Lendas da Região Sul

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    Juliana BezerraProfessora de História

    As lendas da região sul misturam as tradições indígena, africana, europeia e são usadas para explicar os costumes dos seres humanos e o comportamentos dos animais.

    Também possibilitaram a criação de histórias de seres fantásticos e criaturas do outro mundo, às vezes, mal-intencionadas!

    Por isso, preparamos uma seleção de oito lendas a fim de que você conheça ainda mais o rico folclore brasileiro.

    1. Lendas das Bruxas da Praia de Itaguaçu

    A ilha de Florianópolis é conhecida como ilha da Magia, pois dizem que muitos seres sobrenaturais povoam aquelas praias e são responsáveis por vários fenômenos estranhos.

    A praia de Itaguaçu, por exemplo, tem formações rochosas bastante curiosas.

    Os nativos dizem, que certo dia, as bruxas que viviam por ali resolveram dar uma festa e convidaram vários amigos, como a Mula-sem-cabeça, o Curupira, o Saci, o Lobisomem e muitos outros. Só não chamaram o diabo, porque ele cheirava mal!

    Porém, o diabo ficou sabendo da celebração e resolveu aparecer mesmo assim. Quando ele chegou, as bruxas ficaram surpresas e não sabiam o que fazer. Furioso, o diabo foi transformando as feiticeiras em pedras e elas estão ali até hoje, esperando que a raiva do coisa-ruim passe e as converta em bruxas novamente.

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    2. Lenda da Cuca

    A Cuca é uma bruxa com corpo de jacaré e cabelos amarelos. Sua voz é horrível e seu grito pode ser escutado a quilômetros de distância.

    Ela vive numa caverna preparando feitiços e vigiando a floresta através do seu espelho mágico onde ela pode ver tudo o que está acontecendo.

    A Cuca dorme uma noite a cada sete anos e por isso, está sempre atenta às crianças que não obedecem aos seus pais e aqueles que não dormem cedo. Dizem que ela sai pelas noites e vai pelas casas pegar os meninos e meninas que não dormem na hora certa.

    A Cuca se transformou num personagem conhecido graças ao escritor Monteiro Lobato, que a incluiu na sua obra "O Sítio do Pica-pau amarelo".

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    3. Lenda da Erva-mate

    Havia na floresta um velho índio guerreiro que vivia com sua filha, Yari, numa caverna. Sem forças para guerrear, o índio hospedava os viajantes que ali passavam.

    Um dia, chegou um caçador pedindo repouso e ele foi acolhido com todas as honras. Após o jantar, a filha se pôs a cantar para o jovem que dormiu imediatamente. No dia seguinte, o caçador revelou sua identidade e lhes disse que era um enviado do deus Tupã.

    Em agradecimento pela hospitalidade, mostrou ao ancião uma erva da qual poderia fazer um chá para recuperar suas forças. Também transformou a jovem índia na deusa que guardaria aquelas plantas e ensinaria os homens a cultivá-las e viverem em paz.

    Por isso, a erva-mate, é um símbolo da fraternidade e da convivência pacífica entre os seres humanos e é sempre compartilhada entre todos.

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    4. Lenda da Gralha Azul

    A gralha azul é um pássaro que vive nas florestas de araucária (ou pinhão) e tem um hábito interessante. Previdente, ela sempre enterra algumas sementes do fruto. No entanto, como acaba esquecendo o local onde plantou, muitas germinam se transformando em lindas árvores.

    Há muito tempo, quando Deus criou o mundo, pediu ajuda aos pássaros para espalhar as sementes da araucária. Nenhum deles quis, pois estavam ocupados em contemplar suas coloridas penas ou compor melodias com seu canto.

    Somente a gralha negra, de grito estridente, se ofereceu e passou a plantar as sementes da árvore. Para agradecer o seu gesto, Deus a cobriu com um manto azul da cor do céu, tornando-a distinta de todas as aves de sua espécie. Os índios coroados imitavam seu canto e os negros escravizados afirmavam que nenhum tiro de espingarda atingia a gralha azul.

    Atualmente, a gralha azul é considerada o pássaro símbolo do estado do Paraná e continua sua missão de plantar a araucária pelas serras da região.

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    5. Lenda do João-de-Barro

    Numa aldeia indígena do sul do Brasil, o jovem Jaebé se apaixonou pela moça mais linda da tribo e foi pedi-la em casamento. O pai da moça afirmou que só consentiria se ele pudesse provar seu amor por sua filha.

    Então, Jaebé declarou que ficaria nove dias em jejum. Aceito o desafio, os indígenas o enrolaram num grosso couro de anta, onde ele não poderia sair para comer nem beber.

    Ao final dos nove dias, todos foram ao local onde estava Jaebé e desenrolaram o couro. Muitos achavam que ele estava morto, mas o índio saltou e se pôs a cantar para sua amada. Enquanto entoava uma bela canção de amor, seu corpo se encheu de penas e ele se transformou num pássaro.

    Os raios da lua tocaram sua amada e ela também se converteu numa ave. Estavam tão felizes que resolveram construir uma bela casa. Ao contrário dos outros pássaros, o João-de-Barro e sua companheira fazem um ninho fechado para criar seus filhotes.

