Calisto I foi o 16º papa da história da Igreja Católica.
Nascido em Roma no ano 165, Calisto foi escravo em sua juventude e era responsável por coletar dinheiro entre os fieis para auxílio de órfãs e viúvas. Conta-se que, em determinada ocasião, ele perdeu a coleta e aproveitou para fugir de Roma. Sem muito sucesso, tentou pular de uma ponte para continuar fugindo, mas foi capturado e levado novamente ao seu proprietário. Mais tarde, Calisto foi alforriado graças ao pedido de vários credores que acreditavam que poderiam recuperar o dinheiro de alguma maneira. No entanto, esse não foi o fim da juventude conturbada de Calisto. O jovem chegou a brigar em uma sinagoga onde fazia negócios com judeus. Seu comportamento, agora que não era mais escravo, resultou em prisão.
Explorado como escravo e preso por desordem em local sagrado para os judeus, a juventude de Calisto ainda escondia outra vertente perseguida na época em que viveu. Calisto era cristão. A crença de Calisto foi denunciada e ele foi condenado a trabalhar forçadamente nas minas de Sardenha, de onde só saiu a pedido de Jacinto, um fiel que solicitou a liberação dos cristãos. Mas, neste ponto, a saúde de Calisto já estava muito debilitada em função de todas as explorações e perseguições que sofreu ao longo de sua juventude. Calisto foi enviado para se recuperar em Antium e lá recebeu uma pensão do Papa Vitor I, iniciando sua escalada no cristianismo.
Calisto tornou-se diácono e era muito respeitado pelos papas de sua época. O Papa Zeferino o confiou importantes funções na Igreja Católica. Sua atividade fiel e responsável fez crescer sua popularidade entre os cristãos. A vida difícil levada por Calisto representava bem a martirizarão de um cristão em busca da salvação de sua alma. Quando o Papa Zeferino faleceu, Calisto foi imediatamente eleito, no ano 217, para sucedê-lo.
O Papa Calisto I não exerceu um papado de tranquilidade. Assim como sua vida, o tempo em que permaneceu como Supremo Pontífice também foi repleto de confusões, perseguições e acusações. Foi perseguido, junto com todos os cristãos, porque naquele momento o cristianismo ainda não era religião oficial do Império Romano. Os imperadores de Roma ainda empreendiam grandes caçadas contra cristãos em favor do paganismo. Seu papado, propriamente dito, foi acusado de ser indulgente na administração das penitências, causando tamanho distúrbio que apareceu a figura de um antipapa com o nome de Hipólito. O desentendimento girava em torno de discórdias com as práticas de Calisto I, especialmente em relação à absolvição que este concedeu a adúlteros, homicidas e apóstatas. A misericórdia de Calisto I com os pecadores, mesmo os reincidentes, desagradava os cristãos mais fervorosos. Por isso, o papa teve que conviver com um antipapa ao longo de três anos.
Toda a vida do Papa Calisto I foi muito difícil. Quando jovem, foi escravo e esteve prese. Tornou-se papa e foi muito questionado, a ponto de confrontar um antipapa. E o final de sua vida não diferente. Calisto I morreu durante uma rebelião popular no dia 14 de agosto de 222, tornando-se um mártir. Foi enterrado na Via Aureliana e seus restos mortais foram transferidos no século XIX para Santa Maria in Trastevere. O sucessor do Papa Calisto I foi Urbano I.
Fontes: FISCHER-WOLLPERT, Rudolf. Os Papas e o Papado. Petrópolis: Editora Vozes. DUFFY, Eamon. Santos e Pecadores: história dos Papas. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
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