Formulado pelo naturalista britânico Charles Darwin, o gradualismo (ou gradualismo filético) é uma ideia que defende que a evolução se dá por meio de pequenas transformações no decorrer de diversas gerações dos seres vivos, configurando, portanto, um processo evolutivo lento e contínuo.
Darwin propôs essa hipótese em seu livro “A origem das espécies”, lançado em 1859. Até então, predominava o pensamento religioso, segundo o qual todos os seres vivos foram criados pela divindade, com as mesmas características que apresentam hoje. O naturalista, no entanto, acreditava que os seres vivos passavam por mudanças sucessivas de uma geração para outra, e tais mudanças eram responsáveis pelas significativas diferenças entre as espécies.
Após ser formulada, a teoria do gradualismo influenciou o pensamento evolutivo durante muitas décadas, até ser questionada por outros cientistas. O primeiro questionamento acerca do gradualismo surgiu através da análise de fósseis, que não apresentavam uma sequência gradativa de alterações dos mais antigos para os mais recentes, como seria de acordo com a ideia de Darwin. Em poucos casos, existiam, sim, algumas mudanças graduais dos fósseis, porém, a análise mostrava uma grande intermitência, com o surgimento aparentemente repentino de novas variedades ao longo do processo evolutivo.
Para os defensores do gradualismo, os fósseis não mostravam mudanças graduais porque o próprio documentário fóssil é incompleto, visto que a fossilização é um processo relativamente raro, lento e complexo. Para outros, porém, o registro fóssil é verídico e demonstra o que ocorreu efetivamente, ou seja, é um prova de que a evolução não acontece de maneira gradual.
Depois disso, o gradualismo foi questionado quanto ao número de espécies diferentes existentes hoje. Se a evolução realmente ocorresse de forma contínua e gradual, os seres vivos deveriam apresentar mais semelhanças entre si. É fato que muitas espécies se assemelham, todavia, cada uma delas é única, apresentando particularidades que as diferenciam umas das outras.
Com base nesses e em outros argumentos, os paleontologistas estadunidenses Niles Eldredge e Stephan Jay Gould propuseram a teoria do equilíbrio pontuado (ou saltacionismo), que afirma que os seres vivos atravessam longos períodos de evolução lenta, sem modificações significativas em suas características, seguidos de períodos curtos de grandes transformações. Aqueles que defendiam a teoria do equilíbrio pontuado afirmavam que esse pensamento científico explica a descontinuidade percebida no registro fóssil, bem como a existência de tantas espécies diferentes.
Hoje em dia, existem cientistas que defendem o gradualismo, enquanto outros, contrariamente, acreditam que grandes mudanças evolutivas ocorrem de maneira relativamente rápida. Isso contribui para a discussão acerca de como os processos evolutivos provocaram a diversificação da vida.
Referência bibliográfica: AMABIS, José Mariano, MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia volume 3. São Paulo: Moderna, 2004.
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