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    6. Lenda do Negrinho do Pastoreio

    Conta-se que no tempo da escravidão havia um senhor cruel que maltratava os negros escravizados diante da menor falta. Certa vez, um dos seus escravos, um menino órfão, deixou escapar o cavalo preferido do senhor. Ele ficou furioso, mandou chicoteá-lo e ordenou que fosse colocado em cima de um formigueiro.

    O menino passou a noite chamando por Nossa Senhora da Conceição, sua madrinha, para que o livrasse daquelas dores. Enquanto isso, o fazendeiro não conseguia dormir, levantou-se e ficou intrigado quando viu uma forte luz no terreiro.

    Rapidamente, ele foi até o local e qual não foi a sua surpresa em encontrar o menino espantando as últimas formigas do seu corpo. Ao seu lado, estava Nossa Senhora e do outro, relinchava o cavalo que tinha sido perdido. O menino olhou para o seu antigo senhor, montou no cavalo baio, sorriu para a Virgem e saiu cavalgando.

    Dizem que o senhor se arrependeu de suas maldades. Até hoje é possível ouvir o Negrinho do Pastoreio cuidando dos animais que se afastam do rebanho e ajudando as pessoas a encontrar objetos perdidos.

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    7. Lenda do Pé de Garrafa

    O pé de garrafa é um homem que vive nas florestas, cujos pés têm formato de garrafa, o corpo é coberto de pelos, exceto o umbigo que é branco e é considerado o seu ponto fraco.

    As suas pegadas são muito curiosas e não se parecem com as de nenhum animal. Por isso, mais de um caçador já teve a infelicidade de chegar perto do Pé de Garrafa.

    A criatura anda pelas matas, emitindo um grito agudo e atraindo os caçadores para seus domínios. Estes não devem desafiar o Pé de Garrafa, pois o bicho costuma matá-los ou aprisionar a alma do infeliz numa garrafa.

    A única maneira de escapar das suas garras é atingir em cheio o umbigo branco do monstro. Porém, por via das dúvidas, o melhor é fugir do Pé de Garrafa!

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    8. Lenda do Saci-pererê

    O Saci-pererê é um menino negro, que tem uma perna só, fuma cachimbo e usa um gorro mágico que lhe dá vários poderes. Um deles é o de se deslocar através de um redomoinho, o que o torna ágil evitando que o capturem.

    O Saci-pererê adora pregar peças, como esconder objetos, trançar a crina e o rabo dos cavalos, tirar o cobertor das pessoas em dias de frio, desfazer gavetas e muito mais. Na floresta, porém, ele é um guardião, pois usa seus assobios para amedrontar os caçadores e ainda espalha as balas das espingardas.

    Ele só fica injuriado quando perde seu gorro vermelho nas matas, pois ele não pode se locomover e tem que implorar por ajuda. O Saci também não gosta quando seu fumo acaba e, por isso, acaba prometendo um monte de coisas a quem lhe der um pouco de tabaco. Obviamente, ele não cumpre com o prometido depois de consegui-lo.

    Por sua personalidade, o Saci se tornou um dos personagens mais populares do folclore brasileiro e em sua homenagem foi instituído o Dia do Saci, em 31 de outubro.

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    9. Lenda do Ahó Ahó

    O Ahó Ahó é uma criatura temida dos indígenas guaranis e que vivia nas florestas em bando. Era uma criatura parecida com uma ovelha, mas bem maior, muito robusto e tinha dentes terríveis. Comunicavam-se entre si emitindo gritos aó aó e daí seu nome.

    Conta-se que Ahó Ahó perseguia as pessoas que andavam pelas florestas. O único jeito de escapar era subindo numa palmeira, árvores cujas folhas são usadas no Domingo de Ramos. Também dizem que Ahó Ahó recebia as crianças que agarrava a outro personagem da floresta, o Jaci Jaterê. Este vigiava aqueles meninos e meninas que não dormiam a sesta.

    A lenda do Ahó Ahó tem sua origem nas missões jesuíticas e igualmente faz parte do folclore da Argentina e do Paraguai.

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    10. Lenda do Bradador

    O Bradador é um espírito errante que vive assustando os incautos que viajam sozinhos.

    Conta-se que um homem faleceu, na cidade de Atuba (PR), foi enterrando sem pagar todos os pecados que havia cometido em vida. Assim, a terra lhe recusou a dar descanso e o devolveu. A partir desse dia, todas as sextas-feiras, após a meia-noite, o Bradador passou a errar pelos campos soltando gritos terríveis que assustam até os mais valentes.

    O encanto só vai terminar quando o Bradador encontrar por sete vezes uma moça de nome Maria e assim ter seus pecados perdoados.

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    Quiz do Folclore

    7Graus Quiz - Quiz | Quanto você sabe sobre o folclore brasileiro?

    Não pare por aqui! Saiba mais sobre o riquíssimo folclore do nosso país e confira os textos:

    • Cultura Popular: o que é, características e no Brasil
    • Danças Folclóricas no Brasil
    • Músicas Folclóricas: canções do folclore brasileiro
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    Juliana BezerraBacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
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