Economia do Dom é o conceito que define doações de bens ou de serviços com retornos indiretos.
Utiliza-se em Ciências Sociais um termo cunhado pelo francês Marcel Mauss em um dos seus principais textos para definir ações sem contrapartida direta. O termo francês don foi apresentado em 1924 em meio a um estudo de fluxos de objetos materiais, de rituais, de pessoas, de nomes etc. Mauss avaliou as dimensões simbólicas desses movimentos na estrutura social e verificou também os diferentes modos de lidar com ofertas, trocas e reciprocidades nas sociedades estruturadas. O pesquisador francês concluiu que presentes ou serviços voluntários escondem uma reciprocidade obrigatória, na qual não há equivalência de valor e um indivíduo está sempre em dívida com o outro. Assim, dispor de um bem é fundamental para formação de alianças e para geração de respeito.
A Economia do Dom é fruto dos estudos de Marcel Mauss e consiste em uma forma de organização social, não um contrato formal. O termo também pode ser referenciado como Economia da Doação, Economia da Dádiva ou Cultura da Dádiva. Seja como for, representa a reciprocidade existente em forma de corrente contínua de doações. Assim, há um valor implícito em objetos ou ações que se diferencia da economia do mercado caracteriza pelas trocas diretas de bens e de serviços. Embora Mauss tenha avaliado a Economia do Dom em sociedades primitivas e outros pesquisadores a tenham avaliado em comunidades arcaicas e indígenas pelo mundo, ela está presente no nosso cotidiano. Historicamente, inclusive, ela coexistiu com economias planificadas, com economias de mercado e com economias de escambo.
Na sociedade contemporânea, a Economia do Dom se expressa em diversas oportunidades, como através da adoção, do sexo, da doação de órgãos, de bancos de sangue, da informação, da internet, de software livre, da ciência, de famílias e de festas. Mas não é só isso, a relação de reciprocidade indireta é muito presente em nosso cotidiano. Desde uma macroabordagem até uma microabordagem, a Economia do Dom está presente em experiências de dívida e crédito, em favores políticos ou mesmo em presentes entre parentes e amigos. O indivíduo que concede alguma coisa a alguém possui maior valoração social. Embora sua atitude seja voluntária e sem contrapartida direta, o retorno é dado pelas relações sociais, que conferem prestígio e status diferenciado para os doadores ou prestadores de serviços voluntários. Ações filantrópicas, por exemplo, são, geralmente, constituídas de boas intenções, mas não estão isentas de reciprocidade social implícita, pois destaca os indivíduos filantropos na sociedade, concedendo-os prestígio que se convertem em capital e poder social, tornando esses indivíduos mais fortes politicamente e na influência social.
Fontes: http://w3.ufsm.br/filosofia/wp-content/uploads/2011/11/A-luta-por-reconhecimento-e-a-economia-do-dom.pdf http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=487&secao=199 http://afm.cirad.fr/documents/1_Dynamiques/CD_AFM/textes/307.pdf
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