Amador Bueno da Veiga

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Amador Bueno da Veiga (1650-1719) foi um bandeirante e comandante paulista na Guerra dos Emboabas. Era bisneto de Amador Bueno da Ribeira (1584-1649), conhecido como “Aclamado” por ter protagonizado o malogrado projeto de coroação como rei paulista pela população pró-castelhana, em 1641, curioso episódio pertencente ao contexto da Restauração portuguesa.

Era descendente de importantes bandeirantes, tais como Anhanguera (pai) e Bartolomeu Bueno, o Moço. É bisavô da ativista política e poetisa Bárbara Heliodora (1759-1819), uma importante personagem da Inconfidência Mineira.

Em 1704, Amador Bueno da Veiga propôs a abertura de um novo caminho de São Paulo às Minas, alegando que a rota era “incapaz de cavalgaduras e gados obrigando a uma viagem de três meses por matas estéreis de mantimentos silvestres." Pedia prazo de um ano e oferecia um caminho mais rápido e que permitisse a condução de gente, gado e carregamentos.

Esta foi a segunda tentativa fracassada de refazer o Caminho Novo (assim eram chamadas as estradas reais que davam acesso à região das Minas Gerais), já que o governador fluminense proibiu qualquer obra. A terceira proposta viria em 1705, por Félix de Gusmão, e também foi recusada.

Ascenção Política

Em 1709, no ano final dos conflitos entre paulistas e emboabas, realizou-se grande assembleia popular na qual os paulistas elegeram Amador Bueno da Veiga como “cabo-maior e defensor da pátria”. Pelo nascimento e fortuna, Amador era um dos mais notáveis cidadãos paulistanos. Como comandante chefe do exército paulista, marchou para o rio das Mortes, em Minas, para vingar a morte dos concidadãos pelos portugueses no episódio mais conhecido da Guerra dos Emboabas (1707-1709), no “Capão da Traição”.

Tal episódio ocorreu quando um grupo paulista escondido foi cercado pelas tropas emboabas e se rendeu sob a promessa de garantia de vida. Com as armas já entregues, Bento do Amaral Coutinho, comandante do exército emboaba, mandou assassinar o grupo, cerca de 300 paulistas. Os paulistas ainda tentaram um último grande ataque sob o comando de Amador, mas logo foram derrotados. Com a perda de um significativo território na região das Minas Gerais, vários paulistas começaram a procurar ouro em outros territórios e, logo, chegaram às descobertas auríferas do Centro-Oeste.

Ainda no ano de 1709, Amador recebeu a mercê de juiz de órfãos de São Paulo, pelo Marquês de Cascás, donatário da capitania de São Vicente. Chegou a tomar posse, mas não exerceu o seu ofício por desistência. Em 14 de novembro de 1709, aceitou o referido cargo de comandante do exército paulista e como recompensa obteve vastas terras, no território que é hoje Taubaté, em São Paulo.

Conforme as declarações de Antônio Luís Peleja (primeiro ouvidor de São Paulo), Amador conseguiu que lhe fossem atribuídos importantes cursos de rio com abundância de ouro, em Bento Rodrigues, Ouro Preto. Possuía, ainda, muitas roças de cultivo de trigo e uma significativa quantidade de índios e negros escravizados que lhe rendiam lucros e incontáveis arrobas de ouro: “até mantivera em casa, durante vários meses, um ourives para fundir e cunhar o ouro referido, ou para transformá-lo em joias e objetos preciosos. Segundo o jesuíta Antonil (1649-1716), Amador Bueno conseguiu, pelo menos, oito arrobas de ouro (aproximadamente 118kg) nas margens dos rios Ouro Preto e Ribeirão.

Após a Guerra dos Emboabas, Amador dedicou-se ao desbravamento dos sertões dos rios Mogi-Guassu e Pardo, em cujas margens faleceu em novembro de 1719, aos 59 anos.

Referências:

MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra. Índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo, Companhia das Letras, 1998.

TAUNAY, A. História geral das bandeiras paulistas. São Paulo, H. L. Canton, 1924-50.

VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil colonial (1500-1800). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

CARVALHO, Franco. Bandeiras e bandeirantes de São Paulo. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1940

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