Apesar de um significativo avanço no campo tecnológico e social, a maneira como é estabelecida a relação ensino × aprendizagem no interior de uma sala de aula praticamente nenhuma alteração sofreu, pois não vemos com a frequência esperada os novos conhecimentos em tecnologia e informação sendo empregados para melhor caracterização da ação do educador.
O modo como ocorre a educação continua o mesmo que a caracterizou. Nesse contexto, a imagem é totalmente secundária, chegando muitas vezes a inexistente. Os nossos materiais didáticos continuam os mesmos, o giz e a lousa, pois parece que nada melhor conhecemos. “Basta lembrar a clássica história da professora que ascende as luzes da sala para continuar sua aula sobre eclipse, enquanto o próprio fenômeno ocorre lá fora” (FREIRE, 1998).
A verdade é que foi assim que aprendemos e hoje é o máximo que conseguimos fazer, reproduzir. Mesmo nos cursos de formação de professores, observamos que os mesmos são, na maioria das vezes, centrados exclusivamente em aulas teóricas, na transmissão oral de conhecimento, e mesmo quando se trata dos problemas inerentes a este método de ensino, nada faz-se além de confirmá-lo; não há audácia para inovar. Esse medo aflige a humanidade desde que o termo “tempo” não era compreendido: o novo. E assim haverá de ser até que esta (nós) reveja sua (nossa) forma de pensar e hierarquização de valores.
Somos da geração alfabética da aprendizagem por meio tão somente do texto escrito, do artigo impresso ou da leitura do livro. Mas a retenção é diretamente influenciada pela emoção, algo que não é capaz de despertá-la não pode ser devidamente absorvido. E essa inquestionável verdade não é considerada quando em respeito a nossa maneira de utilizar do ensino, pois não são as emoções despertas sobretudo de modo audiovisual?
Há porém uma notável diferença entre a escola do passado e a atual. A primeira, sob exclusiva ação do professor, consistia a única fonte de conhecimento de seus alunos, sem a qual não se poderia “saber” nem “conhecer”. Mas hoje podemos facilmente perceber que, embora culturalmente a escola não tenha mudado, as pessoas das quais se compõe mudaram, e muito. O professor deixou de ser a única fonte de saber para seus alunos, tornando-se nem mesmo a principal. Os alunos já chegam à escola com uma visão de mundo pré-estabelecida, com opiniões e conceitos formados, com uma cultura estritamente pessoal e diversificada. E isso não poderia ser diferente. “O mundo desses alunos é polifônico e policrômico. É cheio de cores, imagens e sons. Muito distante do espaço quase que exclusivamente monotônico, monofônico, monocromático que a escola está a lhes oferecer” (FREIRE, 1998).
O que esses alunos vão buscar na escola de hoje, ou melhor ficaria a frase, o que esses alunos de hoje vão buscar na escola de sempre, é tudo do qual a mesma não mais pode oferecer-lhes. Pois, presa a uma estrutura burocrática e conservadora, encerra-se frente aos avanços da sociedade moderna e se regula por regras que visam, sobretudo, definir leis sob a forma de programas e currículos, o que não condiz com o mundo de hoje.
Referências: FREIRE, Paulo; Pedagogia da Autonomia, Ed, Paz e Terra, Rio de Janeiro/RJ – 1998.
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