Pode parecer estranho para nós pensarmos que em um mundo tão cheio de pessoas, existam locais desocupados ou pouco ocupados. É isso que são os vazios demográficos, os locais de baixa densidade demográfica, em outras palavras, com poucas pessoas habitando o mesmo espaço (ou até não tendo moradores).
Existem muitas formas de vazios demográficos. Por vazio demográfico podemos pensar nos centros de algumas metrópoles que não são habitados por pessoas, servindo apenas para uso do comércio e serviços no horário comercial e posteriormente ficando “abandonado”.
Algumas regiões inóspitas também apresentam um vazio demográfico: geleiras, desertos, ruínas de cidades, etc. Algumas regiões podem até não serem realmente um vazio demográfico, mas são imaginadas e tratadas como se fossem, como veremos a seguir.
Por vezes, também o vazio demográfico está no imaginário popular, um exemplo clássico é o de que os portugueses chegaram no Brasil em uma terra praticamente inabitada, o que legitimaria o uso que fizeram da mesma terra que até então estava subaproveitada.
Outro caso clássico foi durante o regime militar, quando a Amazônia era chamada de “Terra sem Homens” e o governo propunha assentar trabalhadores sem-terra naquela região, com o Slogan: “Homens sem-terra, para uma terra sem homens” 1.
Geralmente, esse imaginário sobre o vazio demográfico não corresponde com a realidade, sendo apenas uma forma de apagar os povos já existentes naquela localidade e legitimar a ocupação daquela área por outros 2.
Um exemplo nítido deste uso se deu nas discussões sobre as reservas indígenas, especialmente sobre a reserva indígena “Raposa Serra do Sol”, no qual os grupos favoráveis em relação a demarcação da reserva afirmavam que a reserva não seria um vazio demográfico como diziam os que se colocavam contra a demarcação 3.
Existem diversos fatores que podem influenciar para a não ocupação de uma área ou mesmo a desocupação de uma área previamente habitada, gerando um vazio demográfico. Geralmente, áreas com menor acesso a recursos naturais (especialmente a água), solos ruins, relevo que dificulta a ocupação humana, climas extremos, etc são alguns fatores para fazerem com que aquela região não seja sequer ocupada por humanos.
Porém, algumas regiões anteriormente habitadas podem simplesmente sofrer um esvaziamento populacional, que torne aquela área anteriormente habitada em um vazio demográfico: desastres naturais (enchentes, secas, furacões, erupções vulcânicas, ...), dificuldades econômicas (que exijam a migração para outras áreas em busca da sobrevivência da população) e outros, são alguns dos motivos.
Um bom exemplo são as cidades de Pripyat, Chernobyl e Poliske, as cidades estavam na região da usina nuclear de Chernobyl (na antiga União Soviética) e após o acidente da mesma, foram evacuadas e até hoje é uma zona restrita para a entrada de pessoas nesta cidade-fantasma, dados os elevados índices de radiação. Nestas cidades e em outras áreas dentro da zona de exclusão, existe um verdadeiro vazio demográfico, com áreas em que há a total ausência de pessoas e em outras áreas existem apenas poucas pessoas que conseguiram escapar da evacuação da região e também alguns visitantes e trabalhadores ocasionais, sem, no entanto, haver uma população de grande expressão nesta zona 4.
Referências:
[1] Violeta Refkalefsky Loureiro – História da Amazônia: Do Período da Borracha aos dias atuais. (ed. Cultural Brasil, 2015)
[2] http://www.redebrasilatual.com.br/cidades/2012/06/vestigios-do-vazio-demografico-ainda-assombram-a-amazonia
[3] http://www.jb.com.br/pais/noticias/2009/07/12/orgao-nega-que-raposa-sera-vazio-demografico/
[4] http://www.bbc.com/portuguese/internacional/2016/04/160426_chernobyl_ucrania_aniversario_imagens_fd
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