Economia do Brasil

A economia brasileira é considerada, em 2018, a nona economia mundial e a primeira da América Latina, segundo dados do FMI. O PIB do Brasil é estimado em 2,14 trilhões de dólares.

O país atingiu o posto de sétima economia mundial em 1995 e se manteve entre as dez primeiras economias desde então.

Importante lembrar que os indicadores econômicos não refletem, necessariamente, bons indicadores sociais.

Economia do Brasil Atual

A economia brasileira atual é diversificada e abrange os três setores: primário, secundário e terciário. O País há muito abandonou a monocultura ou o direcionamento unicamente para um tipo de indústria.

Hoje, a economia brasileira é baseada na produção agrícola, o que faz do Brasil um dos principais exportadores de soja, frango e suco de laranja do mundo. Ainda é líder na produção de açúcar e derivados da cana, celulose e frutas tropicais.

Igualmente, possui uma importante indústria de carne, com a criação e abate de animais, ocupando o posto de terceiro produtor mundial de carne bovina.

Confira os dados da EcoAgro, de 2012, sobre a agroindústria brasileira:

Em termos de indústria de transformação, o Brasil se destaca na produção de peças para abastecimento dos setores automotivos e aeronáuticos.

Da mesma forma é um dos principais produtores de petróleo do mundo, dominando a exploração de petróleo em águas profundas. Mesmo assim é destaque na produção de minério de ferro.

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História da Economia Brasileira

O primeiro mercado a ser explorado no território da América por Portugal foi o pau-brasil (Caesalpinia echinata).

A árvore era encontrada em abundância na costa e através dela, o Brasil recebeu este nome. Esta espécie tem porte médio, chega a atingir 10 metros de altura e possui muitos espinhos.

De floração amarela, o pau-brasil tem um tronco avermelhado que após o processamento era utilizado como corante para tecidos.

A história econômica do Brasil pode ser estudada através de ciclos econômicos. Estes foram elaborados pelo historiador e economista Caio Prado Jr.(1907-1990) como uma tentativa de explicar os caminhos da economia brasileira.

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Ciclo do Pau-Brasil

O pau-brasil era encontrado na maior parte da costa do litoral brasileiro, numa faixa que ia do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. A extração era feita por mão de obra indígena e obtida através do escambo.

Além do uso para a extração de corante, o pau-brasil era útil na produção de utensílios em madeira, na confecção de instrumentos musicais e empregado na construção.

Três anos após o descobrimento, o Brasil já contava com um complexo de extração da madeira.

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Ciclo da Cana-de-Açúcar

Após o esgotamento da oferta de pau-brasil - que ficou praticamente extinto - os portugueses passaram a explorar a cana-de-açúcar na sua colônia da América. Este ciclo durou mais de um século e teve impacto significativo na economia colonial.

Os colonizadores instalaram engenhos para a produção de açúcar no litoral que era feito através de mão de obra escrava. Os engenhos estavam localizados em todo nordeste, mas principalmente em Pernambuco.

Como havia dificuldades em dominar a logística da exploração da cana-de-açúcar, o suporte para a indústria açucareira foi obtido junto aos holandeses, que passaram a responsáveis pela distribuição e comercialização do açúcar ao mercado europeu.

Aspecto de um engenho de cana de açúcar retratado por Bento Calixto

Entre as consequências deste cultivo está o desmatamento da costa brasileira e a chegada de mais portugueses para participar dos imensos lucros gerados na colônia portuguesa. Igualmente há a importação de africanos como escravos para trabalhar nos engenhos.

Como monocultura, a exploração da cana era baseada na estrutura de latifúndios - grandes propriedades de terra - e no trabalho escravo. Este era sustentado pelo tráfico negreiro, dominado pela Inglaterra e por Portugal.

Os colonizadores também se dedicavam a outras atividades econômicas como buscar metais preciosos. Isto levou expedições, conhecidas como entradas e bandeiras, ao interior da colônia a fim de encontrar ouro, prata, diamantes e esmeraldas.

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Ciclo do Ouro

A busca por pedras e metais preciosos teve o ápice no século XVIII, entre 1709 e 1720, na capitania de São Paulo. Nesta época, esta região comportava o que é hoje Paraná, Minas Gerais, Goiás e o Mato Grosso.

A exploração dos metais e pedras preciosas foi impulsionada pelo declínio da atividade canavieira, em franca decadência após os holandeses iniciarem o plantio de cana em suas colônias da América Central.

