Boadicea

Boadicea foi a rainha dos Iceni, uma tribo celta que liderou uma enorme revolta contra as forças de ocupação do Império Romano na Grã-Bretanha, nos anos 60 d.C. Prasutagus, marido de Boadicea, foi o governador da tribo Iceni, que conseguiu manter um governo independente e aliado a Roma. Após sua morte, o governo romano anexou o território, como se o tivessem conquistado. Boadicea foi açoitada e suas filhas foram estupradas. Prasutagus havia adquirido muitas dívidas com financiadores romanos, que aproveitaram esse momento para cobrar a dívida. Suas terras e propriedades foram confiscadas, nobres e súditos foram escravizados, responsabilizados pela dívida.

Em 60 d.C, enquanto o governador Caio Suetônio Paulino estava liderando uma campanha contra a Ilha de Mona (atual Anglesey), um importante refúgio dos rebeldes britânicos, além de reduto de druidas, os Iceni se juntaram com os seus vizinhos Trinovantes, entre outras tribos, dando início à revolta na região. Boadicea foi escolhida como seu líder. Os rebeldes se espelharam no exemplo de Armínio, o príncipe do Cheruscos, que tinha conseguido retirar os romanos da Alemanha, em 9 d. C., além de seus próprios antepassados ​​que tinham expulso Júlio César da Grã-Bretanha. As lendas contam que Boadicea se utilizou de técnicas de magia celta invocando Andraste, a deusa britânica da vitória.

O primeiro alvo dos rebeldes foi Camulodunum (hoje Colchester), a antiga capital dos Trinovantes, transformada numa colonia romana. Os soldados romanos que tinham sido colocados lá maltratavam os moradores, além de construírem um templo em adoração ao Imperador Cláudio, construído às custas locais, tornando a cidade num barril de pólvora. Os cidadãos romanos chegaram a pedir reforços do procurador Catus Decianus, mas ele enviou apenas 200 soldados. O exército de Boadicea destruiu tudo o que conseguiu coma cidade tão pouco protegida. A cidade foi praticamente demolida naquele dia. O então comandante Quintus Petillius Cerialis levou a Legião IX Hispana para a cidade, para tentar retomá-la, mas sofreu uma derrota humilhante, perdendo toda a sua infantaria, tendo apenas ele e alguns membros da cavalaria sobrevivido. Depois dessa derrota, Catus Decianus fugiu para o País de Gales.

Nos meses que se seguiram, três colônias romanas foram destruídas, com, estimativamente, resultando num número de 78 mil mortos. Os britânicos não tinha interesse algum em pegar e vender prisoneiros, que eram sumariamente executados por forca, fogo ou crucificação.

Enquanto o exército de Boadicea continuava seu ataque, os romanos reagrupavam suas forças. Os comandantes romanos conseguiram erguer um exército com cerca de 10 mil homens, acumulando diversas divisões espalhadas pelo país. Mesmo com total superioridade numérica (acredita-se que a este ponto, Boadicea já comandava aproximadamente 30 mil homens), os britânicos começaram a sofrer perdas. Os líderes dos rebeldes, incluindo Boadicea, não tinham habilidade suficiente para comandar tropas tão grandes, diferente dos disciplinados e bem equipados romanos.

No embate final, os romanos avançaram sobre a desolação das tropas britânicas, que já tentavam fugir, mas foram massacrados. Registros contam que quase 8 mil britânicos foram mortos, contra apenas 400 romanos. Tácito conta que Boadicea cometera suicídio por envenenamento. Alguns outros dizem que ela acabou morrendo por doenças, tendo um um sepultamento luxuoso.

Após a revolta ser completamente subjugada, Nero, temendo novas insurgências, preferiu trocar o governo da região, colocando Públio Petrônio Turpilianus no poder. Toda essa crise quase fez com que Nero abandonasse de vez a Grã-Bretanha. Apesar de muitas dúvidas sobre o local da última batalha, em 2009 foi sugerido que os Iceni estavam voltando para East Anglia quando foram interceptados pelo exército romano nas proximidades de Arbury Bank, Hertfordshire.

A maior parte dos registros da história de Boadicea foram feitos por Tácito, o mais importante historiador romano deste período, que teve um interesse especial na Grã-Bretanha, como o seu padrasto, Gnaeus Julius Agricola, servindo lá três vezes. Agricola era um militar sob as ordens de Suetônio Paulino, que certamente deu a Tácito uma fonte testemunhal para a revolta de Boadicea.

A história foi esquecida durante toda a Idade Média, tendo sido relembrada apenas no Período Vitoriano, quando Boadicea ganhou a lendária fama que tem hoje, quando a rainha Vitória foi vista como sua xará. Existe alguma dificuldade em definir exatamente o nome e a pronúncia do nome Boadicea. Entre as variadas formas de escrever seu nome, estão Voadicia e Bunduca. Mesmo registros oficiais se diferem entre eles. Na pronúncia moderna do Inglês, concordou-se que o mais equivalente ao seu, em significado, seria "Victoria".

O poeta laureado da rainha escreveu um famoso poema "Boadicea", e depois disso muitos navios foram batizados com esse nome. Uma grande estátua de bronze de Boadicea, com suas filhas, foi encomendado pelo príncipe Albert e feito por Thomas Thornycroft. O trabalho foi concluído em 1905, e foi colocado ao lado da ponte de Westminster e as Casas do Parlamento, com as seguintes linhas de um poema de William Cowper: "Regiões que César nunca conheceu. Teus descendentes irão temer".

Fontes: http://www.bbc.co.uk/history/historic_figures/boudicca.shtml‎ http://www.livescience.com/37061-boudicca.html‎ http://en.wikipedia.org/wiki/Boudica

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