Dois fatores talvez mereçam maior destaque no que se referem às dificuldades enfrentadas pelos educandos quando lhes são apresentadas as ciências naturais em sala de aula: o seu nível de desenvolvimento cognitivo e a metodologia empregada pelo professor.
Referente ao primeiro dos fatores apresentados, cada indivíduo, ao nascer, possui estruturas genéticas hereditárias que o capacitam a construir o seu próprio conhecimento, a evoluir dentro do aspecto cognitivo, a vencer limites e a desenvolver a sua inteligência pessoal.
O que torna os indivíduos diferentes é a maneira como cada um irá interagir com o meio. Tais afirmações vão ao encontro à teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget (1983), a qual propõe que, biologicamente, todos os indivíduos nascem com capacidades iguais, predeterminadas para a espécie humana e produto de sua evolução e que as diferenças entre os indivíduos são devidas às diferentes interações destes com o meio. No sujeito, a superação das estruturas cognitivas existentes por outras, mais abrangentes, caracteriza a aprendizagem e ela efetivamente ocorre quando há mudanças de comportamento no indivíduo, por exemplo, quando ele consegue resolver um problema proposto em sala de aula pelo professor.
Referente ao segundo dos fatores apresentados, o ensino, da maneira como tem sido desenvolvido, de forma fragmentada e distante da realidade dos alunos, não leva a uma aprendizagem significativa e, certamente, uma de suas causas é a metodologia empregada.
De acordo com Cachapuz, (1999), a renovação do ensino de ciências necessita não só de uma renovação epistemológica dos professores, mas que essa venha acompanhada por uma renovação didática – metodologia de suas aulas. Particularmente nas disciplinas de ciências, a metodologia aplicada, na maioria das vezes, baseia-se na transmissão de conceitos abstratos que levam o aluno a decorar aquilo que não compreende, a reproduzir as ideias do professor sem que haja uma construção efetiva do seu conhecimento. Se o aluno não for levado a pensar, a experimentar, a vivenciar situações de ensino, não poderá realizar uma aprendizagem significativa.
Dessa forma, torna-se necessário adequar os conteúdos e a metodologia empregada pelo professor às capacidades cognitivas dos alunos que hoje temos. E para que os alunos possam passar de meros espectadores do processo ao grau de construção de seu conhecimento, torna-se necessário que alguns fatores sejam considerados, tais como a interdisciplinaridade concreta, a adequação dos conteúdos à realidade do aluno, a valorização do conhecimento prévio desse aluno, atividades experimentais e noções de cidadania.
Referências: PIAGET, J.; Problemas de psicologia genética. In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
CACHAPUZ, A. 1999. Epistemologia e ensino das ciências no pós – mudança conceitual: análise de um percurso de pesquisa In: II Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, Valinhos: São Paulo. Atas II – ENPEC.
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