Com a descoberta de minas e pepitas nos rios de Minas Gerais tem início o chamado ciclo do ouro. A riqueza que vinha do interior do País influenciou na transferência da capital, antes em Salvador, para o Rio de Janeiro, a fim de controlar a saída do metal precioso.

A Coroa Portuguesa sobretaxou os produtos da colônia e cobrava impostos, denominados quinto, derrama e capitação eram pagos nas Casas de Fundição.

O quinto correspondia a 20% de toda a produção. Já a derrama representava 1,5 mil quilos de ouro que deveriam ser pagos a cada ano sob pena de penhor compulsório dos bens dos mineradores. Por sua vez, a capitação era a taxa correspondente a cada escravo que trabalhava nas minas.

A insatisfação dos colonos com a cobrança de impostos, considerada abusiva, culminou no movimento denominado Inconfidência Mineira, em 1789.

A busca pelo ouro influenciou o processo de povoamento e ocupação da colônia, alargando os limites do Tratado de Tordesilhas.

Este ciclo perdurou até 1785 coincidindo com o começo da Revolução Industrial na Inglaterra.

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Ciclo do Café

O ciclo do café foi o responsável pelo impulso à economia brasileira do início do século XIX. Esse período foi marcado pelo intenso desenvolvimento do país, com a expansão de estradas de ferro, a industrialização e a atração de imigrantes europeus.

O grão, de origem etíope, era cultivado por holandeses na Guiana Francesa e chegou ao Brasil em 1720, sendo cultivado no Pará e depois Maranhão, Vale do Paraíba (RJ) e São Paulo. As lavouras de café também se espalharam por Minas Gerais e Espírito Santo.

As exportações começaram em 1816 e o produto liderou a pauta exportadora entre 1830 e 1840.

A grande parte da produção estava no estado de São Paulo. A elevada quantidade de grãos favoreceu a modernização de modais de transporte, notadamente ferroviário e portuário.

O escoamento era feito pelos portos do Rio de Janeiro e Santos, que receberam recursos para adequação e melhorias.

Nesse momento histórico, a mão de obra escrava havia sido abolida e os fazendeiros não quiseram aproveitar os trabalhadores libertos, a maioria das vezes por preconceito.

Assim houve necessidade de arranjar mais braços para a lavoura, condição que atraiu imigrantes europeus, com destaque para os italianos.

Após quase cem anos de prosperidade, o Brasil começou a enfrentar uma crise de superprodução: havia mais café para vender do que compradores.

Do mesmo modo, ocorre o fim do ciclo cafeeiro em consequência da quebra da bolsa de Nova York, em 1929. Sem compradores, a indústria cafeeira diminuiu de importância no cenário econômico brasileiro a partir dos anos 50.

A queda da produção do café também significou um marco para o país no que tange à diversificação da base econômica.

A infraestrutura, antes utilizada para o transporte de grãos, foi o suporte para a indústria, que passa a manufaturar produtos de elaboração simplificada, como tecidos, alimentos, sabão e velas.

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Economia e Industrialização Brasileira

O governo de Getúlio Vargas (1882-1954) passa a incentivar a instalação da indústria pesada no Brasil como a siderurgia e a petroquímica.

Isso provocou o êxodo rural em vários pontos do país, sobretudo no nordeste, onde a população fugia da decadência rural.

As medidas em benefício da indústria foram favorecidas pela eclosão da Segunda Guerra Mundial. Ao fim do conflito, em 1945, a Europa estava devastada e o governo brasileiro investe num moderno parque industrial para se auto abastecer.

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Metas de Kubitschek

A indústria passa a ser o centro das atenções no governo de Juscelino Kubitschek (1902-1976), que implanta o Plano de Metas, batizado de 50 anos em 5. JK previa que o Brasil cresceria em 5 anos o que não havia crescido em 50.

O Plano de Metas indicava os cinco setores da economia brasileira para onde os recursos deveriam ser canalizados: energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação.

Fazia parte também a construção de Brasília e, posteriormente, a transferência da capital do país.

Milagre Econômico

Durante a ditadura militar, os governos abrem o país a investimentos estrangeiros que impulsionam a infraestrutura. O Brasil vive, entre 1969 e 1973, o ciclo denominado Milagre Econômico, quando o PIB cresce 12%.

