O Velho da Horta é uma peça de Gil Vicente, de 1512, cujo enredo se desenvolve em torno de uma sequência de episódios que envolvem uma mesma personagem. A história tem certo tom de comicidade, é homogênea e possui um travejamento um pouco mais complexo, com começo, meio e fim.
Quanto aos aparatos cênicos, porém, não é tão complexa, visto que toda ela acontece em um mesmo cenário, que é a horta, e todos os episódios caminham rumo à mesma direção: o desfecho. Fatos que aconteceram fora daquele cenário são referidos em cena oralmente.
Como já é marcado no teatro de Gil Vicente, encontramos nesta peça dois tipos: o Velho apaixonado, que se deixa conduzir por uma paixão obcecada, e a Moça por quem ele é apaixonado, que é irônica e sarcástica, zombando dos sentimentos do Velho. O enredo gira em torno da frustração deste Velho com as desventuras do amor não correspondido e ridicularizado. A Moça vem à sua horta para comprar verduras, e o diálogo entre os dois se inicia sempre com tom irônico, de ridicularização da situação.
No início da peça o Velho tenta conquistar a Moça com seu lirismo enamorado, enquanto a Moça lhe responde com seus ditos zombeteiros. Entra em cena, então, uma alcoviteira que se oferece para ajudar o Velho a conquistar sua amada, porém esta charlatã é presa quando a Justiça entra em cena. O Velho perde as esperanças de concretizar seu amor e ao final recebe a notícia de que a Moça acabou se casando com um belo rapaz.
A linguagem do Velho lembra muito a da poesia palaciana, enquanto a linguagem da Moça é completamente contrária, repleta de zombarias. O Velho mostra um conceito de amor provindo do formulário lírico dos poetas quinhentitas, utilizando diversas antíteses para expressar seu conflito entre razão e sentimento. O texto é escrito em versos. As estrofes possuem cinco versos, os quatro primeiros são redondilhas maiores e o último possui três sílabas métricas.
A peça tem como tema principal o amor tardio com suas consequências desventurosas. As personagens são tipos, como já dito (o Parvo, a Alcoviteira, o Alcaide, a Mocinha, a Mulher, etc).
O enredo opõe duas visões da realidade: a visão idealista do Velho, com sua linguagem galanteadora e estereotipada, e a visão realista da Moça, com sua linguagem mordaz e irônica.
Fontes: http://professorandersonluiz.blogspot.com.br/2012/11/o-velho-da-horta-gil-vicente.htm http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/o/o_velho_da_horta http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Velho_da_Horta
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