Enquanto o Renascimento ou Renascença é um termo utilizado geralmente para identificar um amplo movimento cultural que atingiu a Europa Ocidental entre os séculos XIV e XVI, o período da Alta Renascença – também conhecido como Alto Renascimento ou Alto Renascentismo – é mais restrito, abarcando usualmente apenas os últimos anos do século XV e as três primeiras décadas do século XVI.
O marco inicial da Alta Renascença costuma ser o mesmo do início do auge do Renascimento artístico italiano, ou seja, o processo de elaboração de um dos principais afrescos da história da arte: A Última Ceia, de Leonardo da Vinci. Encomendado por Ludovico Sforza, duque de Milão, ele foi pintado entre 1494 e 1498 e representa a refeição derradeira de Jesus Cristo com seus apóstolos antes de ser efetuada sua prisão por soldados romanos. Tendo 4,6 metros de altura e 8,8 metros de largura, A Última Ceia teve grande impacto sobre os artistas do período devido à sua abordagem inovadora de pintura ‘a seco’, à técnica sfumato e à verossimilhança das figuras retratadas. Até hoje, ela se encontra em sua posição original em um convento adjacente à igreja de Santa Maria delle Grazie, muito embora tenha se deteriorado ao longo dos séculos por fatores atmosféricos, técnicos e humanos. Supostamente, a obra teria sido até mesmo utilizada para treinamentos de tiro ao alvo.
Em realidade, são as realizações artísticas do início do século XVI pelos contemporâneos Leonardo da Vinci, Rafael e Michelangelo que estão no centro da Alta Renascença, sendo que as pinturas dos dois últimos são vistas como a culminância do período devido à sua complexidade. Neste sentido, Michelangelo destacou-se em seus trabalhos com mármore e na dramaticidade que ressaltava em suas obras por meio das proporções alongadas e posicionamentos exagerados, enquanto Rafael, que teve papas como mecenas, ressaltou tão bem ideais cristãos e humanistas em suas obras por meio de sua composição e perspectiva que seria chamado ainda durante o seu período de vida como “divino”. Entre as obras mais famosas, encontram-se as esculturas Moisés e Davi, de Michelangelo, e as pinturas Escola de Atenas e Transfiguração, de Rafael.
Deve ser destacado também o trabalho arquitetônico de Donato Bramante, que teve vários intercâmbios profissionais com Leonardo da Vinci e, assim como Rafael, esteve a serviço de papas. Ele foi o responsável pelo projeto da Basílica de São Pedro, que teve iniciada a sua edificação em 1506. Construída no mesmo lugar da Basílica de Constantino, que teve que ser demolida, a Basílica de São Pedro foi uma das maiores construções planejadas do início da Era Moderna, tendo quatro arquitetos diferentes e demorado mais de cem anos para ficar completamente pronta. Ela foi erguida sobre o túmulo de São Pedro, apóstolo de Jesus Cristo e o primeiro papa da cristandade.
Embora a influência da Alta Renascença tenha se feito sentir pela Europa em menos de uma geração, gerando importantes focos autônomos de produção artística como o Renascimento Flamengo e o Renascimento Alemão, além de um tardio Renascimento espanhol ao final do século XVI, seria a disseminação paulatina dos trabalhos de Leonardo da Vinci, Rafael e Michelangelo que tornaria suas obras verdadeiros modelos de inspiração para diversos artistas durante os séculos seguintes. Entretanto, o período propriamente dito da Alta Renascença é considerado como tendo se encerrado em 1527 com o Saque de Roma. Fruto das tensões do reino de França com o Sacro Império Romano-Germânico, ele ocorreu após uma rebelião das tropas imperiais. De religião luterana na maior parte, os soldados de Carlos V degradaram Roma na impossibilidade de chegar até o próprio papa, gerando destruição artística de valor incalculável em adição às perdas humanas. Posteriormente, se iniciaria um movimento da Igreja Católica que tentou conter a expansão do protestantismo, intitulado Contra Reforma ou Reforma Católica.
Bibliografia:
FERNANDES, Luiz Estevam de Oliveira; FERREIRA, João Paulo Mesquita Hidalgo. “A nova medida do Homem”. In: Nova História Integrada – Ensino Médio Volume Único. Campinas: Companhia da Escola, 2005. pp. 108-109.
LIMA, Lizânias de Souza; PEDRO, Antonio. “O Renascimento e a cultura na época do absolutismo”. In: História da civilização ocidental. São Paulo: FTD, 2005. pp. 153.
https://www.hisour.com/pt/high-renaissance-33373/
http://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-renascentista/renascimento/
https://www.milan-museum.com/br/ultima-ceia.php
https://www.ebad.info/bramante-donato
https://www.rome-museum.com/br/basilica-de-sao-pedro.php
https://casaducaldebraganca.wordpress.com/2016/01/21/o-saque-de-roma-1527/
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