O termo jacobitismo refere-se a um movimento político ocorrido nos séculos XVII e XVIII que visava uma restauração monárquica da Casa Stuart nos reinos de Inglaterra e Escócia. A nomenclatura é uma derivação de “Iocubus”, versão latina do nome do rei James II, deposto pela Revolução Gloriosa em 1688.
Para compreender o jacobitismo, deve-se retornar à restauração da Casa Stuart, ocorrida em 1660. No processo de restauração da prerrogativa real após anos da República liderada por Oliver Cromwell liderado pelo monarca Carlos II, a questão religiosa seria tão importante quanto a política. Crucialmente, sua esposa Catarina de Portugal e seu irmão mais novo James, duque de York, eram católicos. Isso causava grande resistência do Parlamento, que com sua influência impediria a coroação de Catarina como rainha e tentou vetar James como o herdeiro presuntivo da Coroa.
Quando Carlos II morreu sem descendência legítima sobrevivente, em 1685, ele seria sucedido pelo irmão, que se tornaria James II. Embora o rei fosse católico, suas duas filhas sobreviventes – Maria e Ana - haviam sido educadas na religião protestante, o que tranquilizava o Parlamento e facilitava as relações políticas entre ele e a Coroa. Em 1688, entretanto, tudo mudou quando a segunda esposa de James II deu à luz pela primeira vez um menino saudável que sobreviveu às primeiras semanas de vida. Batizado com o mesmo nome do pai, o jovem príncipe imediatamente despertou os temores adormecidos do Parlamento quanto à possibilidade de uma dinastia católica em um país alinhado politicamente ao protestantismo.
Alarmados, membros de forças rivais do Parlamento – os conservadores Whigs e os liberais Tories – se uniram e ofereceram à Coroa para a primogênita de James II, Maria, juntamente com seu marido e primo, William, utilizando-se do argumento que o príncipe James era, na verdade, falso, sendo apenas uma substituição do verdadeiro príncipe que nascera morto. Acuado pela pressão interna e pela ameaça de invasão externa, James II fugiu do país com seu filho e esposa, sendo declarado então oficialmente deposto.
A monarquia parlamentar que foi instalada então a partir de Maria II e William III eventualmente passaria para a Casa de Hanôver devido às diversas falhas reprodutivas sofridas por Maria II e pela rainha Ana. Em paralelo, James Stuart seria aclamado como monarca no exílio após a morte de seu pai, estabelecendo assim uma pretensão católica ao trono na Inglaterra e da Escócia.
Tendo como principais apoios estrangeiros as forças católicas de Espanha e França, o jacobitismo argumentava que o Parlamento não tinha direito de interferir com a sucessão dinástica. Sob essa premissa, duas invasões estrangeiras seriam tentadas em 1715 e 1746. Nas próprias Inglaterra e Escócia, os súditos católicos ansiavam pelo fim do que entendiam como opressão protestante, participando de uma série de revoltas menores ocorridas entre 1688 e 1746, principalmente após a Casa de Hanôver ter ascendido ao trono em 1707.
Chamado de James III por seus apoiadores, o “Velho Pretendente” faleceu em 1766. Sua pretensão seguiu por seu filho, Carlos III, o “Jovem Pretendente”, que liderou a última rebelião jacobita. Ocorrida em 1746, ela teve seu ápice durante a batalha de Culloden, que terminou com uma vitória Hanôver. À partir daí, uma restauração da Casa Stuart no trono inglês deixou de ser uma possibilidade viável, embora esta pretensão católica tenha continuado a ter representantes por séculos. Atualmente, os jacobitas reconhecem Francisco II, da Casa Wittelsbach, como o legítimo detentor do trono inglês.
Bibliografia:
http://jacobite.ca/
https://mapadelondres.org/o-que-foi-a-revolucao-gloriosa/
https://www.britroyals.com/kings.asp?id=james2
https://bibliot3ca.com/jacobitismo-irlandes-e-maconaria/
https://caminhocelta.blogspot.com/2011/03/historia-da-escocia.html
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