O termo higienismo, numa visão mais moderna e naturalista, tem algumas vertentes como por exemplo a de uma alimentação diferenciada com alimentos crus, reeducação alimentar, evitando assim as toxinas. Encontraremos na literatura alguns artigos que explanam o assunto, mas sua origem real está no sentido urbano, higienização de espaços urbanos, assunto que trataremos a seguir.
O “higienismo” surgiu entre os séculos XIX e XX, quando médicos e sanitaristas refletiam sobre sucessivas ocorrências de surtos epidêmicos de algumas doenças, como por exemplo: febre amarela, tifo, varíola e tuberculose, as quais aumentavam em estatísticas de mortes entre populações urbanas. Tais acontecimentos chamaram a atenção sobre as razões de sua ocorrência, originando-se uma linha de pensamento denominada de higienismo, em que defendiam-se padrões sociais e de comportamento em nome da saúde.
Para tais reflexões, esses profissionais encontraram como centro de estudos os espaços urbanos, onde concentrava-se um grande número de patologias, clamando por pesquisas e intervenções as quais mais tarde tornaram-se necessárias em todos os aspectos.
Tratando-se do emergente crescimento industrial das cidades, com recente desenvolvimento urbano visualiza-se a preocupação inicial desses médicos, que tinham formação em administração sanitária e saúde pública, e observavam as pessoas como fator central de todo esse processo. Vendo crescer uma população que necessitava de acolhimento, orientação, trabalho digno, educação, enfim, todos os requisitos para uma vida social que qualquer pessoa de qualquer classe merece ter, prosseguiram na sua idéia de trazer aos que necessitavam uma forma de vida mais digna e salubre , acompanhada de desenvolvimento.
Dando sequência aos seus estudos basicamente entre os operários das indústrias, verificaram que tanto nas condições de trabalho quanto na vida pessoal , , faltavam aspectos positivos, de salubridade, e higiênicos, ausência também de saneamento básico e assistência social, maus hábitos de moradia, ou moradias coletivas, muitas vezes ligados à pobreza, que colaboravam para a disseminação dessas doenças entre a população em geral.
Sendo assim, como resultado de vários estudos e como estratégia para atingir-se um melhor nível de saúde e controle sanitarista, adotaram-se condutas higienistas nos espaços privados e públicos, como zelo com o vestuário, cuidados sanitários, comportamento social, preservação dos espaços íntimos e sociais, fiscalização em relação à higiene, entre outros, onde os responsáveis pelo movimento preocupavam-se principalmente com a educação infantil, não descuidando-se porém da orientação da classe produtiva e trabalhadora.
Nessa ocasião, surgiu inclusive a Constituição de 1934, art. 138 versando sobre hábitos de higiene para impedir a propagação de doenças transmissíveis, orientando sobre condições de moradia, criando serviços sociais, artigos que visavam proteger a juventude de qualquer exploração, e adotando medidas de um novo comportamento.
Porém de certa forma o higienismo, buscando defender o que parecia ser uma idéia de ordem e higiene, tomou uma grande proporção polêmica, pois passou a ser visto por alguns como preconceito ou discriminação, sendo que acreditavam que no conceito de “higienizar”, haveria um sentido oculto de "descartar" o que na visão de alguns não servia para a cidade.
No entanto, a origem do movimento buscou e busca para o indivíduo e para a sociedade um equilíbrio tanto moral, quanto intelectual, físico e social, pois podemos verificar que algumas condutas governamentais estendem-se até os dias de hoje.
Embora alguns autores preconizem que seu término deu-se no final de século XX ainda objetiva-se alcançar um patamar de saúde que leve os indivíduos à uma expectativa maior de qualidade de vida, com melhores condições humanas.
Referências bibliográficas:
BARBOZA, Rose. "Parabéns pela cidade limpa". Disponível em http://www.controversia.com.br/index.php?act=textos&id=441
FERNANDES, Priscila Dantas; OLIVEIRA, Kécia Karine S. de. "Movimento higienista e o atendimento à criança." Disponível em http://simposioregionalvozesalternativas.files.wordpress.com/2012/11/priscila-movimento-higienista-e-o-atendimento-c3a0-crianc3a7a.pdf
“Descontinuidades e Continuidades do Movimento Higienista no Brasil do século X”, JÚNIOR, Edivaldo Góis; LOVISOLO, Hugo Rodolfo.
"Cidades, Práticas Higienistas e Produção do Espaço Urbano,2010, Correa, Lucelinda Schramm
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