A capacidade de falar do modo como o fazemos é que difere o homem dos outros animais, embora nos detemos só a observar seu funcionamento nos casos de deficiência ou privação.
É comum, quando se fala de linguagem, ter como referência a linguagem escrita. E muitas vezes essa capacidade distinta da espécie humana fica reduzida ao estabelecimento de regras do bem escrever, das quais se derivariam as regras do bem falar. A linguagem é, porém, uma atividade primordialmente oral. Embora em algumas culturas a língua escrita seja mais valorizada, por satisfazer a necessidade de comunicação à longa distância e para coesão política e social, alguns povos nunca desenvolveram um sistema de escrito e a língua falada por eles nada difere, e essência, das línguas faladas pelas populações letradas.
A linguagem humana se distingue dos demais sistemas simbólicos por ser segmentável em unidades menores, unidades essas em número finito para cada língua e que têm a possibilidade de se recombinarem para expressar idéias diferentes. O contínuo sonoro pode ser decomposto em seguimentos lineares dispostos cuja presença ou ausência, assim como sua ordem, em função distintiva, isto é, ocasiona mudança no significado de uma palavra.
As unidades de contínuo sonoro são produzidas por um mecanismo fisiológico específico a que se convencionou chamar “aparelho fonador”, e do qual fazem parte os pulmões, a laringe, a faringe e as cavidades orais e nasais. Estas partes também têm outras funções, diferentes das usadas para a produção dos sons.
Portanto, o homem nasce com a capacidade de falar, mas o desempenho e o desenvolvimento da fala dependem do meio social onde se convive.
A finalidade última da linguagem é a comunicação. A produção dos sons utilizados na comunicação é estudada em três ângulos:
a) partindo–se do falante (da fonte) e examinando o que se passa no aparelho fonador;
b) focalizando-se os efeitos acústicos da onda sonora produzida pela corrente de ar em sua passagem pelo aparelho fonador ou,
c) examinando–se a percepção da onda sonora pelo ouvinte, ou seja, o estudo das impressões acústicas e de suas interpretações no processo de decodificação.
A técnica mais difundida é a do exame da produção do som pelo aparelho fonador e registro de ouvido. Tal disciplina é denominada “fonética articulatória” ou “fonética fisiológica”. Mesmo nos estudos em que se focalizam as propriedades físicas da onda sonora, quer na sua produção, quer na sua percepção, os princípios de segmentação e as unidades depreendidas pela fonética articulatória estão presentes, tornando-se indispensável, portanto, o seu conhecimento.
A designação fonética articulatória tem dois sentidos. No mais amplo seu propósito é descrever qualquer som produzido pelos seres humanos; no mais restrito, trata de esmiuçar os mecanismos existentes nas línguas humanas para comporem a enunciação.
Fontes CALLOU, Dinah e LEITE, Yonne. Iniciação à Fonética e à Fonologia. 5ed. Rio de Janeiro, Zahar, 1995.
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