O conceito de paradigma científico de Kuhn é visto como um marco da história da epistemologia e da própria ciência. Em sua obra “A Estrutura das Revoluções Científicas”, de 1962, ele demarca o início de um período no qual se começou a questionar o que realmente é a ciência.
A atividade desorganizada e diversa que precede a formação da ciência torna-se eventualmente estruturada e dirigida quando a comunidade científica atém-se a um único paradigma. Um paradigma é composto de suposições teóricas gerais e de leis e técnicas para a sua aplicação adaptadas por uma comunidade científica específica. Os que trabalham dentro de um paradigma, seja ele a mecânica newtoniana, óptica de ondas, química analítica ou qualquer outro, praticam aquilo que Kuhn chama de ciência normal. Os cientistas normais articularão e desenvolverão o paradigma em sua tentativa de explicar e de acomodar o comportamento de alguns aspectos relevantes do mundo real, tais como relevados por meio dos resultados de experiências. Ao fazê-lo, experimentarão, inevitavelmente, dificuldade e encontrarão falsificações aparentes. Se dificuldades desse tipo fugirem ao controle, um estado de crise se manifestará. Uma crise é resolvida quando surge um paradigma inteiramente novo, que atrai a adesão de um número crescente de cientistas até que eventualmente o paradigma original, problemático, é abandonado.
A mudança descontínua constituí uma revolução científica. O novo paradigma, cheio de promessas e aparentemente não assediado por dificuldades supostamente insuperáveis, orienta agora a nova atividade científica normal até que também encontre problemas sérios e o resultado seja outra revolução.
Cada paradigma verá o mundo como composto de diferentes tipos de coisas. O paradigma aristotélico via o Universo dividido em dois reinos, a região sobre lunar, incorruptível e imutável, e a região terrestre, corruptível e mutável. Paradigmas posteriores viram o Universo todo como sendo composto dos mesmos tipos de substâncias materiais. Na química anterior a Lavoisier afirma-se que o mundo continha uma substância chamada flogísto, expulsa dos materiais quando queimados. O novo paradigma de Lavoisier implica que não havia semelhante coisa, ao passo que existe o gás oxigênio que desempenha um papel muito diferente na combustão. A teoria eletromagnética de Maxweel implicava um éter que ocupava o espaço todo, enquanto a recolocação radical de Einstein elimina o éter. A ciência deve conter em seu interior um meio de romper de um paradigma para um paradigma melhor. Esta é a função das revoluções (Kuhn, 1962). Todos os paradigmas serão inadequados, em alguma medida, no que se refere à sua correspondência com a natureza. Quando esta falta de correspondência se torna séria, isto é, quando aparece crise, a medida revolucionária de substituir todo um paradigma por outro torna-se essencial para o efetivo progresso da ciência.
Referências: KUHN, T. S.; The Structure of Scientific Revolutions, University of Chicago Press, Chicago, 1962.
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