Uma abadia é um monastério católico ou um convento, que fica sob a autoridade de um abade ou de uma abadessa, que trabalham como os pais espirituais de uma comunidade. O nome deriva da palavra em latim abbatia, que, por sua vez, deriva da palavra em aramaico abba, que significa “pai”. Esse termo também pode ser usado para se referir a igrejas que pertenceram a abadias já extintas, como é o caso da Abadia de Westminster.
As primeiras comunidades cristãs monásticas conhecidas consistiam de um conjunto de câmaras ou cabanas, reunidas em volta um centro principal, que geralmente era a casa de algum eremita importante famoso por seu ascetismo singular. Porém, eram instalações sem nenhum intento objetivo ou ordenado. A organização provavelmente foi apenas copiada de exemplos de instalações cristãs na Judéia.
No começo do monasticismo cristão, os ascetas se acostumaram a viver isolados do mundo, independentes uns dos outros, porém não muito longe de alguma igreja, ou de alguma aldeia, onde costumavam distribuir os excedentes do seu trabalho laboral. As perseguições causadas por sua fervoção, acabaram levando-os para cada vez mais longe da civilização, para montanhas e desertos. Os desertos do Egito, por exemplo, contavam com muitas instalações do começo do monasticismo.
Santo Antão do Deserto, que havia se exilado para a região de Tebaida, no Egito, durante a perseguição de Maximiano, o imperador romano, foi o mais célebre entre os eremitas, devido à sua austeridade, sua santidade e suas habilidades como exorcista. Muitos se tornaram seus seguidores, que imitavam seu ascetismo, como uma tentativa de alcançar a sua santidade. Quanto mais ele se escondia em regiões selvagens, mais pessoas se tornavam seus discípulos. Esses discípulos não queriam se separar de seu mestre, por isso construíam cabanas bem humildes ao seu redor de seu pai espiritual. Dessa forma, surgiu a primeira comunidade monástica, consistindo de anacoretas que viviam cada um em sua própria e simples cabana, todos ligados e coordenados por um ente superior. E foi assim que, sem a menor consciência do que fizera, Antão do Deserto se tornou o criador de um modo de vida, o cenobitismo. Eventualmente, uma ordem foi estabelecida para os agrupamentos de cabanas. Elas foram sendo organizadas em linhas, como em acampamentos comuns, e entre as cabanas acabaram se formando linhas, que foram chamadas de laurae, ou “ruas”.
O fundador do cenobitismo, num senso mais moderno, foi Pacômio, um egípcio que viveu no começo do quarto século depois de Cristo. A primeira comunidade formada por ele foi em Tebas. Oito outras comunidades foram fundadas por ele naquela região, juntando cerca de três mil monges. Após 50 anos de sua morte, essas sociedades já contavam com mais de 50 mil membros, todos do sexo masculino.
Já na Idade Média, principalmente após os período de Carlos Magno e das maiores invasões bárbaras, foram nas abadias as mais bem sucedidas empreitadas culturais e até mesmo econômicas na Europa ocidental, não se resumindo a apenas assuntos religiosos, mas também a questões da sociedade. Em alguns países, como na Inglaterra, muitas aldeias passaram a se formar em torno de abadias. Essas abadias obtinham isenção canônica da autoridade episcopal, nos territórios feudais, já que até mesmo alguns bispos recebiam títulos de senhores feudais. Algumas abadias, inclusive, recolhiam o pagamentos de impostos sobre alguns territórios, através da atribuição régia de coutos.
Culturalmente, as abadias trabalhavam preservando incontáveis obras da antiguidade, através do trabalho dos monges, que além de protegê-las, as enriqueciam com comentários. Também desenvolvendo a arte das iluminuras, ou miniaturas. Foram dessas protegidas abadias, que saíram os livros e textos que fundaram o humanismo renascentista moderno. Também muito importante foi a sua obra de assistência social, com a fundação de albergues onde se acolhiam todos os tipos de pobres e peregrinos, e de asilos e enfermarias onde era praticada a ainda básica medicina medieval.
As abadias, geralmente, eram formadas pelas seguintes partes e edifícios:
A igreja: Geralmente ocupava o centro de uma área quadrangular. Os edifícios estavam distribuídos por grupos. A igreja formava o núcleo, como centro da vida religiosa da comunidade. Em relação próxima com a igreja ficavam os edifícios que marcam o quotidiano dos monges, como o refeitório, o dormitório, o salão comum para a necessária convivência social, a sala do capítulo ou sala capitular, para reuniões disciplinares e religiosos. Estes elementos essenciais da vida monástica são abrangidos por um pátio enclaustrado, rodeado por uma arcada coberta, permitindo o trânsito entre os diversos edifícios.
A enfermaria: A enfermaria, para monges doentes, contava com a residência do médico (chamado de físico) além de uma horta medicinal. Nesse mesmo grupo encontrava-se a escola para a instrução dos noviços.
Habitações: dividiam-se em três grupos: um para a recepção das visitas mais importantes. Um outro para os monges que estivessem de passagem pelo convento e outro para os viajantes pobres e peregrinos. O primeiro e terceiro ficavam nos lados da entrada comum do mosteiro. As instalações para os pobres ficavam a sul. Os monges eram alojados numa casa construída junto à parede norte da igreja.
Todos os grandes mosteiros tinham, na sua dependência, fundações menores chamadas de priorados, que consistiam em simples edifícios que serviam de residência e local de trabalho, enquanto que outros se assemelhavam a pequenos mosteiros albergando 5 a 10 monges.
Entre os séculos XVIII e XIX, com tantas revoluções políticas e a formação de novas ideologias sociais, muitas Ordens monásticas chegaram à extinção, e o fechamento de suas abadias, e dilapidação de seu patrimônio, como aconteceu durante o Liberalismo, em Portugal. Um grande exemplo dessa situação foi o Mosteiro de Tibães, que teve todas suas riquezas leiloadas em praça pública, entregando, assim, tesouros culturais inestimáveis para as mãos de anônimos.
As abadias foram responsáveis por criarem muitas das ordens religiosas monásticas católicas, que eram formadas por monges (de sexo masculino ou feminino), que vivem enclausurados num mosteiro. Exemplos: Cistercienses, Beneditinos, Cartuxos e Trapistas.
Fontes: http://www.catolicismoromano.com.br/content/view/744/27/ http://en.wikipedia.org/wiki/Abbey
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