A mononucleose infecciosa (MI) popularmente chamada de “doença do beijo” é uma doença contagiosa muito prevalente e em geral benigna causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV) da família Herpesviridae, transmitida principalmente pela saliva. Ocorre um aumento das células mononucleadas devido à infecção viral.
A doença recebe o nome de mononucleose por causa dos linfócitos com núcleos atípicos que se proliferam no sangue durante a infecção. Uma característica desse vírus, assim como os outros da família dos herpes, é o fato de permanecer instalado nas tonsilas (amígdalas) do indivíduo uma vez infectado, ou seja, a doença permanece no corpo da pessoa infectada por toda sua vida. A doença pode ocorrer em qualquer faixa etária, entretanto, nota-se que a infecção costuma atingir principalmente dois grupos, que são: crianças pequenas, que acabam sendo infectadas pelos pais ou por outras crianças e os adolescentes que são infectados por beijar seus parceiros.
A grande maioria dos adultos possuem anticorpos específicos para o EBV, o que significa que já entram em contato com o vírus em algum momento da vida.
A transmissão ocorre a partir de qualquer contato direto com a saliva contaminada, não somente pelo beijo, apesar de ser a forma de transmissão mais comum e por isso nomear popularmente a doença. Pessoas contaminadas, mesmo que não apresentem sintomas, podem transmitir a doença, que tem uma duração média de 2 semanas. O vírus se replica nas amígdalas e se dissemina pelos gânglios do pescoço.
Os principais sintomas, que costumam aparecer entre 4 e 8 semanas após a doença ser contraída, são: febre em torno de 38 graus, dor de garganta, dores musculares, aumento dos linfonodos e também é comum o aumento dos linfonodos no anel de Waldeyer, localizado na garganta, composto pelas tonsilas faríngeas, palatinas e linguais, pode ocorrer também vermelhidão (eritema), que lembra outra doença viral como sarampo e rubéola, o aumento do baço (esplenomegalia) e em alguns casos mais graves pode ocorrer também o aumento do fígado (hepatomegalia) que pode causar uma hepatite. Em indivíduos imunocomprometidos, o vírus pode causar alguns tipos de tumores. A doença se apresenta em diferentes intensidades dependendo da faixa etária acometida, sendo que quanto mais jovem o indivíduo infectado, ela costuma ser menos intensa, já quanto mais velho a doença tende a ser mais intensa, porém, independe da intensidade, o indivíduo elimina o vírus a vida inteira.
Existem exames não específicos que sugerem fortemente o quadro de mononucleose infecciosa, após uma avaliação clínica, como o hemograma (exame de sangue) que costuma apresentar linfócitos atípicos e testes específicos que procuram anticorpos no sangue, confirmando a infecção.
Não existe um tratamento antiviral específico, em geral, apenas se trata os sintomas. É recomendado ficar em repouso por aproximadamente 2 a 3 semanas, pois como pode ocorrer o aumento do baço, caso a pessoa realize um exercício físico intenso ou sofra algum choque, o órgão pode se romper e a pessoa desenvolver uma hemorragia interna e vir a óbito, e é recomendado também ingerir muitos líquidos como água, chás ou sucos naturais para acelerar o processo de recuperação e evitar o surgimento de complicações.
A doença é transmitida por um contato mais íntimo, como o beijo, então o risco de contrair a doença está proporcionalmente relacionado ao número de pessoas com quem o indivíduo se relaciona. Até o momento não existe uma vacina disponível para prevenir a doença.
Bibliografia:
TORTORA, G.J, FUNKE, B. R, CASE, C. L. Microbiologia. -8. ed.-Porto Alegre: Artmed, 2005.
Oliveira JL, Freitas RT, Arcuri LJ e col. O vírus Epstein-Barr e a mononucleose infecciosa. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 nov-dez; 10(6): 535-43
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