dezenas de pequenos empreendimentos pelo mundo”, afirma o advogado especializado em novas tecnologias Albi Rodriguez Jaramillo, cofundador da comunidade LegalBlock, de advogados especialistas em blockchain.
Um segundo desafio é desenvolver a infraestrutura necessária para que os contratos inteligentes possam ser executados. Isso inclui a criação de fechaduras inteligentes que respondam às ordens desses contratos. Elas é que farão a hipotética devedora Alice não conseguir abrir o carro por ter deixado de pagar as prestações. No futuro também será possível que uma casa alugada no Airbnb abra as portas de maneira automática quando ocorre o pagamento. A empresa Slock.it desenvolve uma rede universal de compartilhamento (Universal Sharing Network) na qual, espera-se, vão interagir carros, casas e outros ativos da economia compartilhada. Será uma peça fundamental para o desenvolvimento dos contratos inteligentes na nova economia.
Federico Ast. Como faremos justiça? - A chegada dos contratos inteligentes. In: ÉPOCA Negócios.9/12/2018. Internet https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2018/12/como-faremos-justica.html (com adaptações)
A respeito das propriedades linguísticas e dos sentidos do texto CB1A1-I, julgue o item seguinte.
No trecho “Abre a porta, liga o motor e parte com o veículo”, o termo “o veículo” é sujeito das formas verbais “Abre”, “liga” e “parte”.
a) Certo b) Errado
Ver RespostaAlternativa correta: b) Errado
Podemos compreender que a frase não identifica quem realiza as ações de “abrir”, “ligar” e “partir”. Assim, temos um sujeito oculto.
Para saber quem pratica as ações referidas, precisamos ler as frases anteriores. Ao observarmos o segmento “Minutos depois, chega o funcionário do banco com outra chave.”, podemos perceber que o sujeito, afinal, é “o funcionário do banco”.
2. (Fatec-SP/2017)
TEXTO:
“Não havia um segundo a perder. Tirou o machado de sob o capote, levantando-o com as duas mãos e, com um gesto seco, quase mecânico, deixou-o cair na cabeça da velha. Suas mãos pareciam-lhe não ter mais forças. Entretanto, readquiriu-as assim que vibrou o primeiro golpe.
A velha estava com a cabeça descoberta, como de hábito. Os cabelos claros, grisalhos e escassos, abundantemente oleados, formavam uma pequena trança, presa à nuca por um fragmento de pente. Como era baixa, o golpe atingiu-a nas têmporas. Deu um grito fraco e caiu, tendo tido, no entanto, tempo de levar as mãos à cabeça.”
(DOSTOIÉVSKI, F. Crime e Castigo. São Paulo: Abril, 2010. p.111.)
No trecho “Deu um grito fraco e caiu.”, o sujeito dos verbos destacados é
a) composto, porque as ações dos dois verbos são atribuídas ao pronome pessoal ela. b) inexistente, pois o pronome pessoal ela não aparece na sentença. c) desinencial, pois se subentende a conjugação do verbo com o pronome pessoal ela. d) indeterminado, pois não se pode determinar a posição do pronome pessoal ela no trecho.
Ver RespostaAlternativa correta: c) desinencial, pois se subentende a conjugação do verbo com o pronome pessoal ela.
a) ERRADA. A classificação do sujeito é designada como "composto" quando ele tem dois núcleos, e não quando ações de dois ou mais verbos são atribuídas a ele.
b) ERRADA. O fato de "ela" não aparecer na sentença é indicativo de um sujeito oculto, e não de um sujeito inexistente.
c) CORRETA. Também chamado de "sujeito oculto", o "sujeito desinencial" é aquele que não aparece de forma explícita na frase. Para identificá-lo, devemos observar a desinência do verbo; a terminação que indica a pessoa verbal que o acompanha, gênero, número, etc.
No trecho referido, "deu" e "caiu" são formas dos verbos "dar" e "cair" flexionadas na terceira pessoa do singular (ele/ela/você). Ao lermos as frases anteriores ao trecho, podemos perceber que o sujeito é "a velha", que corresponde a "ela".
"A velha estava com a cabeça descoberta, como de hábito. Os cabelos claros, grisalhos e escassos, abundantemente oleados, formavam uma pequena trança, presa à nuca por um fragmento de pente. Como era baixa, o golpe atingiu-a nas têmporas. Deu um grito fraco e caiu, tendo tido, no entanto, tempo de levar as mãos à cabeça."
d) ERRADA. Um sujeito indeterminado ocorre quando sabemos que há referência a algo ou alguém, mas não sabemos a quem ou a que. Esse tipo de sujeito nada tem a ver com a determinação do posicionamento do sujeito na frase.
3. (OSEC) Das orações: “Pede-se silêncio”, “A caverna anoitecia aos poucos”, “Fazia um calor tremendo naquela tarde” – o sujeito classifica-se respectivamente como:
a) indeterminado, inexistente, simples b) oculto, simples, inexistente c) inexistente, inexistente, inexistente d) oculto, inexistente, simples e) simples, simples, inexistente
Ver RespostaAlternativa correta: e) simples, simples, inexistente
Observe as explicações abaixo para compreender a classificação dos tipos de sujeitos de cada frase.
1. "Pede-se silêncio."
Aqui temos um caso de sujeito paciente, ou seja, um sujeito que sofre a ação. Na frase, o silêncio sofre a ação de ser pedido.
Como se trata de um sujeito de núcleo único (silêncio), ele é classificado como simples.
2. “A caverna anoitecia aos poucos.”
O sujeito da frase é "a caverna". Como apresenta apenas um núcleo (caverna), trata-se de um sujeito simples.
3. “Fazia um calor tremendo naquela tarde”
Na frase, o verbo "fazer" foi utilizado para indicar um fenômeno da natureza (calor). Isso é um indicativo de sujeito inexistente; o verbo não faz referência a nada nem a ninguém, e não indica que/quem pratica a ação.
Para saber mais sobre sujeito, veja:
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