No artigo intitulado “Subsídios em Piaget e Kuhn para o Ensino de Ciências” abordou-se a possibilidade de o professor utilizar da compreensão de um conhecimento científico não formatado (com base nos argumentos de Kuhn), e construí-lo junto ao educando, a partir de seu desenvolvimento cognitivo (com base nos argumentos de Piaget). Esse texto traz uma possibilidade de êxito patra esta perspectiva, de acordo com Perrenoud.
Considera-se que as articulações das contribuições de Piaget e Kuhn podem ter êxito nas proposições de Philippe Perrenoud (1999) quando este afirma que parte dos problemas enfrentados pelos alunos se deve ao seu desenvolvimento cognitivo e à metodologia empregada pelo professor em sala de aula, fatores esses que convergem em um currículo disciplinar excludente e nem um pouco atrativo, tripé este fundamental na relação de ensino e aprendizagem.
“A noção de competência refere-se à capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para enfrentar um tipo de situação. Essa definição insiste em quatro aspectos: as competências não são elas mesmas saberes, mas mobilizam, integram e orquestram tais recursos, essa mobilização só é pertinente em uma situação singular, o exercício da competência passa por esquemas de pensamento, as competências constroem-se, em formação, mas também ao sabor da navegação diária de um professor”. (PERRENOUD, 1999, pg. 15)
Referente ao primeiro dos fatores apresentados por Perrenoud, todo indivíduo nasce com estruturas cognitivas semelhantes, as quais serão desenvolvidas em suas relações estabelecidas com o meio (Piaget, 1976). No terceiro estágio de desenvolvimento cognitivo, o qual coincide com o início da escolarização formal, o educando necessita de bases concretas para construção de seu conhecimento e somente no quarto estágio poderá significativamente compreender algo subjetivamente (Piaget, 1976).
De acordo com o segundo dos fatores, vive-se atualmente uma manifesta crise no que se refere ao ensino de Ciências Naturais, e a “renovação no ensino de ciências necessita de uma renovação na metodologia das aulas” (Cachapuz, 1999). A plasticidade científica apontada por Kuhn (KUHN, 1962) em nada se vincula ao modo como esta ciência é apresentada hoje em sala de aula. Já desde os primeiro anos da Educação Básica restringe-se o conhecimento científico a conceituações e classificações, abstrativas e desestimulantes, complexas e desnecessárias, e não permite-se que o educando possa vir a ser um protagonista de seu próprio processo de aprendizagem. Quando este depara-se com determinado tema científico, o que lhe é apresentado de modo devidamente formatado e não suscetível a contribuições de nenhuma natureza, só lhe resta tentar adequar-se ao método aplicado, e a atual realidade nos demonstra que uma maioria não é capaz de fazê-lo.
Referências: CACHAPUZ, A. 1999. Epistemologia e ensino das ciências no pós – mudança conceitual: análise de um percurso de pesquisa In: II Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, Valinhos: São Paulo. Atas II – ENPEC. KUHN, T. S.; The Structure of Scientific Revolutions, University of Chicago Press, Chicago, 1962. PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Editora Artmed: Porto Alegre, 1999. PIAGET, J.; A Equilibração das Estruturas Cognitivas, problema central do desenvolvimento, Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
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