Guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai foi um conflito armado ocorrido entre os anos de 1864 e 1870.

Os países envolvidos foram o Paraguai, o Brasil, a Argentina e o Uruguai.

Causas da Guerra do Paraguai

O Paraguai, junto com a Argentina e o Uruguai, formam a região platina, banhada por três rios importantes: Paraná, Paraguai e Uruguai.

Estes rios se comunicam permitindo uma intensa vida comercial, onde escoava a prata extraída do Peru e da Bolívia, nos tempos coloniais. No século XIX, era a principal via que o Paraguai tinha para exportar suas mercadorias.

Desde sua independência, em 1811, o Paraguai procurou se isolar dos conflitos regionais como a Guerra da Cisplatina, em 1825-1827.

Ao assumir a presidência, na década de 1860, o ditador Solano López (1827-1870) continuou a política econômica nacionalista de seus antecessores.

Antes da guerra, o Paraguai era um país agrário. No entanto, tinha uma incipiente indústria que consistia em usinas, estaleiros, siderúrgicas, estradas de ferro, telégrafo, fábricas de armas e de pólvora, etc.

Situação do Uruguai

Quando o Uruguai conquista sua independência em 1825, o país foi dividido entre duas facções políticas: blancos (brancos) e colorados (vermelhos). Brasil e Argentina, a fim de mater sua influência dentro deste país, apoiavam os colorados.

Em 1864, a coalisão entre os dois partidos se desfez e os colorados tramaram para tentar tirar do poder o chefe desta aliança, Bernardo Berro.

Os colorados pedem ajuda ao Brasil que envia tropas para o Uruguai. Também contam com a ajuda de Bartolomeu Mitre, presidente da Argentina. Por sua parte, os blancos receberam o apoio de Solono López e dos inimigos de Mitre.

Devido a superioridade bélica, os colorados conseguiram derrotar os blancos em 1864. No entanto, Solano López atravessa o território argentino para atacar os brasileiros e isto seria um dos fatos levaria ao começo da Guerra do Paraguai.

Início da Guerra

Mapa da Guerra do Paraguai

Em novembro de 1864, Solano López mandou aprisionar o navio brasileiro Marquês de Olinda, que passava pelo Paraguai em direção ao Mato Grosso.

Apesar de ser um navio mercante, Solano López desconfiava que havia armas escondidas nos porões. Logo em seguida atacou a cidade de Dourados, também no Mato Grosso.

No ano seguinte, tropas paraguaias atravessaram o território argentino - sem autorização das autoridades argentinas - e conquistaram o Rio Grande do Sul. Meses depois, o território seria retomado na Batalha do Riachuelo.

Tratado da Tríplice Aliança

Diante disso, o governo brasileiro propõe aos vizinhos, Argentina e Uruguai, a assinarem um tratado de ajuda mútua contra Solano López.

Em 1º de maio é formalizado o Tratado da Tríplice Aliança entre os três países que deveriam fornecer tropas e recursos para lutar contra o exército paraguaio. As tropas aliadas ficariam sob comando do presidente argentino, Bartolomeu Mitre.

Principais Batalhas

Batalha de Tuiuti - em 24 de maio de 1866, travou-se a Batalha de Tuiuti, que deixou um saldo de 10 mil mortos. Depois de vitorioso nessa batalha, o general Osório deixou o comando das forças brasileiras e foi substituído pelo Marquês de Caxias.

Retirada da Laguna - em 1867, tropas brasileiras tentaram libertar parte do Mato Grosso, que estava em mãos paraguaias. Uma coluna partiu de Minas Gerais, mas foi derrotada pelas tropas de López, num epsódio conhecido como a Retirada da Laguna. A Argentina e o Uruguai, sem condições de sustentar o conflito bélico, retiraram-se da guerra.

Batalha de Humaitá - Caxias foi o responsável por uma série de vitórias militares que tinha como objetivo conquistar o forte de Humaitá e assim avançar no território paraguaio.

Dezembrada - é o conjunto das batalhas de Itororó, Avaí, Angostura e Lomas Valentinas, em dezembro de 1868.

Voluntários da Pátria

Devido as baixas sofridas pelo Exército brasileiro, em 1865, o governo instituiu a criação de unidades militares chamadas de Voluntários da Pátria. O Imperador Dom Pedro II deu o exemplo e foi o primeiro a se alistar.

O governo prometia vantagens materiais como lotes de terra, dinheiro, pensão para as viúvas. Aos escravos também era feita a promessa que se alistassem e voltassem da guerra seriam libertos. Assim, muitos cativos engrossaram as fileiras do exército brasileiro para lutar pela própria liberdade.

No entanto, devido à baia adesão, o governo estipulou que cada província deveria enviar um certo número proporcional a sua população.

Igualmente, se usava todo tipo de artifício para eludir o alistamento. Quem possuía escravos mandava-os em seu lugar, e quem podia, pagava em dinheiro, para não precisar entrar no conflito.

Final do Conflito

Prisioneiros de guerra paraguaios em Assunção

Depois de conquistar Assunção, em janeiro de 1869, Caxias deixou o comando da guerra com o genro de D. Pedro II, o Conde D’Eu.

O novo comandante tinha ordens expressas do imperador para capturar Solano López vivo ou morto. Assim, diante da não rendição do exército paraguaio, o Conde D'Eu, empreendeu violenta perseguição a Solano López e seus soldados.

A luta só terminou com a morte do ditador paraguaio em Cerro Corá, em 1º de março de 1870, que foi morto por se recusar a se render. Era o fim da guerra.

Consequências da Guerra do Paraguai

A guerra deixou grandes prejuízos tanto no Brasil como no Paraguai, que foi arrasado. Aproximadamente 80% da população masculina foi dizimada e o que restou eram velhos, crianças e mutilados de guerra.

A guerra parou as indústrias e a população passou a viver basicamente da lavoura de subsistência. Perdeu parte do território para a Argentina e a dívida de guerra com o Brasil, só foi perdoada em 1943 por Getúlio Vargas.

Território do Paraguai após o conflito

Com relação ao Brasil, a guerra custou milhares de vidas e afetou bastante a economia, sendo necessário tomar vários empréstimos para manter o equilíbrio do país. Por outro lado, ao terminar a guerra, o Brasil tinha um exército vitorioso e modernizado.

A Inglaterra não participou diretamente da guerra e foi o único país a lucrar com ela, porque ampliou seus mercados e o Brasil aumentou sua dívida.

Infográfico sobre o saldo de mortos na Guerra do Paraguai

Curiosidades

  • No fim da guerra, Solano López ordenou que as crianças acima de 12 anos participassem das batalhas usando barbas postiças. Assim, a maioria foi assassinada pelo exército brasileiro.
  • Durante as celebrações de 150 anos da Guerra do Paraguai, em 2014, o bisneto de Solano López pediu ao governo brasileiro que devolvesse o "canhão cristão" feito com fundição de sinos das igrejas paraguaias. O canhão pode ser contemplado no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.

Leia mais:

  • Bacia do Paraguai
  • Paraguai
Juliana BezerraBacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.
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