Publicado em 1936, Música ao Longe é um romance de Érico Veríssimo que faz parte da série de romances onde vemos Clarissa, Caminhos Cruzados e Um Lugar ao Sol. Música ao Longe ocupa um lugar definitivo na literatura brasileira e é uma dessas obras inteiramente realizadas, que tanto são lidas pelo seu valor intrínseco como pelo justo renome que possuem.
Descrito pelo ângulo da personagem, a jovem Clarissa caminha para a maturidade. Ela, antes uma menina descrita no romance homônimo, agora é uma jovem professora primária em sua cidadezinha do interior e lá retrata sua vida, olhada com seus olhos ingênuos, mas muitas vezes críticos.
As páginas do diário de Clarissa revelam seu mundo interior, muitas vezes inquieto, principalmente pelo amor que seu primo, Vasco, desperta nela e que ela muitas vezes não entende. Nas palavras de seu poeta preferido, Clarissa assim define seu amor por Vasco:
“O amor que ainda não se definiu é como uma melodia de desenho incerto. Deixa o coração a um tempo alegre e perturbado e tem o encanto fugido e misterioso de uma música ao longe”.
Vasco é um rapaz arredio, agressivo e misterioso, que não concorda com muitas coisas que acontecem com sua família e se rebela contra eles.
A história retrata também a decadência da tradicional oligarquia Alburquerque, como um relato da decadências das antigas oligarquias que dominaram o país e que se viam em uma situação de falência com o novo estado econômico que o Brasil se encontrava na década de 30.
Mesmo focado na ingenuidade da personagem, Érico não deixa de criticar a realidade da sociedade brasileira em franca mudança com o governo estabelecido por Vargas.
Neste romance, que mereceu em 1935 o "Prêmio Machado de Assis", através de suas impressões vamos conhecendo as outras personagens: João de Deus, estancieiro arruinado; Jovino e Amâncio, ambos em dificuldades financeiras, dominados pelo vício; D. Zezé, uma velhinha que vive voltada para o passado; Cleonice e Pio, noivos há doze anos; Seu Leocádio, o velhote dos mistérios, dono do único telescópio que existe em Jacarecanga, charadista, poeta, músico e entendido em almanaques.
O que vemos nessas páginas é a vida duma cidade do interior do Rio Grande desfilar em câmera lenta diante de nossos olhos. A história é escrita com simplicidade de linguagem e de construção.
Fontes: http://minerva.ufpel.edu.br/~felipezs/html/musicaao.html http://amorelivrosarte.justtech.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=327:erico-verissimo-musica-ao-longe&catid=36:romances-resenhas&Itemid=2
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