É nessa fase que são construídas obras de grande impacto, como a ponte Rio-Niterói, a hidrelétrica de Itaipu e a rodovia Transamazônica.

No entanto, essas obras eram caras e também causam a tomada de empréstimos a juros flutuantes. Assim, se vivia uma inflação de 18% ao ano e o crescente envidamento do País, a despeito da geração de milhares de empregos.

O Milagre Econômico não possibilitou o desenvolvimento pleno, pois o modelo econômico privilegiou o grande capital e a concentração de renda aumentou.

Por parte do setor primário, a produção de soja já era a partir da década de 70 a principal commodity de exportação.

Ao contrário de culturas como o café, que demandavam abundante mão de obra, o cultivo da soja é marcada pela mecanização, o que gera desemprego no campo.

Ainda na década de 70, o Brasil é fortemente impactado pela crise do mercado internacional do petróleo, que faz o preço dos combustíveis subirem.

Dessa forma, o governo estimula a criação do álcool como combustível alternativo à frota de veículos nacionais.

A Década Perdida - 1980

O período é marcado pela insuficiência de recursos da União para o pagamento da dívida externa.

Ao mesmo tempo, o País precisava adaptar-se aos novos paradigmas da economia mundial, que previa inovações tecnológicas e pelo crescimento da influência do setor financeiro.

Nesse período, 8% do PIB nacional é direcionado ao pagamento da dívida externa, a renda per capita fica estagnada e a inflação aumenta vertiginosamente.

Há, desde então, uma sucessão de planos econômicos para tentar conter a inflação e retomar o crescimento, sem sucesso. Por isso, os economistas chamaram os anos 80 de "década perdida".

Observe a evolução do PIB do Brasil de 1965 a 2015:

Dívida Externa e Economia Brasileira

No final do governo militar, a economia brasileira dava sinais de desgaste por conta dos altos juros cobrados para pagar a dívida externa. O Brasil, assim, passou a ser o maior devedor entre os países em desenvolvimento.

O PIB despencou de um crescimento de 10,2% em 1980 para 4,3% negativos em 1981, como atesta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A solução foi fazer planos econômicos que visassem estabilizar a moeda e controlar a inflação.

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Planos Econômicos

Com a economia em forte recessão, dívida externa e perda do poder de compra, o Brasil lançava mãos de planos econômicos para tentar recuperar a economia.

Os planos econômicos tentavam desvalorizar a moeda a fim de conter a inflação. Entre 1984 e 1994, o País teve várias moedas diferentes:

MoedaPeríodo
CruzeiroAgosto de 1984 e fevereiro de 1986
CruzadoFevereiro de 1986 e janeiro de 1989
Cruzado NovoJaneiro de 1989 e março de 1990
CruzeiroMarço de 1990 a 1993
Cruzeiro RealAgosto de 1993 a Junho de 1994
RealDe 1994 até o presente momento

Plano Cruzado

A primeira medida de intervenção econômica ocorre quando assume o presidente José Sarney, em janeiro de 1986. O ministro da Fazenda Dilson Funaro (1933-1989) lança o Plano Cruzado no qual estava previsto o controle da inflação por meio do congelamento de preços.

Ainda houve os planos Bresser, em 1987 e o Verão, em 1989. Ambos não conseguiram deter o processo inflacionário e a economia brasileira seguia estagnada.

Plano Collor

Com a eleição de Fernando Collor de Mello, em 1989, o Brasil adotaria ideias neoliberais, onde abrir a economia nacional era a prioridade.

Igualmente estavam previstas as privatizações de empresas públicas, redução com o funcionalismo público e aumento da participação de empresários privados em vários setores econômicos.

No entanto, devido aos escândalos de corrupção, o presidente se viu envolvido num processo de impeachment que lhe custou o cargo presidencial.

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Plano Real

O Brasil contou com 13 planos de estabilização econômica. O último deles, o Plano Real, previa a troca da moeda para o Real a partir de 1º e julho de 1994, durante o governo de Itamar Franco (1930-2011).

A implantação do plano ficou sob o comando do ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. O Plano Real previa o controle efetivo da inflação, o equilíbrio das contas públicas e o estabelecimento de um novo padrão monetário, atrelando o valor do real ao dólar.

Desde então, o Brasil entrou numa era de estabilidade monetária que se manteria pelo século XXI.

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Juliana BezerraBacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
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