O ensino, quando reduzido apenas à tentativa da transmissão de informações do professor ao aluno, não se caracteriza como um processo solidário e produtivo, uma vez que o educando dificilmente será capaz de relacionar entre si as informações que ouve, e, da mesma forma, será muito difícil que seja capaz de produzir um conhecimento próprio e consolidado.
O desenvolvimento do conhecimento de forma fragmentada, isolada, gera uma grande dificuldade de visão do todo, de estabelecer relações entre os fatos e o dia a dia, prejudicando o desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Na visão piagetiana, o ser humano desenvolve-se, tornando-se um ser integral e associando o seu desenvolvimento mental e biológico. A interdisciplinaridade, dessa forma, surge da necessidade de compatibilizar o aumento da quantidade disponível de conhecimentos com uma instrumentalização do indivíduo para o uso desses conhecimentos a fim de melhorar a sua vida e a da sociedade na qual está inserido.
No que tange ao ensino, vejo que a interdisciplinaridade pode ser desenvolvida a partir de uma ação interdisciplinar na elaboração de currículos, como também na atuação do professor em sala de aula. Nesse aspecto, torna-se necessário que o educador perceba as diferentes relações que podem ser estabelecidas entre os conteúdos desenvolvidos na sua disciplina específica com outras, a fim de poder contribuir para o desenvolvimento integral do educando.
Quando um assunto trabalhado em sala de aula parte da realidade contextual do educando, esse conhecimento torna-se significativo, uma vez que este educando possui ferramentas cognitivas para construção individual de sua aprendizagem. Nesse aspecto, temas geradores constituem uma importante ferramenta pedagógica, sendo que devem sempre estimular o questionamento e a resolução de problemas, e não serem apresentadas com finais previamente determinados.
As interações do indivíduo com o meio e os desafios que enfrenta, em sua vivência, levam-no a ações de superação desses desafios. Isso gera a produção de um conhecimento não sistematizado, restrito ao indivíduo e ao meio, definido como conhecimento popular ou saber cotidiano. Qualquer situação de aprendizagem baseia-se no conhecimento que o aluno já possui para a construção de estruturas mais aperfeiçoadas onde, através do desenvolvimento da Inteligência, adquire a capacidade de adaptação às novas situações. Ao valorizar o conhecimento prévio que o aluno traz para sala de aula, através de uma relação de diálogo, de troca, de questionamentos, tornando o conteúdo mais significativo, inserido na sua realidade, o aluno se sentirá motivado a buscar novos conhecimentos, tornando-se um autêntico pesquisador.
Referências: PIAGET, J.; A Equilibração das Estruturas Cognitivas, problema central do desenvolvimento, Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
PIAGET, J.; Problemas de psicologia genética. In: Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
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