Escrito em 1942, fase mais madura do autor Érico Veríssimo, temos uma história vista de sete ângulos diferentes.
Numa tarde de uma sexta-feira santa, uma jovem suicida-se e sete pessoas a viram cair do alto do edifício: Doutor Lustosa, um desembargador aposentado; Norival, um homem de negócios à beira da falência; Tônio Santiago, um romancista, alter-ego do próprio Veríssimo; Aristides Barreiro, um ex-deputado e rico advogado; "Sete-Meis", um vendedor de jornais; "Chicharro", um boêmio; e Marina, uma mulher angustiada.
Assim, a história sempre é narrada do ponto de vista dos personagens, o que garante a narrativa psicológica. Descrevendo as reações dessas pessoas antes e após o suicídio, Érico Veríssimo analisa o comportamento humano, ao mesmo tempo que traça o perfil de uma época.
O autor sugere que, em última análise, nós, os seres humanos, sabemos muito pouco uns dos outros e temos visões muito diferentes uns dos outros.
Um romance para reflexão do valor do ser humano e um alerta para o entrelaçamento dos seres em suas histórias tão similares e ao mesmo tempo tão distantes.
Em uma de suas reflexões, o autor nos mostra, em um diálogo entre 2 personagens, a fragilidade humana e a forma como vivemos neste mundo de modo tão efêmero, e como a morte nos impressiona e nos marca:
“- Você é muito menino, ainda não sabe de certas coisas... Mas viver é morrer em prestações. Cada criança que nasce assina com a vida um contrato de compra e venda... e a gente nunca sabe o prazo certo do vencimento. – A sua dissertação fora interrompida por acessos de tosse em que o homenzinho ficava vermelho, engasgado, enquanto sua boca expelia para todos os lados um chuveiro de saliva. Era preciso nada menos de cinco minutos para ele voltar à calma e recomeçar a exposição. – Mas como eu ia dizendo, a criança assina o contrato e o vendedor, que é a Morte, passa a cobrar as prestações anualmente. Cada ano a gente morre um pouco. Quando vai ficando velho, as prestações já não são anuais, e sim semanais. Por fim o contrato se vence. O pior de tudo é que a gente continua sem saber o que comprou... Por acaso você sabe?” (pág. 299).
Fontes: http://artigosefemeros.blogspot.com.br/2009/07/o-resto-e-silencio-de-erico-verissimo.html http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Resto_%C3%89_Sil%C3%AAncio http://minerva.ufpel.edu.br/~felipezs/html/orestoe2.html
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