A ricina é uma proteína naturalmente presente nas sementes da mamona (Ricinus communis L.), altamente tóxica, considerada a toxina de origem vegetal mais potente. Uma dose tão pequena quanto a de alguns grãos de sal já é suficiente para matar um humano adulto. A dose letal mediana da ricina é de cerca de 22 microgramas por quilograma (1.76mg para um adulto normal, cerca de 1/228 de um comprimido convencional de aspirina) em humanos, se a exposição for por injeção ou inalação. A exposição oral é muito menos tóxica e e a dose letal pode ser de até 20 a 30 mg por quilograma.
A ricina é extremamente venenosa quando inalada, injetada, agindo como uma toxina inibidora da síntese de proteínas. A toxina é resistente, mas é possível de ser digerida por peptídeos. Por ingestão, o envenenamento pela ricina é largamente limitado pelo trato gastrointestinal. Ela pode causar feridas na mucosa estomacal, que, com o tratamento apropriado, o paciente pode se recuperar totalmente. Como os sintomas são causados pela falha em criar proteínas, eles surgem após um período de tempo de algumas horas ou até um dia desde a exposição.
Um antídoto já foi desenvolvida pelos militares britânicos, apesar de ainda não ter sido testado em humanos. Uma vacina foi desenvolvida pelo exército americano, que, até agora, mostrou ser seguro e efetivo, quando foram dados para ratos de laboratório anticorpos, com uma mistura entre sangue e ricina, sendo esse procedimento já ter sido testado em humanos. Existem tratamentos sintomáticos e clínicos, mas a maioria dos sobreviventes sofrem com importantes danos em órgãos. A ricina causa uma diarreia severa, e acabam por morrer por choque. O óbito, geralmente, ocorre entre três a cinco dias depois da exposição.
A maioria dos casos de envenenamento em humanos são resultados da injeção das sementes de mamona, sendo que cinco ou vinte delas podem ser fatais para um adulto. Geralmente, as vítimas manifestam náusea, diarreia, taquicardia, hipertensão e convulsões que podem durar até uma semana. Testes sanguíneo ou de urina podem ser feitos para se diagnosticar uma intoxicação.
A ricina pode ser facilmente purificada a partir de resíduos da fabricação do óleo de rícino. A fase aquosa remanescente do processo de extração do óleo contêm cerca de 5 a 10% de ricina, mas o aquecimento durante o processo de extração do óleo desnatura a proteína, tornando o resultado, as sementes, seguro para utilização como alimentos para animais.
Pesquisadores estão num processo de aprendizado para o uso da ricina no tratamento do câncer, já que ela produz um efeito conhecido como "bala mágica", capaz de destruir células-alvo. Como a ricina é uma proteína, ela pode ser geneticamente ligada a anticorpos monoclonais para encontrar células malignas, que são reconhecidas pelos anticorpos. O maior problema que essa pesquisa enfrenta, são as sequências de internalização, que estão distribuídas por toda a proteína. Se alguma dessas sequências estiverem presentes no processo terapêutico, então a droga será internalizada, e matará indiscriminadamente tanto células epiteliais quanto as células cancerígenas.
Alguns pesquisadores esperam que, após modificar a ricina, eles possam diminuir substancialmente a probabilidade dessas imunotoxinas atacarem as células erradas, ao mesmo tempo que mantenham a sua capacidade de atacar as células cancerígenas. A ricina já foi usada como substituta para alguns tratamentos médicos. No entanto, a ricina foi substituída para fins médicos por fragmentos mais práticos de toxinas bacterianas, tais como a toxina da difteria, que é usado em tratamentos para a leucemia e linfomas. Não existem tratamentos terapêuticos aprovados totalmente baseados na ricina.
Os exércitos de algumas nações já usam a ricina em forma de armas biológicas. Os Estados Unidos estudaram o uso da ricina por seu potencial militar a Primeira Guerra Mundial. Na época, ela estava sendo considerada para ser usada como uma poeira tóxica ou até mesmo para revestir as munições. As duas formas não foram continuadas, a ideia da poeira não pôde ser concluído, e o conceito da bala revestida acabaria por violar a Convenção de Haia de 1899, que proibia terminantemente o emprego tanto de veneno, quanto de armas envenenadas.
Durante a Segunda Guerra Mundial os EUA e Canadá se começaram a estudar a ricina em bombas de fragmentação. Embora houvesse planos para a produção em massa dessas armas, testeis de campo iniciais não foram bem sucedidos, e foi concluído que seria mais econômico usar o fosgênio.
A União Soviética também possuía armas de ricina. Especulou-se por muito tempo que a KGB usou essa arma em várias ocasiões, apesar disso nunca ter sido provado. Em 1978, o dissidente búlgaro Georgi Markov foi assassinado pela polícia secreta búlgara, sorrateiramente, "atiraram" nele numa rua de Londres, usando um guarda-chuva modificado, que o intoxicou com um gás comprimido com base de ricina. Markov morreu num hospital alguns dias depois.
Apesar da extrema toxicidade da ricina, e da sua possibilidade de ser usada como um agente biológico, é muito difícil impedir produção da sua toxina. A mamona é uma planta ornamental comum e pode ser cultivada em casa, sem nenhum cuidado especial. Em 1° de Novembro de 2011, o FBI prendeu quatro homens na Geórgia, que estavam usando a ricina para a fabricação de armas biológicas.
Fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/Ricin http://ciencia.hsw.uol.com.br/questao772.htm http://www.emedicinehealth.com/ricin/article_em.htm http://science.howstuffworks.com/question722.htm Foto: http://www.globalsecurity.org/wmd/intro/bio_ricin-pics.htm
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