A “Crise de 1929”, também conhecida como “A Grande Depressão”, foi a maior oscilação econômica que o capitalismo já sofreu em sua história, abalando inclusive os alicerces do liberalismo clássico que o regia.
Esta crise teve início em meados de 1929, e teve como epicentro os Estados Unidos. Ela espalhou-se por todas as economias capitalistas, perdurou por cerca de uma década e teve amplos desdobramentos (sociais, políticos, etc).
As principais causas da crise de 1929 estão ligadas a desregulamentação quase total da economia, o que permitiu uma superprodução, principalmente de gêneros alimentícios e produtos industriais.
Contudo, a capacidade de consumo da população não absorvia esse crescimento, gerando grandes estoques de produtos.
Ao perceber a diminuição do consumo, o setor produtivo passou a investir e produzir menos, compensando seus déficits com a demissão de funcionários.
O resultado óbvio foi o desemprego (generalizado) ou a redução salarial. O ciclo vicioso se completou quando, devido à falta de renda, o consumo caiu ainda mais, forçando uma diminuição nos preços.
Como a Grande Depressão provocou uma onda de desemprego e bancarrotas (até 30% entre a força produtiva nos Estados Unidos), muitos bancos que emprestaram dinheiro faliram por não serem pagos, diminuindo assim a oferta de crédito. Com isso, muitos empresários faliram, encerrando mais postos de trabalho.
Os países mais atingidos foram também as economias capitalistas mais desenvolvidas, dentre elas os Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Itália e o Reino Unido. Em alguns destes países, os efeitos da crise econômica fomentaram a ascensão de regimes totalitários.
Na União Soviética, onde a economia em vigor era socialista, pouco foi afetado. Nos países em processo de industrialização, com destaque para a América Latina, a economia agroexportadora foi a mais afetada pela redução das exportações de matérias-primas.
Contudo, estas nações puderam assistir um incremento em suas indústrias, devido à diversificação de investimentos neste setor.
Como legado, a crise de 1929 deixou-nos a lição da necessidade do intervencionismo e do planejamento estatal da economia, bem como da obrigação do Estado em prover assistência social e econômica aos mais afetados pelas crises do capitalismo.
Para saber mais:
Terminada a Primeira Guerra Mundial (1918), os parques industriais e plantações pela Europa estavam destruídos, permitindo aos EUA produzirem e exportarem em larga escala para o mercado europeu.
Essa relação gerou certa interdependência comercial, que foi perturbada na medida em que a economia europeia se recuperava e passava a importar menos.
Esta situação se consolida a partir de 1920, quando os estoques estadunidenses começam a ficar abarrotados.
Paralelamente, em meados de 1920, os investimentos em ações da bolsa de valores também aumentam, uma vez que estas ações eram artificialmente valorizadas para parecerem vantajosas.
Contudo, como se tratava de especulação financeira, as ações não possuíam cobertura financeira e milhões de norte-americanos que investiram seu dinheiro na Bolsa de Valores de Nova York faliram quando a “bolha de crédito” e superprodução estourou.
Como agravante, o governo dos EUA inicia uma política monetária para reduzir a inflação (aumento de preços), quando deveria combater uma crise econômica provocada pela deflação econômica (queda nos preços).
Assim, como os EUA, considerado o país mais rico do planeta, não consegue sustentar o “American Way of Life” (estilo de vida americano), um efeito dominó começa a se espalhar pelo mundo.
Primeiramente, a economia norte-americana, principal credora internacional, passa a reivindicar a repatriação de seus bens, emprestados às economias europeias durante a guerra e reconstrução.
Este fator, somado á retração nas importações dos EUA (principalmente de produtos europeus), torna difícil o pagamento das dívidas, levando assim a crise aos outros continentes.
Esta crise já era perceptível em 1928, se observada a queda brusca e generalizada nos preços dos produtos agrícolas no mercado internacional.
O grande estopim ocorreu em 24 de outubro de 1929, numa quinta-feira batizada “negra” (“Quinta-Feira Negra”), quando a Bolsa de Valores de Nova York quebra, devido a grande oferta e queda abrupta no preço das ações.
Isso provocou um efeito em cadeia, derrubando as bolsas de Tóquio, Londres e Berlim na sequência. O prejuízo foi milionário e sem precedentes históricos.
Na sequência, estoura a crise financeira, posto que as pessoas, em pânico, sacaram todos seus valores depositados nos bancos, o que provocou seu colapso imediato. Assim, de 1929 até 1933, a crise só se agravou.
Todavia, em 1932, Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente dos EUA e deu início a um plano econômico denominado (propositalmente) "New Deal" ou seja, o “Novo Acordo”, o qual passou a vigorar em 1933 e lentamente recuperou a economia norte-americana.
Mesmo assim, em 1940 a taxa de desempregados estadunidenses era de 15%. Esta situação foi finalmente resolvida com a Segunda Guerra Mundial, quando a economia capitalista mundial se recupera.
Ao fim da guerra, apenas 1% dos norte-americanos produtivos estavam desempregados e a economia estava a pleno vapor.
O plano econômico do New Deal foi o principal responsável pela recuperação econômica dos EUA, sendo adotado como modelo por outras economias em crise.
Na prática, este programa do governo previa a intervenção direta do Estado na economia, controlando a produção industrial e agrícola.
Concomitantemente, projetos federais de obras públicas foram realizados com foco na construção de estradas, ferrovias, praças, escolas, aeroportos, portos, hidroelétricas, casas populares. Assim, foram criados milhões de empregos, fomentando a economia pelo consumo.
VEJA TAMBÉM: American Way of Life Juliana BezerraBacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.Show life that you have a thousand reasons to smile
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