Os vírus são partículas infeciosas, não considerados seres vivos pela maioria dos cientistas, apesar de haver controvérsia, devido só se replicarem dentro da célula hospedeira. Esses microrganismos invisíveis ao olho nu possuem apenas um tipo de material genético, seja DNA ou RNA e isso tem papel importante na genética do vírus. Eles possuem uma grande capacidade de mutação, ou seja, modificam-se com grande facilidade, criando novos vírus com material genético diferente do que lhe deu origem. Essa alta taxa de mutação faz com que praticamente cada partícula viral contenha um genoma diferente das demais. Assim temos o que chamamos de uma nova cepa ou estirpe viral. Os vírus, principalmente os de RNA possuem um alto grau de variabilidade, resultado de fenômenos como as mutações e recombinações de segmentos específicos de seu genoma.
Por definição, em biologia, cepa/estirpe se refere a um grupo de descendentes com um ancestral comum que compartilham semelhanças morfológicas ou fisiológicas.
Essas mutações podem ocorrer espontaneamente no genoma viral, ou serem induzidas por agentes físicos e químicos, criando a nova linhagem com propriedades que diferenciam dos vírus parentais ou selvagens. As novas cepas podem ser identificadas por pequenas diferenças na sequência dos nucleotídeos, diferenças antigênicas ou ainda diferenças nas propriedades funcionais e estruturais. Essas mutações podem ter efeito prejudicial para o vírus ou não. Algumas das mutações, que ocorrem em genes essenciais, podem gerar resistência a drogas antivirais e alterar a patogenicidade viral.
Novas cepas virais também surgir por interações genéticas entre os vírus ou entre os vírus e as células.
A virulência do vírus também depende da cepa viral (algumas variantes são mais virulentas que outras), da dose ou carga viral recebida pelo hospedeiro, da via de inoculação e da suscetibilidade do hospedeiro. As estirpes e variantes apresentam propriedades biológicas diferentes e diferentes graus de virulência.
Quando somos infectados por algum vírus, nosso sistema de defesa (sistema imunológico) o reconhece e combate, eliminando do organismo e gerando uma memória, ou seja, em uma segunda infecção, o sistema reconhece e combate o patógeno imediatamente impedindo que ele cause danos. Entretanto, quando os vírus sofrem as mutações em seu genoma e produzem as novas estirpes, é como se fosse uma nova espécie viral, podendo causar novamente danos. A gripe é um bom exemplo, o H1N1 é uma estirpe ou cepa do vírus da gripe que ficou famosa por causar sintomas mais fortes. O vírus HIV é um outro exemplo, pois sofrem muitas mutações rapidamente e tem desenvolvido muitos sorotipos desde a sua identificação.
Fontes:
MURRAY, PATRICK R.; ROSENTHAL, KEN S.; PFALLER, MICHAEL A. Microbiologia Médica. 6 ed. Ed. Elsevier, 2009.
TORTORA, G.J., FUNKE, B.R., CASE, C.L. Microbiologia. -8. ed.-Porto Alegre: Artmed, 2005.
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