Correspondente de Guerra

Um correspondente de guerra é um jornalista que cobre acontecimentos direto do front de uma zona de guerra. No século XIX eram conhecidos como correspondentes especiais. A profissão faz com que o jornalista se desloque, deliberadamente, para algumas das regiões de conflito mais perigosas do mundo, fazendo dessa, a forma mais perigosa de jornalismo. Uma vez nesses locais, eles tentam se aproximar o suficiente para acompanhar a ação e produzirem obras escritas, imagens ou gravações de áudio ou vídeo. Apesar do perigo, esse é um dos ramos mais bem sucedidos do jornalismo. A venda de jornais crescem drasticamente durante períodos de conflitos ou guerras, e a audiência no canais jornalísticos de TV também cresce.

Foto: PRESSLAB / Shutterstock.com

Algumas organizações de notícias têm, muitas vezes, sido acusadas de prática de militarismo, por causa de todas essas vantagens que elas obtém com um conflito. O magnata e dono do New York Journal, Willian Hearst (1863 - 1951), por exemplo, é considerado uma das peças principais que encorajaram a Guerra Hispano-Americana, por razões particulares.

Apenas alguns conflitos recebem cobertura mundial e extensiva. Entre as últimas guerras que receberam mais cobertura, estão a Guerra de Kosovo e as Guerras do Golfo. Recentemente, os conflitos internos na Síria, Líbia e no Egito foram fortemente cobertos, mas por, principalmente, jornalistas amadores, já que os países limitaram fortemente a presença de jornalistas em seus territórios. A maioria das guerras e conflitos do terceiro mundo, porém, não provocam grande interesse nas agências de notícias, além da falta de infra-estrutura provocar mais gastos e dificuldades na cobertura, além, é claro, desses conflitos serem muito mais perigosos para os correspondentes de guerra.

Correspondente de guerra é um cargo tão antigo quanto o próprio jornalismo. Antes do jornalismo moderno e das explosão comunicacional que as novas tecnologias provocaram, era comum que longos relatórios fossem escritos no fim dos conflitos. O primeiro indivíduo conhecido por relatar por escrito uma guerra foi Heródoto, que escreveu sobre as Guerras Médicas, apesar dele mesmo não ter participado dos eventos, diferente de Tucídides que, anos mais tarde, escreveu sobre a Guerra do Peloponeso, sendo ele mesmo um observador do conflito.

Acredita-se que o pintor holandês Willem van de Velde foi o primeiro correspondente de guerra no jornalismo moderno. Ele, em 1653, saiu no mar num pequeno bote, para observar uma batalha naval entre a Holanda e a Inglaterra, sobre a qual ele realizou desenhou esboços no próprio local, que, posteriormente, ele transformou em uma única grande pintura, que ele adicionou no relato que escreveu para os Estados Gerais dos Países Baixos. Modernizações, como o jornal expresso e as revistas trouxeram diversas modernidades aos correspondentes. Um dos primeiros correspondentes de guerra profissionais foi o inglês Henry Robinson, que cobriu as Campanhas Napoleônicas na Espanha e na Alemanha para o jornal londrino “The Times”.

O irlandês Willian Russel é, por muitas vezes, citado como o primeiro correspondente de guerra moderno, graças ao seu trabalho na da Guerra da Crimeia, que foi um conflito que se estendeu de 1853 a 1856, na península da Crimeia (ao sul da atual Ucrânia), no sul da Rússia e nos Bálcãs. Envolveu, de um lado o Império Russo e, de outro, a Aliança Anglo-Franco-Sarda, formada pelo Reino Unido, a França, o Piemonte-Sardenha (na atual Itália). Esta coalizão, que contou ainda com o apoio do Império Austríaco, foi formada como reação às pretensões expansionistas russas. Os relatos dessa época eram quase tão longos e analíticos como primeiros livros sobre guerras, tendo Russe levado várias semanas para a sua conclusão e publicação.

Só com o advento do telégrafo que se tornou possível para os correspondentes de guerra enviarem relatos diários sobre os acontecimentos, fazendo com que os eventos pudessem ser relatados em textos descritivos menores, modalidade de escrita que até hoje é uma prática comum. Foi então que os jornalistas passaram a enfrentar mais fortemente a força da censura, como aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial. O Lord e marechal-de-campo britânico, Horatio Herbert Kitchener, famoso por odiar os repórteres, decidiu em 1914 que tornaria praticamente impraticável o exercício da profissão durante a guerra, como a obrigação de identificações coloridas nos jornalistas, os transformando em verdadeiros alvos.

O contínuo progresso da tecnologia permitiu a cobertura ao vivo de eventos via satélite. O surgimento de canais de notícias 24 horas levou a um aumento da demanda para essa cobertura. Uma das primeiras guerras em que os jornalistas tiveram acesso a esses tipos de equipamentos foi a Guerra do Vietnã, quando redes de notícias do mundo todo enviaram cinegrafistas com câmeras portáteis e correspondentes de guerra para o país. Isto acabou por se tornar prejudicial para a imagem dos Estados Unidos, devido à brutalidade exercida pelos soldados americanos, vistas diariamente nos jornais de TV.

Fontes: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/correspondente_de_guerra_a_rotina_da_cobertura_no_front http://en.wikipedia.org/wiki/War_correspondent

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