Budismo é uma doutrina religiosa, filosófica e espiritual e tem como preceito a reencarnação do ser humano de forma a prender-nos aos sofrimentos do mundo material.
O budismo representa uma atitude perante o mundo, uma técnica de comportamento. Seus seguidores aprendem a desapegar-se de tudo o que é transitório, o que resulta numa espécie de auto suficiência espiritual.
No universo budista, o qual não possui início ou fim, o Nirvana seria o estágio ideal, mas esse não pode ser ensinado, apenas percebido.
O Carma é assunto de destaque no Budismo. Segundo esta ideia, as boas e más ações (surgidas da intenção mental) trarão consequências nas próximas reencarnações, para as quais não há salvação divina.
Portanto, o Renascimento, processo em que passamos por vidas sucessivas, é justamente o ciclo que se busca romper ao ascender às moradas mais puras.
Este ciclo vicioso de sofrimento é chamado "Samsara" e é regido pelas leis do Carma.
Dessa forma, o caminho pretendido no Budismo é o “Caminho do Meio”, ou seja, a prática do não-extremismo, tanto físico quanto moral.
O Buda não é para os seguidores da doutrina um ente particular, mas um título dado a um mestre budista ou a todos os que alcançaram a realização espiritual do budismo. Assim, Buda, em hindu, quer dizer "o Iluminado".
No ano de 563 nascia na Índia, Siddhartha Gautama. A vida de Buda pode ser resumida em nascimento, maturidade, renúncia, busca, despertar e libertação, o ensino e a morte.
Estátua de Siddhartha Gautama
De família aristocrata, culto, se viu chocado quando descobriu a realidade de seu país.
Os principais problemas eram a miséria, a fome e o flagelo dos ascetas, que se mortificavam em jejum rigoroso.
A perplexidade de Gautama diante dos males do mundo foi pouco a pouco evoluindo.
Raspou a cabeça em sinal de humildade, trocou suas suntuosas roupas pelo despretensioso traje alaranjado, e lançou-se ao mundo em busca de explicações para o enigma da vida.
Novato em questões espirituais o andarilho juntou-se aos ascetas para aprender com eles qual o meio melhor de chegar às verdades superiores.
Mas, como não aprendeu nada com o estômago vazio, perdeu a fé no sistema.
Gautama escolheu a sombra de uma sagrada figueira e passou a meditar, permanecendo assim até esclarecer todas as suas dúvidas.
Durante esse tempo, ocorreu o despertar espiritual que ele tanto procurava. Sua confusão se desfez.
Iluminado por um novo entendimento de todas as coisas da vida, rumou para a cidade de Benares, à margem do rio Ganges. Sua ideia era transmitir aos outros o que lhe acontecera.
Nos 45 anos que pregou sua doutrina, por todas as regiões da Índia, o Buda mencionou sempre as "Quatro Verdades" e as "Oito Trilhas".
Além disso, acrescentou o resumo de todo o seu pensamento - a Regra de Ouro:
"Tudo o que somos é resultado do que pensamos".
Após sua morte, foi realizado um concílio que definiu os preceitos budistas, dos quais prevaleceu a Theravada.
Monges Budistas
Os ensinamentos de Gautama, proferidos no parque da cidade de Benares, definiu os caminhos a seguir para chegar à sabedoria da moderação e da igualdade.
Antes de tudo, segundo ele, é reconhecer que a dor é universal e que sua causa reside no desejo de coisas que não podem satisfazer o espírito.
O sofrimento extingue-se quando o homem renuncia a esses desejos. Isso porque a raiz desses desejos se origina da ignorância sendo a sabedoria o melhor caminho para dominar a dor.
Com essas "Quatro Verdades Nobres", o homem dispõe dos elementos básicos para enveredar pela "Senda das Oito Trilhas".
Dele exigirão pureza de fé, de vontade, de linguagem, de ação, de vida, de aplicação, de memória e de meditação.
Da terceira e quarta trilhas os seguidores de Buda, mais tarde extraíram cinco preceitos, parecidos com os mandamentos judaico cristão, pois aconselhavam a não matar, não roubar, não cometer atos impuros e não mentir. E também não beber líquidos inebriantes.
O espírito pacifista dos budistas era "O ódio não termina com o ódio, mas com o amor", dizia Gautama.
Quatro são as escolas budistas mais conhecidas:
Prevalece nelas o caminho da libertação pelas Três Joias:
Nesta comunidade, é seguido o Theravada (mais ascético) e Mahayana (mais popular).
Ademais, seguem também as “Quatro Nobres Verdades” de Buda:
Durante os três séculos que se seguiram depois da morte de Gautama, o budismo propagou-se pela Índia. Ele acabou tendo mais adeptos que o próprio hinduísmo, a religião tradicional do país.
Mas, após se alastrar pela Ásia toda, desapareceu do país de origem, cedendo lugar ao hinduísmo. No decorrer da expansão, levado pela rota comercial da seda, atravessou todo o Oriente.
A doutrina original diferenciou-se, tornou-se menos rigorosa, adaptou-se às necessidades espirituais da gente simples. Essa forma de budismo denominou-se mahayana, ou "veículo maior".
No Tibete a doutrina fundiu-se com a antiga religião bon-po, derivando-se depois para o lamaísmo.
Na Birmânia, Tailândia, Laos, Cambodja, Ceilão e Vietnã, o budismo permaneceu ortodoxo, sendo chamado hinayana, ou o veículo menor.
Gradualmente, peregrinos chineses e monges budistas hindus começaram a cruzar as montanhas, como missionários.
Um dos peregrinos Hsuan-Tsang, deixou a China em 629, atravessando o deserto de Gobi e chegou à Índia. Ali, durante 16 anos recolheu dados sobre o budismo e escreveu, segundo a tradição, mais de mil volumes.
Imperava na China a dinastia Tsang e milhares de pessoas se converteram ao budismo.
Entre as outras religiões, o confucionismo, o taoismo, o zoroastrismo, o budismo era a que apresentava conceitos mais profundos e com o tempo ramificou-se em muitas seitas.
Por volta do século VII, o budismo chegou à Coreia e ao Japão, que após a conversão do príncipe Shotoku Taishi, foi feito religião nacional.
No século seguinte, o budismo chegou ao Tibete, mas já bastante mudado. Foi introduzido por Padma Sambhava, monge budista hindu.
A religião oficial já estava em franca decadência. Ela se fundiu facilmente com os novos conceitos e surgiu o lamaísmo.
Esse transformou o Tibete em Estado teocrático, governado pelos Dalai e Panchen Lamas - monges lamaístas considerados reencarnação de santidades.
O budismo entrou na Europa em 1819, onde o alemão Arthur Schopenhauer desenvolveu novos conceitos, muito próximos do budismo.
Em 1875 foi fundada a Sociedade Teosófica, que encorajou as pesquisas sobre as religiões asiáticas.
O budismo se expandiu pelo mundo e existem templos budistas em diversos países da Europa, das Américas e na Austrália.
Líderes budistas levam pelo mundo seus conceitos de vida, adaptando-se em cada sociedade.
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