Incidente em Antares

Escrito em 1971, um dos últimos livros da obra de Érico Veríssimo, Incidente em Antares é marcado por um forte tom político, além de trazer características do Realismo Fanstástico, já que coisas reais e irreais acontecem com a mesma naturalidade.

A obra se passa em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, tão pequena que nem consta no mapa, Antares.

Com uma linguagem irônica, perspassada de humor e ao mesmo tempo de crítica social, Érico Veríssimo traz neste romance uma análise da sociedade de Antares em uma comparação à própria sociedade brasileira.

Em 1963, as famílias mais tradicionais da cidade, os Campolargo e os Vacariano, lutam pelos privilégios de sua classe oligárquica ao mesmo tempo que tem confrontos com as novas ideias políticas que estão surgindo, principalmente o comunismo, crescente na classe operária de Antares.

O livro é dividido em duas partes. Na primeira parte, temos um panorama da situação política e social da cidade, os grupos políticos, a apresentação dos personagens e a revelação dos interesses de cada um.

Na segunda parte, acontece o "incidente" do título da obra.

Acontece uma greve geral em Antares, e por consequência, uma paralisação total dos trabalhadores. Neste mesmo dia, 7 pessoas morrem e ficam insepultas porque os coveiros também entram de greve. À noite, os mortos levantam-se do caixão e reunidos, resolvem voltar a Antares para reivindicar seu direito de sepultura.

São eles:

  • Quitéria Campolargo: a matriarca da cidade, que morreu do coração;
  • Barcelona: o sapateiro anarquista, também vítima de um ataque cardíaco;
  • Cícero Branco, o influente advogado vitimado por um AVC;
  • João Paz, comunista que foi torturado até a morte pela polícia;
  • Pudim de Cachaça, bêbado envenenado pela mulher;
  • Menandro Olinda, o genial pianista, gravemente deprimido, que se suicidou, cortando os pulsos;
  • Erotildes, prostituta, vítima de tuberculose e que não foi atendida a tempo pelos médicos

O que marca toda essa movimentação é uma “assembleia” ao meio-dia de uma sexta-feira, 13 de dezembro de 1963, em que os mortos convocam toda a cidade e resolvem falar todas as verdades que sabem, incluindo os políticos e autoridades corruptas e os crimes das pessoas. Como estão mortos, não temem represália nenhuma, já que estão livres de qualquer castigo.

Após o sepultamento dos mortos, as autoridades começaram uma operação borracha entre a população para que esquecessem tudo que havia acontecido. Os jornalistas que chegaram pouco depois dos mortos terem sidos enterrados, foram embora acreditando terem sido vítimas de uma investida do prefeito para chamar atenção à cidade. Aos poucos, as pessoas não lembravam mais ou não sabiam se tudo aquilo tinha sido fruto de uma histeria coletiva.

Fontes: http://minerva.ufpel.edu.br/~felipezs/ http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Tempo_e_o_Vento

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