Condoreirismo

O condoreirismo é uma parte da escola literária da poesia brasileira, que pertence à terceira fase do Romantismo de 1870 a 1880.

Essa terceira geração da poesia romântica é chamada de condoreira, devido ao simbolismo do condor, ave que voa a grandes alturas, transmitindo às pessoas a sensação de liberdade.

Os escritores dessa época desenvolveram a poesia condoreira ou poesia social, com o objetivo de tratar sobre os problemas sociais brasileiros, mas em forma de manifestação literária. Eles também tratam de uma forma nova o tema amoroso, rompendo com a tradição romântica ao preferir temas como ufanismo e o egocentrismo, características encontradas na primeira e na segunda fase do Romantismo.

E um dos problemas sociais tratados nessas poesias condoreiras é o sofrimento dos escravos. Infelizmente, ainda, no Brasil, era predominante esse tipo de força de trabalho.

Em seus poemas, os poetas demonstram superioridade e grandiloquência, características que se assemelham às da ave citada anteriormente. Eles acreditavam ser dotados da capacidade da ave, por conta disso, obrigados ao compromisso, como poetas-gênios iluminados por Deus, de orientar os homens comuns para os caminhos da justiça e da liberdade. Alguns também eram ligados à corrente hugoana, como é chamada a influência do escritor francês Victor Hugo.

Os condoreiros ou poetas escreviam seus poemas com o objetivo de convencer o leitor-ouvinte e conquistá-lo para a causa defendida, para isso, abusavam de palavras rebuscadas, próximo da oratória.

Vários escritores participaram desse grupo, entre eles está Castro Alves, Pedro Luis, Pedro Calasans e, até certo ponto, Sousândrade.

Porém, quem tornou-se o maior representante da poesia social ou condoreira foi o poeta Castro Alves. Ele foi considerado a principal expressão condoreira da poesia brasileira. Além de poesia social, o escritor cultivou ainda a poesia lírica, a épica e o teatro.

Chamado de “poeta dos escravos”, Antonio Frederico de Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847, na Bahia. Estudou Direito em Recife e em São Paulo.

Escreveu diversas obras representando nelas os seus traços fortes de personalidade, como a exaltação da natureza brasileira e a dedicação às causas humanas e sociais, entre elas o abolicionismo. Também escreveu sobre a figura da mulher não idealizada, mas envolvida por uma atmosfera de erotismo e sensualidade.

Em suas obras, faz uso de forte sugestão visual e auditiva, além de hipérboles e antíteses.

Foi um poeta que se comunicou diretamente com o povo, com quem identificava os seus sentimentos.

Foi responsável pelo sucesso de diversas obras, entre elas está o “Navio Negreiro”, de 1868. É um poema épico-dramático que integra a obra “Os escravos” e, ao lado de “Vozes d"África”, da mesma obra, vem a ser uma das principais realizações do autor.

Nessa obra, Castro Alves denuncia a escravização e o transporte de negros para o Brasil. Ele mostra o sofrimento dos negros ao serem transportados da África para o Brasil em sujos navios, nos quais chegavam a permanecer cerca de três meses. Infelizmente, muitos escravos não resistiam e morriam no caminho, devido às condições precárias a que eram submetidos.

O autor recriou essas cenas dramáticas do transporte dos escravos no porão dos navios negreiros, graças aos relatos de escravos com quem conviveu na Bahia, quando ainda era menino.

Quando o poema foi escrito, já fazia dezoito anos que vigorava a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos, mas a escravidão no país persistia.

Castro Alves morreu em 6 de julho de 1871, em decorrência da tuberculose.

Bibliografia:

CEREJA, William Roberto. MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens. 5. ed. São Paulo: Atual, 2005. p. 103-105.

Módulo do ensino integrado: língua portuguesa. São Paulo: DCL, 2002. p. 126.

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