Popper e Kuhn: como reconhecer um conhecimento científico?

Karl Raimund Popper foi um filósofo da ciência austríaco, naturalizado britânico. É ainda hoje considerado por muitos como o filósofo mais influente do século XX a teorizar a respeito do significado da ciência e de sua condição frente ao homem moderno. Foi também um filósofo social e político de relevância considerável, tendo se destacado como um grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo praticado em sua época.

Popper é lembrado mais enfaticamente por sua defesa do falsacionismo (capacidade de estar equivocada) como um critério da demarcação entre a ciência e a não-ciência, ainda que, em um segundo momento, por sua defesa da sociedade igualitária e livre de qualquer preconcito e intolerância.

De acordo com o conceito de falsacionismo científico, pode-se compreender como um critério de demarcação entre o conhecimento científico, aquele que pode ser falso a uma análise mais profunda, e o conhecimento não científico, aquele que não oferece condições de testagem e, dessa forma, não poderá ser considerado como falso.

“Há o problema da demarcação, ou seja, o problema da distinção entre afirmações das ciências empíricas, ou afirmações científicas, e outras afirmações de caráter religioso, metafísico ou simplesmente pseudocientífico. Para Popper, este critério da demarcação é o da testabilidade ou refutabilidade de uma teoria, isto é, o que define o status científico de uma teoria é a sua capacidade de ser refutada ou testada”. (MOREIRA. 2011, p. 15,16)

Como óbvia limitação do falsacionismo pode-se apontar a questão de todos os fatos enunciados observacionais serem falíveis, sendo que algumas vezes apenas o enunciado pontual está equivocado, e não a teoria mais geral. A partir das proposições de Popper começou-se fundamentalmente uma discussão do que a ciência representa, e, mais do que isso, o que a ciência significa.

Thomas Kuhn nasceu em 18 de Julho de 1922, em Cincinnati, em Ohio, Estados Unidos. Formou-se em física em 1943, pela Universidade de Harvard. Recebeu desta mesma instituição o grau de Mestre em 1946 e o grau de Doutor em 1949, ambos na área de Física. Após ter concluído o doutoramento, Kuhn tornou-se professor em Harvard. Lecionou uma disciplina de Ciências para alunos de Ciências Humanas. A estrutura desta disciplina baseava-se em nos casos mais famosos da História da Ciência, pelo que Kuhn foi obrigado a familiarizar-se com este tema. Este fato foi determinante para o desenvolvimento da sua obra.

Kuhn estabelece o conceito de paradígma para a ciência, que pode ser compreendido como uma forma de fazer ciência; de acordo com o autor, uma ciência normal seria aquele regida por um único paradígma.

“Daqui por diante, deverei referir-me às realizações que partilham essas duas características como “paradígmas”, um termo estreitamente relacionado com ‘ciência normal’. O estudo dos paradígmas, muitos dos quais bem mais especializados do que os indicados acima, é o que prepara basicamente o estudante para ser membro da comunidade científica determinada na qual atuará mais tarde”. (KUHN. 1962, p. 30)

Kuhn aborda, assim como Popper, a necessidade de um critério de demarcação para o conhecimento de natureza científica, que seria a existência de um único paradigma capaz de apoiar as tradições da ciência normal. Para ele, entretanto, este paradigma deve sempre estar ligado a embasamentos experimentais.

Referências:                                                       MOREIRA, Marco Antônio; MASSONI, Neusa Teresinha; Epistemologias do Século XX, EPU, São Paulo, 2011. KUHN, T. S.; The Structure of Scientific Revolutions, University of Chicago Press, Chicago, 1962.

More Questions From This User See All

Smile Life

Show life that you have a thousand reasons to smile

Get in touch

© Copyright 2024 ELIB.TIPS - All rights reserved.